A fuga| 31

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Isabella Martini

O som dos socos reverbera pelo ar, e minha mente parece incapaz de processar a brutalidade à minha frente

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O som dos socos reverbera pelo ar, e minha mente parece incapaz de processar a brutalidade à minha frente. Matteo e Alisson rolam pelo chão em uma batalha furiosa. O irmão de Matteo, com os olhos cheios de ódio, tenta alcançar a arma que deslizou para o canto da sala, mas Matteo o segura com uma força que eu não sabia que ele tinha.

— Pegue a arma, Isabella! — Matteo grita, sua voz quase irreconhecível, cheia de urgência e desespero.

O mundo ao meu redor parece desfocado. O pânico me domina, minhas pernas estão trêmulas, e meu coração bate de forma frenética dentro do peito. Olho para Lorenzo, ainda assustado no canto da sala, e o som do choro dele é como um chamado. Eu não posso falhar com ele. Eu preciso ser forte.

Minha visão se clareia um pouco, e eu corro para a arma. Minhas mãos tremem tanto que quase a deixo cair ao tentar pegá-la. O peso dela é sufocante, mas tenho que me concentrar. Tenho que salvar minha família. Alisson tenta se soltar de Matteo, seu rosto já coberto de sangue, mas sua força parece não diminuir. Ele ri, um som distorcido e insano, como se estivesse se divertindo com a própria destruição.

— Não adianta, Matteo! — Alisson grita, lutando com ainda mais fervor. — Você sempre foi fraco! Você nunca teve o que é preciso para ser como o papai! E essa mulher... você vai mesmo arriscar tudo por ela? Ela é só parte do plano, irmão! Ela deveria estar morta!

Minhas mãos apertam a arma com mais força. A adrenalina é como um fogo em minhas veias, e eu aponto para Alisson, tentando manter a mira firme.

— Solte ele agora! — grito, minha voz mais firme do que eu pensava possível. Alisson se vira para mim, os olhos cheios de desprezo, mas também algo mais. Ele não está com medo. Ele me vê como uma piada.

— Você não tem coragem — Alisson diz, cuspindo sangue enquanto sorri para mim. — Você não tem o que é preciso para puxar esse gatilho, Isabella. Sempre foi uma coisinha mimada, uma princesinha protegida pelo seu pai. Nunca seria capaz de matar alguém. Não tem sangue frio suficiente.

Matteo ainda está embaixo de Alisson, lutando para se libertar, mas seu rosto, suado e cansado, me encara com uma expressão que implora para eu agir. Vejo a dor e o desespero nos olhos dele, e, por um segundo, me pergunto se o conheço de verdade.


— Largue ele! — grito novamente, tentando afastar as dúvidas que se infiltram na minha mente.

— Você é patética! — Alisson grita, apertando as mãos ao redor do pescoço de Matteo. Vejo a cor no rosto de Matteo mudar, sua respiração falhar, e sei que o tempo está acabando.

Minhas mãos ainda tremem, mas o som de Lorenzo chorando me empurra além do medo. Fecho os olhos por um segundo, engulo o pânico, e, antes que possa pensar, puxo o gatilho.

O barulho ensurdecedor do tiro preenche a sala, e o corpo de Alisson cai para o lado, um gemido fraco escapando de seus lábios enquanto o sangue começa a manchar o chão. Matteo empurra o irmão de cima dele, ofegante, seus olhos estavam inebriados. Ele se arrasta até onde estou, sua respiração pesada, mas ele não diz uma palavra.

Meus braços caem ao lado do corpo, a arma escorrega de minhas mãos. O peso do que acabei de fazer me atinge como um soco no estômago. Eu matei alguém. Matei Alisson. Mesmo que tenha sido para proteger Matteo e Lorenzo, o fato de que tirei uma vida é uma verdade que eu não consigo processar.

Matteo, ainda de joelhos, pega minha mão com cuidado, tentando me puxar de volta à realidade.

— Isabella... — ele começa, mas sua voz falha. Não há palavras que possam descrever o que acabamos de passar.

Eu me viro para olhar o corpo de Alisson, seu rosto distorcido em uma expressão de agonia. A poça de sangue ao redor dele se espalha rapidamente, pintando o chão de vermelho. Uma parte de mim sabe que não havia outra escolha, mas outra parte, a parte que ainda é humana, se revolta com o que fiz.

— Ele teria nos matado — Matteo diz suavemente, quase como se estivesse tentando convencer a si mesmo.

Não respondo. Apenas balanço a cabeça, tentando ignorar o pânico crescente em meu peito. O mundo parece se fechar ao meu redor, a sala está ficando menor, mais sufocante. Tudo o que posso ver é o corpo de Alisson, o sangue, e o som de Lorenzo chorando ao fundo.

Matteo me puxa para mais perto, seus braços me envolvendo de maneira protetora. O toque dele deveria ser reconfortante, mas não consigo sentir nada além de vazio. O que fizemos? O que nós nos tornamos?

— Precisamos sair daqui — Matteo murmura, sua voz trêmula, mas decidida. Ele se levanta, ainda segurando minha mão, e começa a me puxar em direção à saída.

Mas antes que possamos chegar à porta, uma voz fria interrompe o silêncio.

— Acham mesmo que isso acabou?

Congelo no lugar, meu coração saltando em meu peito. Victória emerge das sombras, seu rosto iluminado por um sorriso cruel. Ela havia estado ali o tempo todo, observando, aguardando o momento certo para agir.

— Vocês não têm ideia do que está por vir — ela sussurra, dando um passo à frente, o olhar dela cheio de malícia.

Matteo se coloca na minha frente, como se pudesse me proteger do veneno nas palavras dela. Mas a presença de Victória, a ameaça em sua voz, me faz perceber que matar Alisson foi apenas o começo. O inferno que está por vir vai testar tudo o que achávamos que sabíamos sobre vingança e amor.

— Não pensem que vão sair impunes disso — ela continua, sua voz gélida. — Vocês não sabem com quem estão lidando.

Matteo dá um passo à frente, o corpo dele tenso, preparado para qualquer coisa que possa acontecer, mas eu sinto a verdade nas palavras dela. O caos que Matteo e eu criamos juntos está apenas começando.

Matteo segura Lorenzo firme em seus braços enquanto me guia pela mão, passando rapidamente pelas sombras que envolvem a propriedade. Seus passos são decididos, mas seu olhar sempre volta para mim, como se temesse que eu desabasse a qualquer momento. Meu coração bate acelerado, ainda processando o horror que deixamos para trás, mas a presença calorosa de Lorenzo em seus braços me dá uma pequena centelha de esperança. Saímos pela mesma entrada pela qual invadi a mansão, o som distante das vozes ecoando enquanto nos afastamos daquele pesadelo, fugindo para um futuro incerto, mas juntos.

Eu nem pensava no carro que ficou para trás, pouco me importava. Tudo o que realmente importava estava comigo agora: Matteo, com Lorenzo em seus braços, ambos vivos. A adrenalina ainda corria por minhas veias, mas o peso da realidade estava começando a cair sobre mim.

AMOR DE DUAS CARASOnde histórias criam vida. Descubra agora