10 Despertar da besta

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CAROLINE

Em algum outro lugar de Paris, o domingo também irrompia preguiçoso e atmosféricamente mais tenso. O avançar da claridade vinda das grandes janelas já a incomodava.

- Qual o problema com a sua cama? - A indagação era divertidamente séria. Caroline logo reconheceu a voz de Priscila, sua segurança pessoal e amiga, despertando-a pelo segundo dia seguido. Assim como na manhã anterior, dormiu novamente jogada em seu sofá. Esforçou-se muito para focar nos detalhes da noite anterior, querendo refazer os passos que a fizeram acabar ali, de novo, vestindo apenas sua calcinha. ''Merd*....'' Definitivamente aquilo não era do feitio dela, não nos últimos tempos, pelo menos.

Havia chegado muito tarde e, tomada por uma angustia que vinha crescendo - e muito - nos últimos tempos, tentou amenizar a dor com a famosa "cura etílica", abusando de seu whisky favorito e então... Nada. Não se lembrava de mais nada e só conseguia assimilar o momento presente ali, conversando com Priscila. ''Meus parabéns, Gattaz...''

- Eu... Eu acho que bebi um pouco mais do que deveria. ''Não mais do que eu queria.'' - A voz era entrecortada, baixa. Fez menção a se levantar, mas seu corpo exigiu mais do que na manhã anterior. Claramente, se mover estava mais dificultoso e então, permaneceu deitada de bruços, de olhos fechados e sentindo o gosto amargo da ressaca. Sua dignidade? Essa era melhor nem comentar. Priscila a encarava com preocupação e certo descontentamento.

- Um pouco a mais??? - A segurança estava ultrajada! - Você detonou sozinha uma garrafa de Macallan, Caroline! Duvido que tenha ao menos apreciado essa raridade....- Falou com a voz amarga, indicando a garrafa vazia que trazia nas mãos. - Sem contar que você mais uma vez fez o que pedi para não fazer.... Saiu sem nenhum tipo de segurança, totalmente desprotegida! Sem comentários, Gattaz. - Seriedade era a principal conotação na firme voz de Priscila e tinha mais um pequeno detalhe: Somente chamava Caroline pelo sobrenome daquela forma quando estava visivelmente irritada. Ela havia percebido as roupas e os sapatos jogados pela sala, fora a maquiagem borrada no rosto dela, denunciando a aflição vivida na noite anterior. Que porr* tinha acontecido?

- O carro ser blindado não conta como medida de segurança? - Brincou com a voz esganiçada. A Priscila imaginária da noite anterior iria se sentir melhor com esse detalhe, com certeza.

Priscila balançou a cabeça negativamente, já preparando um arsenal de reprimendas àquela atitude inconsequente quando de forma brusca, a repreensão deu lugar à outra coisa. Caroline finalmente conseguiu reunir forças para se erguer do sofá, ficando de pé. Ela estava praticamente nua e Priscila se pegou fazendo um tremendo esforço para não encarar demais as leves marcas que o sofá havia deixado nela... Na barriga... Num dos seios... Aiai.

"Inferno... Porquê ela tem que ser tão filhadaputamente linda?" Questionou-se. A muito tinha conseguido transformar todo desejo que sentia por ela em uma profunda admiração e amizade, quase beirando a uma cega devoção. Porém, ela tinha olhos, né?? Definição de impossível era olhar para aquele corpo absurdamente incrível e não admirá-lo. Como não se deixar trair - e se atrair - por alguém como ela?

A perfeição não chegava nem perto de definir a provocante harmonia daquela mulher. As pernas longas misturavam Carolicadeza e poder. Os músculos bem torneados e firmes sustentavam um abdômen escandalosamente majestoso. Os quadris elegantes formavam um magistral equilíbrio com a cintura bem marcada e uma barriga insultantemente perfeita era salpicada por lindíssimas pintas, beijando sua pele não somente lá, mas em todo o formidável corpo dela. O par de seios com certeza era o mais inacreditavelmente lindo que Priscila já viu... No tamanho perfeito e numa firmeza impressionantes. Seus mamilos eram pequenos e de um rosado quase angelical, contudo, nem o mais belo dos anjos poderia se equiparar e ela. Priscila não gostava de admitir aquilo, mesmo em pensamento, mas nunca tinha visto nada na vida como Caroline. Uma verdadeira obra prima.

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