Sombras do esquecimento| 18

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Matteo Lombardi

"O salto no vazio apagou todas as lembranças, deixando apenaso silêncio do esquecimento

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"O salto no vazio apagou
todas as lembranças,
deixando apenas
o silêncio do
esquecimento."
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Em um piscar de olhos, eu havia perdido de vista o meu bem mais precioso. O pânico me devorava enquanto eu corria, tentando alcançá-la. Quando finalmente consegui segurar suas mãos, tudo ao redor parecia desmoronar.

O frio da sua pele, a força do seu desespero, o abismo infinito abaixo de nós - tudo conspirava para arrancá-la de mim. Meus dedos escorregavam, lutando contra a inevitável separação, mas eu não podia deixá-la ir. Com cada grama de força que restava em meu corpo, puxei-a de volta, ignorando a dor que queimava em meus braços.

O vento sibilava ao nosso redor, como se quisesse arrancá-la de mim. Mas eu lutei contra a escuridão, recusando-me a ceder ao vazio que tentava nos engolir. Quando finalmente a trouxe de volta para a borda, o mundo ao nosso redor ainda parecia à beira do colapso.

O desespero em seus olhos era um reflexo do meu. Mas ela estava ali, segura, ainda que quebrada. E eu também estava quebrado, mas, de alguma forma, consegui mantê-la comigo. Vejo a sua cabeça escorrer um sangue, me fazendo preocupar imediatamente.

Seguro ela em meus braços, e a levo em direção a nossa casa. Eu preciso manter ela viva, eu não poderia perder ela sem antes ter a chance de dizer que eu a amo. São três palavras tão simples, que eu deveria ter falado antes de deixar o nosso casamento se desmoronar.

Porém, eu não podia perdê-la. Assim que chegamos ao hospital, ela foi rapidamente levada para o atendimento, e eu fiquei ali, com as roupas encharcadas e um desespero sombrio se apoderando de mim. As horas passaram como um tormento interminável, e eu aguardava com uma angústia crescente. O nervosismo me consumia, e até minhas roupas secaram, mas a escuridão interna permaneceu.

Finalmente, a médica apareceu no corredor, sua voz exausta e implacável cortando o silêncio:

- Algum familiar de Isabella Martini?

Levantei-me, meus passos pesados e vacilantes, e fui em direção a ela. Seus olhos, cansados e julgadores, se detiveram em mim - em minhas roupas agora secas, mas ainda manchadas de lama, e nas cicatrizes em meu rosto, fruto da corrida desesperada. Ela parecia analisar se eu era um homem atormentado ou uma ameaça disfarçada. Fiz o meu melhor para exibir uma expressão de medo e preocupação genuínos. O olhar dela, antes crítico, suavizou-se lentamente para uma expressão de pena.

- Sua esposa entrou em coma traumático... Ela ficará internada até sair do coma. - A médica falou com uma exaustão que indicava a brutal batalha travada para salvar Isabella.

- Quando minha esposa vai acordar? - perguntei, e minha voz traiu a dor e o desespero que se acumulavam em mim. Eu poderia ser um homem repleto de falhas e sombras, mas uma coisa era certa: o amor que sinto por Isabella é uma obsessão que desafia a razão. Se existe um Deus, então ela é o único fio de luz em minha escuridão.

AMOR DE DUAS CARASOnde histórias criam vida. Descubra agora