20 Ciúmes

221 25 3
                                    

Aí que delicia de capítulo!

Deleitem-se.

*

Era só uma intensa e inoportuna impressão ou o mundo começou a girar rápido demais? Em meio a uma respiração audivelmente entrecortada, Rosamaria questionava seu controle e seu equilíbrio no exato instante em que percebeu a aproximação dela... ‘’Caroline...’’ O que ela estava fazendo? Numa intrigante fração de segundo, a já densa atmosfera daquele ambiente se eletrificou de uma maneira impossível e completamente excitante.

Assim que se despediram da Professora Ariele e as portas do elevador começaram a se fechar, Caroline parecia simplesmente não ter mais controle sobre seu corpo, sobre suas vontades até então, tentadoras e proibidas. Um misto de assombrosas e ansiadas sensações a açoitavam por inteiro naquele momento. Ter visto a forma insinuante de Ariele fora para cima de Rosamaria; ser invadida por um esquecido gosto de fel em sua boca, provocado por uma surpreendente pontada de ciúmes e, como se já não tivesse sido o suficiente, ter sido presenteada com a inesperada visão de uma Rosamaria ciumenta e incomodada, acabou sendo demais até mesmo para seu poderosíssimo autocontrole.  A imprevisibilidade de toda aquela situação foi uma potente e incontrolável catálise.

Desejo. Tesão. Obsessão... Nenhuma dessas sensações era realmente capaz de definir o que impelia Caroline em direção a Rosamaria que, mesmo não sabendo explicar, esperava por ela. Era uma atração sobrenatural... um magnetismo ancestral. O poderoso e avassalador desejo que as consumia não dominava apenas seus corpos... Ele energizava e vibrava em cada detalhe de suas almas. Ali, presas naquele minúsculo e eletrizado espaço, nada mais poderia separá-las. Nada.

Mergulhada no verde brilhante e ardente dos olhos de sua orientanda, Caroline sentia-se tomada por um violento arrebatamento, impetuoso e inevitável, fazendo-a abdicar de qualquer lógica e sanidade que ainda lhe restavam, concentrando 100% de toda a sua atenção apenas na mulher diante dela. Definitivamente, Rosamaria não era qualquer uma.

Hipnotizada pela presença de sua orientadora, Rosa sentiu como se seu corpo descolasse do chão assim que enxergou tudo que a mística galáxia presente no olhar de Caroline revelava. Não conseguia entender a maneira absurda com que seu corpo e sua alma reagiam a ela e, muito honestamente, ela nem se importava mais. Foi tomada pela colossal e sensual energia que emanava daquela poderosa mulher, pensando que desfaleceria ali mesmo quando a viu seguir em sua direção. O que aquilo significava?

Aumentado ainda mais o bolo crescente em seu estômago, Rosamaria assistiu incrédula e ansiosa a PhDeusa apertar calmamente o botão que travava o curso do elevador, fazendo-o parar subitamente enquanto a observava com uma chama escura e cintilante nos olhos. ‘’Puta.que.pariu.’’ Os movimentos dela eram vagarosos e calculados, porém, em cada mínimo gesto, havia uma urgência contida, latente e pulsante... Exatamente como a calmaria que antecede à tempestade. Decidida, Caroline foi aproximando-se com uma lentidão enlouquecedora, como um elegante felino, um predador cercando sua caça, fazendo-a recuar instintivamente, obrigando-a a colar as costas contra o frio metal.

As pontas dos dedos de Rosa já estavam embranquecidas devido a força com que apertava a barra do suporte do elevador. Ela podia jurar que seu corpo estava sendo – deliciosamente - comprimido pela energia que as separava, sentindo uma atrevida gota de suor escorrer em sua nuca. Em toda a sua vibrante existência, jamais havia vivenciado uma sensação de expectativa tão poderosa como aquela! Suspirou profundamente assim que abandonou os olhos de Caroline tão somente para encarar a perdição que era a boca dela e que, para tentá-la ainda mais, estava sugestivamente entreaberta. Sentiu os joelhos fraquejarem e o meio de suas pernas latejar... Aquela mulher era simplesmente demais, em todos os possíveis sentidos que a palavra abrangia.

ALÉM DESSA VIDAOnde histórias criam vida. Descubra agora