13 Briga de titãs

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Como numa reação química altamente explosiva e extremamente impressionante, o choque provocado pelo encontro de seus corpos desprendeu uma energia arrebatadora e incomum, desencadeando nelas, sensações absurdamente intensas e inesperadamente embriagantes, como se o mundo inteiro estivesse em câmera lenta. O cheiro indecentemente delicioso que Caroline exalava atingiu Rosamaria com a força de um raio tocando o mar em meio a uma violenta e incontrolável tempestade, eletrizando e aguçando todos os seus sentidos, fazendo com que seu corpo reagisse imediatamente àquela afrodisíaca fragrância, tatuada em seu íntimo desde a noite em que se conheceram. Fechou os olhos por um infinito segundo, saboreando a proibida sensação que a invadia.

Os cabelos de Caroline se agitaram devido ao inesperado impacto e Rosa pôde senti-los... Toda a delicada suavidade das mechas maravilhosamente douradas que beijaram seu rosto, fazendo-a corar instintivamente. A enlouquecedora proximidade entre elas era atordoante demais e Rosamaria simplesmente não conseguia organizar inferno de pensamento nenhum! Tudo o que seu corpo e sua mente assimilavam era ela.... A presença inacreditavelmente erótica e quente que pulsava dela... ''puta.que.pariu''

Caroline foi pega totalmente de surpresa; estava completamente absorta em seus pensamentos, repassando mentalmente o plano que havia articulado para desmascarar a impostora que Lamartine supostamente havia enviado para seduzi-la - e enlouquecê-la e encantá-la e instigá-la - e de repente, aquele brusco encontro! Antes que pudesse processar a situação, sentiu-se absurdamente envolvida por uma onda de calor que invadia e abraçava seu corpo, incendiando-o em cada ponto em que haviam se tocado.

O instante durou uma forte e descompassada batida de coração, sendo mais do que o suficiente para provocar um impertinente - e delicioso - arrepio em cada maldita célula do corpo de Caroline no exato momento em que seus rostos se tocaram, permitindo-a sentir a textura única e inebriante da pele de Rosamaria... Como aquilo era possível? A consciência de que a boca de sua orientada estava a uma distância quase microscópica da sua, fez sua respiração assim como suas pernas e seu raciocínio, vacilarem por um demorado segundo.

Num movimento lento e magicamente sincronizado, seus olhos finalmente se encontraram e o tempo desacelerou drasticamente. Toda a misteriosa perfeição do universo projetou-se naquele olhar e o restante do mundo não existia mais. Ali, foram facilmente capturadas pelo incompreensível e envolvente magnetismo que as cercavam, quase como se quisessem se deixar prender. Se viram completamente rendidas pela desmedida conexão que seus olhos estabeleceram, tão íntima e profunda que se durasse mais alguns segundos, seria capaz de despir as muralhas das almas que se confrontavam ali... As pupilas se dilatavam a medida que a inverossímil energia entre elas fluía, captando cada mínimo detalhe uma da outra.

A flama do verde vivido dos olhos de Rosamaria pareceu brilhar como os de um felino alerta ao adentrar a negra e misteriosa floresta sob a luz do crepúsculo que eram os olhos de Caroline. Quanto mais adiante ela ia, menos desejava voltar. Não, definitivamente nenhuma das duas queria quebrar a hipnotizante ligação que parecia ter sido orquestrada pelas damas do destino, entretanto, o som de algo caindo no chão as trouxe de volta, despejando um primoroso balde de água fria em cada uma. Que merd*! Era o material de Rosamaria, a droga dos livros e papeis que haviam escorregado de seus braços flácidos devido a inexplicável e intensa sensação que vivenciava.

Ela se abaixou apenas um segundo antes de Caroline fazer o mesmo no intuito de... ajuda-la? Ela não sabia exatamente o por que havia feito aquilo e a imensa necessidade de cuidado para com sua orientada começava a ficar descabida e ridícula. O semblante de Rosamaria foi dominado pelo choque e estarrecimento ao constatar um dos livros sendo entregue por ela. Ela...! A toda poderosa, fria e inatingível estava ali, diante dela, quase ajoelhada, ajudando-a a recolher seu material e ainda assim, sua natural altivez e elegância se faziam completamente presentes. Caroline parecia uma rainha, soberana e prestativa. A estranheza e improbabilidade daquela cena era demais, ficando ainda pior quando tentaram ao mesmo tempo quebrar o sufocante silêncio.

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