16 Dance pra mim, Rosamaria...

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Esse capítulo é a mais pura deliciosa leitura, o próximo é ainda melhor... por favor comentem e OUÇAM as músicas conforme vão lendo pra aumentar mais ainda as sensações.

Boa Leitura!!!

*

CAROLINE

(...) “Portanto, antes mesmo que existira ou pudesse vir a existir qualquer classe de movimento de mulheres ou o próprio movimento feminista, existiam as lesbianas, mulheres que amavam a outras mulheres, que recusavam cumprir com o comportamento esperado delas, que recusavam definirem-se em relação aos homens, aquelas mulheres, nossas antepassadas, milenares, cujos nomes não conhecemos, foram torturadas e queimadas como bruxas.”[1]

Lábios entreabertos... Pálpebras repousadas... Respiração profunda, pesada...

Êxtase!  Deleite! Satisfação plena!

Temor! Mágoa! Profunda tristeza!

Como luz e trevas que dançam e se confundem na imensidão apocalíptica de uma galáxia extraordinária e perdida, todos esses prazeres e tormentos se digladiavam em seu íntimo. Completamente hipnotizada pela surreal beleza e singular destreza daquela escrita, Caroline saboreava, sentia, respirava e devorava cada palavra brilhantemente escolhida, cada frase deslumbrantemente arquitetada e cada argumento engenhosa e magnificamente elaborado por ela... Ela, que chegou sem pedir licença e ainda pior... entrou, invadiu e dominou sem permissão, sem consentimento. ‘’Rosamaria Montibeller’’ Como aquilo era possível?? Caroline queria – precisava – desesperadamente saber... Aquela mulher era simples e perigosamente brilhante!

Carol fazia um esforço quase sobre-humano, na tentativa de esconder ou mesmo camuflar a intensidade que a atingia, fazendo-a – por inteira – reagir com demasiado fascínio e alguma coisa mais a tudo que lia, porém, totalmente em vão. A certeza de que estava falhando com incrível maestria era tão concreta quanto a ar que ela respirava, já que nem todo empenho do mundo seria verdadeiramente capaz de impedir a maneira absurdamente mística e surpreendentemente profunda com que havia sido tocada por cada ímpar detalhe daquele texto. O texto. Caroline inspirou lentamente, permitindo que a magnífica sensação que aquela preciosidade havia lhe proporcionado se potencializasse em seu corpo. ‘’Absolutamente fantástico.’’ De modo inegável, ele cumpria com total excelência o objetivo pretendido no título – como prometido.

Era a mais perfeita e bem estruturada justificativa que aquele tema poderia receber, inclusive, fazendo-a até ousar em duvidar que alguma vez já tivesse lido um artigo que justificasse um projeto de maneira tão poderosa como aquele. Porém, assombrosamente, não era o brilhantismo e genialidade do conteúdo desenvolvido ali que mais a impressionava e emocionava... o que a tocava com verdadeira paixão, de um jeito puro e límpido, era a promessa implícita naquelas linhas, tão secreta e inesperadamente desejada, partindo do singular intelecto de Rosamaria diretamente para o dela... íntima e apaixonadamente.

No momento em que começou a ler, desde as benditas primeiras linhas daquela obra prima, Caroline soube. Ela sentiu que cada vírgula daquele texto tinha sido escrito para ela, intimamente dedicado, direcionado e exclusivo… quase como uma oferenda a uma cultuada divindade e, ali, mergulhada na devoção daquelas palavras, ela sabia que aquela Deusa era ela… Ela era o alvo a ser atingido por Rosamaria: A  - absurdamente linda - mortal que se propôs não somente a aceitar e tomar para si aquele desafio, como também, demonstrar num tempo recorde e com esforço hercúleo, toda sua impressionante eficiência.

Em toda a sua exuberância e digna de um lugar de destaque no panteão grego, Caroline permanecia estática e totalmente imersa diante de uma Rosamaria um tanto apreensiva, porém, absurdamente atenta – a ela. A princípio, sentiu-se estranha e completamente desconfortável por estar ali, sob a mira dela enquanto seu artigo era lido e avaliado. Entretanto, o inicial desconforto metamorfoseou-se num nítido e inebriante prazer enquanto ela assistia – excitada - concentradamente às mudanças que dominavam o corpo de sua orientadora... Rosa era até capaz de jurar que tinha visto a fina e dourada penugem dos braços de Caroline se eriçando à medida que alguns nada sutís – e impertinentes - arrepios percorriam o corpo dela, provocados pela expectativa e pelo êxtase que sentia em relação a tudo que lia.

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