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Maria Helena
Duas semanas depois

Senti a fisgada na perna quando a fisioterapeuta levantou a mesma, esticando-me me ajudando com o exercício, resmunguei incomodada e ela riu.

- Deixa de moleza, Maria Helena - brincou comigo

- Para você é fácil tia Lorena, não é sua perna que está quase caindo - fiz drama e ela riu

Lorena se tornou amiga da minha mãe na faculdade e está me dando a maior força com as sessões de fisioterapia. Tirei a bota há alguns dias e já estou andando ¨normalmente¨ graças a ela, na minha passada de tartaruga, segundo meus amigos.

- Você já está bem melhor, logo vai estar 100% - respondeu e eu me sentei na maca, descendo em seguida

- Tenho certeza de que sim - respondi sorrindo, agradecida.

- Até a semana que vem, querida - falou me dando um abraço de despedida

Sai do seu consultório e desci até a recepção, meu celular vibrou e eu vi a mensagem de Germano avisando que já estava na porta me esperando. Assim que saí, vi o carro branco em minha frente.

Entrei vendo ele concentrado ouvindo uma música.

- Oi, achei que você não ia vir - cutuquei ele

- Arrumei um tempo na minha agenda para você, aproveita viu? - me olhou - Essa semana ela está lotada - brincou apertando meu nariz

Bati em sua mão, mania de ficar apertando o nariz dos outros

- Ce liga meu filho, eu sou o compromisso mais importante que você poderia ter - falei e ele sorriu, se divertindo

Ele acelerou indo em direção ao morro e ficamos curtindo a música no caminho

- Quer almoçar na dona Joana? - perguntou tocando minha perna

- Quero, acho que hoje é feijoada - falei animada

Ele seguiu em direção ao restaurante, fiquei olhando celular e quando eu vi ja estavamos na porta. Desci do carro junto com Germano e nós entramos no restaurante sentando em uma das mesas

- Oi gente, o que vão querer? - Giovana, umas das filhas de dona Joana perguntou

- Oi - sorri falando com ela

- Eae - Germano também comprimentou - Trás pra gente o prato do dia e uma coca de 2 litros - pediu

- Certo - ela anotou e em seguida saiu

- Como foi hoje na fisioterapia? - Germano perguntou

- Foi normal, to sentindo um pouco de dor ainda - expliquei

- Ta ficando menos manca, isso que importa - falou e eu mostrei a lingua fazendo ele rir

- O que ta acontecendo? - perguntei encarando ele

Ele franziu a testa

- Como assim maluca? - perguntou fazendo graça

- Você ta com uma cara estranha, tem alguma coisa te incomodando - olhei ele

- Me conhece tão bem assim? - perguntou me olhando sério e eu sorri convencida

- Melhor que qualquer um - respondi convencida

Giovana colocou nossos pratos na mesa e os copos, Germano nos serviu ainda em silêncio

- Temos noticia sobre o acidente que aconteceu com vocês - ele começou e eu bebi um gole da minha coca - Semana passada o pessoal da rocinha veio ao morro, Vincius ta devendo pra um dos maiores traficantes de heroína do Rio de Janeiro - falou baixo

Arregalei os olhos assustada com a informação, eu não imaginava isso de Vinicius, apesar de quase não o conhecer

- Eu realmente não achei que a culpa do acidente fosse dele - falei encarando Germano

- Pois é - falou incomodado - Agora estamos todos no mesmo barco, já que temos parceria direta com a rocinha estamos tentando ajudar da maneira que dá - respondeu

- O que vai acontecer? - perguntei ja imaginando uma resposta

- Eu, Ihan e Henrique vamos para uma missão com alguns dos aliados da rocinha, é uma missão que pode dar muito certo, mas também pode dar muito errado - me olhou e eu senti um aperto no peito - Por ser em outra cidade, vamos ficar duas semanas fora - completou analisando minha reação

Ainda tentava assimilar tudo

- Quando você vai? - perguntei olhando para ele

- Essa madrugada, quanto mais rapido a gente for, mais rapido a gente volta - respondeu

Fiquei alguns segundos em silêncio, ele pegou em minha mão

- Não se preocupa ta bom? - alisou minha mão - Vai dar tudo certo - puxou minha mão beijando a mesa e eu puxei minha cadeira me aproximando dele e o abraçando sentida com a situação

Morro do alemãoOnde histórias criam vida. Descubra agora