O dilema| 30

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Isabella Martini

Matteo sai do meu lado assim que pensa que estou dormindo

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Matteo sai do meu lado assim que pensa que estou dormindo. Eu sinto o calor desaparecer de seu corpo, e o som suave de seus passos pela casa é o suficiente para que eu abra os olhos. Meu coração acelera, como se já soubesse que essa noite tudo mudaria. Assim que ele cruza a porta, eu me levanto, sem hesitar. Visto uma blusa longa de frio, pego as chaves do carro e o sigo, tomando cuidado para não ser notada.

Cada quilômetro parece uma tortura. A dúvida queima no peito, mas não posso voltar atrás. Preciso salvar meu filho das mãos do irmão de Matteo, Alison. Sempre soube, no fundo, que Matteo se casou comigo por vingança. Eu sabia dos segredos obscuros que ele guardava, mas fui tola. Confiar em sua família? Eu quis acreditar que poderia escapar da trama sombria que me envolveu. Esqueci que até ele tinha um irmão, tão distante que quase parecia inexistente. Quis viver meu próprio conto de fadas, acreditando que, de alguma forma, encontraríamos um final feliz.

Mas escolhi o filme errado. E agora estou presa em um thriller de tortura. Cada palavra, cada gesto de Matteo, está se fragmentando na minha memória, deixando para trás apenas a dor. Será que algum dia ele me amou? Ou Allison sempre esteve certo, e eu deveria estar morta desde o começo?

Matteo para na casa de seu pai. A mansão está envolta em sombras, imponente e fria como sempre. Estaciono a uma distância segura, com as mãos tremendo no volante. Observo enquanto ele entra, sua silhueta desaparecendo nas portas pesadas. Como vou entrar ali sem ser vista? Penso em todas as maneiras que aquilo pode dar errado, mas a imagem do meu filho é tudo o que me impulsiona. Respiro fundo e espero pela troca dos guardas.

Depois de horas, a chance finalmente surge. Pulo o muro com o máximo de cuidado, mas uma dor aguda atravessa meu pé ao aterrissar do outro lado. Quase caio de dor, mas me forço a continuar. Meu corpo pode estar ferido, mas como mãe, não posso me dar ao luxo de parar agora. Cada passo é uma tortura, mas me aproximo da casa. Meu olhar se volta para as paredes de vidro, cobertas por cortinas pesadas. E então ouço as vozes.

- Você falhou na nossa vingança! - a voz do pai de Matteo ecoa, carregada de frustração e raiva.

Eu me aproximo mais, tomando cuidado para não ser vista, e consigo ouvir claramente a conversa.

- Matteo, você deveria ser meu e de mais ninguém! - a voz de Victória está cheia de rancor. Ela sempre foi uma sombra nos nossos dias, mas jamais pensei que seu ódio fosse tão profundo.

A raiva consome cada palavra dita, mas o que ouço a seguir faz meu coração parar.

- Eu falhei mesmo - Matteo responde, sua voz mais baixa, quase derrotada, mas com uma firmeza que me surpreende. - A minha piccola é o meu bem mais precioso... Eu sou viciado naquela mulher. Então, me matem, mas não toquem na minha família. Eu sou um homem quebrado graças a vocês. Achei que me vingar da família dela me libertaria, mas vocês... vocês nunca iriam me deixar livre.

Eu paro de respirar por um segundo. Ele... ele se importa comigo?

- Você escolhe - Alisson provoca, sua voz gélida. - Seu filho ou ela?

Meu coração salta no peito quando vejo um dos seguranças trazendo meu filho para a sala. Lorenzo. Meu bebê. Ele corre até Matteo assim que o vê, a alegria inocente brilhando em seus olhos.

- Papá! Que saudades! - Lorenzo grita, mas antes que Matteo possa tocá-lo, Alisson o puxa e aponta uma arma para sua cabeça. O desespero invade meus ossos.

- Escolhe, Matteo - Alisson pressiona, o tom ameaçador. - Seu filho ou sua mulher?

Matteo não responde. Ele parece paralisado. O silêncio que segue é devastador.

- Porra, Matteo! Você é um covarde! - Alisson grita, apertando a arma ainda mais contra a cabeça de Lorenzo. O choro do meu filho me parte em mil pedaços.

Sem pensar, adentro a sala, minhas pernas trêmulas, mas cheias de determinação. Não posso mais esperar.

- Eu escolho! - grito, minha voz cortando o ar tenso da sala. Todos se viram para me olhar, surpresos, e Matteo parece atordoado ao me ver ali. - Me matem, mas larguem o meu filho! Se querem se vingar da família Martini, façam isso comigo. Eu sou o bem mais precioso do meu pai.

A sala mergulha em um silêncio aterrador. Os olhos de Matteo estão escuros, cheios de algo que não consigo identificar. Ele solta Lorenzo, puxando-o para seus braços.

Eu caio de joelhos diante de Alisson, minhas mãos tremendo quando toco o cano frio da arma contra minha cabeça.

- Faça o que quiser - sussurro, entre lágrimas. - Me use para acabar com sua raiva, mas deixe minha família em paz.

Alisson sorri de forma perversa, a loucura brilhando em seus olhos.

- Seu desejo é uma ordem, Isabella Martini.

Ele engatilha a arma. O clique é o som que marca meu fim. Mas, enquanto o mundo desacelera, algo inesperado acontece.

Matteo grita.

AMOR DE DUAS CARASOnde histórias criam vida. Descubra agora