15 Uma Justificativa ou um a Promessa?

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Esse capítulo e o próximo é uma DELICIA de ler!
Deleitem-se!

*

ROSAMARIA

Que Ártemis tivesse misericórdia! Rosamaria já não conseguia manter porcaria nenhuma no estômago e o motivo nem era mais tão somente a ressaca titânica, mas sim, o pânico monstruoso que instalou-se dentro dela assim que leu a mensagem de Caroline, intensificando o revertério horroroso. A urgência contida naquela solicitação e a frieza congelante da objetividade da mensagem só podiam significar uma única - maldita - coisa: Aquele encontro não seria nada agradável! ''Puta merd* puta merd* puta merd*!''

Como se já não bastasse a ressaca e o medo infernal que tomavam conta dela, Rosa ainda precisava lidar com a dor lancinante latejando em sua cabeça, impedindo-a de pensar com coerência! - Merd*...! - Respirou pesadamente, exalando exasperação e irritação. Repetida e mentalmente, repassava as cenas do famigerado duelo da tarde anterior e já havia concluído que seu único - como se já não fosse o suficiente - erro tinha sido o tom insolente e desafiador com que tinha confrontado sua orientadora, não encontrando nada que desabonasse ou desqualificasse sua pesquisa. Não mesmo! O projeto estava muito bem estruturado e possuía uma base argumentativa inquestionável, visto os documentos que estavam sob sua posse. O que mais a PhDeusa poderia desejar dela? De todas as coisas que Rosa, intima e quase alucinantemente queria que Caroline desejasse em relação a ela, nenhuma tinha a ver com aquela insana tentativa de deslegitimar toda a sua pesquisa.

Okay, ela sabia que havia ido longe demais ao criticar o trabalho de Caroline daquela forma, expondo-a daquele jeito; porém, qualquer acadêmico de alto nível precisa estar apto à receber críticas, até mesmo ela... A toda poderosa Gattaz! Apesar de ter ciência da loucura de suas atitudes, Rosamaria não podia negar o estranho prazer que havia sentido ao ter sido capaz de vislumbrar uma certa fragilidade em sua orientadora, mesmo que mínima e rapidamente. Por um infinito segundo, ela sabia que tinha enxergado naquele profundo e escuro oceano que eram os olhos de Caroline, um intrigante fragmento que pertencia à enigmática e absurdamente magnética personalidade daquela mulher.

Mediante ao caos de sensações, pensamentos e sentimentos em que Rosa se encontrava, uma impertinente certeza emergia com uma clareza perturbadora; Rosamaria queria, desejava, ansiava desesperadamente conhecê-la, desvendá-la, provocá-la, senti-la... Queria ir além do que qualquer um tivesse ido, queria ir fundo o bastante, próxima o suficiente para verdadeiramente compreendê-la, e não somente à Caroline, mas a ela mesma. Precisava entender o que esse turbilhão dentro dela significava; precisava descobrir que loucura era aquela que acontecia entre elas e que a deixava daquele jeito... completamente e perigosamente fascinada...

''Quem é você, Caroline...?'' Rosamaria fechou os olhos e respirou profundamente, potencializando a sensação avassaladora que dominava seu corpo sempre que pensava nela... Um leve sorriso brotou em seus lábios ao lembrar-se da analogia que atribuíram a ela: "Kriptonita'' da poderosa Gattaz.

- Eu sou o ponto fraco dela? Não pode ser possível... não quando ela é definitivamente o meu.... - Confessou, encarando sua imagem refletida no espelho do banheiro. O tom de voz era quase um sussurro e naquele momento, Rosamaria deixou que o peso da veracidade de suas palavras caísse sobre ela. Como aquilo tudo era possível? Tinha acabado de tomar uma ducha gelada no intuito de minimizar o efeito da amarga ressaca e, o banho, aliado ao café ressuscitador dos mortos somado aos infalíveis analgésicos, já começavam a proporcioná-la um certo alívio, graças às Deusas.

Conferiu as horas: 08:15. Queria tudo, menos fazer Gattaz esperar, uma vez que ela certamente já devia estar completamente aborrecida - putíssima da vida - com Rosamaria. Estranhamente, não se preocupou muito com a escolha das roupas, já que tinha a clara sensação de que iria em direção ao seu "abate", então, para que caprichar? De maneira angustiante, sentia que qualquer plausível chance de salvar seu pós-doutorado e de aproximar-se de todas as formas humanamente possíveis de sua orientadora, - ''Oii??''' - começava e escorrer por entre seus dedos.

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