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Ihan

Acordei meio cansado, a semana estava sendo uma loucura desde o acidente envolvendo minhas irmãs e os idiotas da rocinha. Nada fazia sentido naquele ataque.

O que sabíamos é que foi totalmente proposital, nenhum carro te segue acelerando e te força a desviar de uma batida, fazendo seu carro capotar. Essa história tava muito estranha.

Me arrumei rápido e sai sem tomar café indo pra boca central, fiquei de terminar de conferir uns papéis pro meu pai antes de subir pro galpão de armamento.

Meu rádio apitou na cintura e eu tirei apertando pra ouvir

Rádio

GN na ativa na barreira, os cria da rocinha tá querendo entrar no morro

Respirei fundo tentando manter a saúde intacta, não confio nesses caras

Libera a passagem meu pai respondeu segundos depois

Me levantei da minha sala e fui pra onde meu pai estava com meu padrinho GR

- Sem confusão hoje - meu pai falou me olhando

- É só aquele filho da puta não ficar com aquela cara de sínico respondendo as coisas - falei me referindo a Vinícius

Meu padrinho riu baixo

O dono da rocinha (Vítor) chegou com os filhos e se aproximou da sala

- Salve - fez um toque com meu pai já sentando na cadeira de frente pra ele

Os filhos dele sentaram também e eu fiquei na porta observando todos

- Tenho novidades sobre o acidente - Vítor falou e meu pai se arrumou na cadeira encarando ele - Fizemos umas pesquisas e acreditamos que quem tava dirigindo o carro era Navarro Duarte - falou e eu franzi a testa

- O traficante de heroína? - perguntei confuso

- Sim - Vítor confirmou

- E com quais motivações um traficante de Heroína forçaria um acidente assim? - meu pai encarou ele

Eles ficaram em silêncio

- Quem de vocês tava devendo ele? - meu padrinho perguntou encarando eles indignado

Eles continuaram em silêncio visivelmente incomodados, ri sem graça alguma, os filhos da puta eram realmente culpados

- Eu peguei uma encomenda com ele a alguns meses, um caminhão de carga tava trazendo pra mim, o motorista fugiu com a droga e eu levei prejuízo pra caralho - Vinícius tentou começar a explicar

- Aí você achou que ela uma ideia excelente fingir de mula e não pagar? - encarei ele já puto

- Eu não ia adivinhar que ele tentaria me matar, fazemos negócios a anos e foi a primeira mancada - Vinícius respondeu retrucando um pouco mais alto

- Fala baixo muleque, você não tá na sua casa onde você grita com quem quer - meu pai falou se levantando visivelmente puto

- Tô tentando negociar com o cara, mas com a perda da carga, a gente tá no prejuízo e devendo pra caralho - Vítor respondeu se levantando também

- Foda-se caralho, as minhas filhas quase morreram por culpa desse irresponsável! - meu pai gritou irritado

- A gente vai pagar, só precisamos que um esquema de roubo de certo - Vítor falou encarando meu pai

- Navarro não vai dar sossego até conseguir o dinheiro, ele não é o tipo de homem que esquece de dívidas - meu padrinho falou

- Preciso da sua ajuda, somos aliados ou não? - Vítor encarou meu pai

- Agora sobrou pra mim limpar a merda que um dos seus filhos fez - meu pai falou encarando Vítor

- Seu filho não é nenhum santo HR, você já teve que limpar muita burrada dele pra ele ser quem é, ou tô errado? - Vítor encarou meu pai

- Continua falando merda e você sai daqui com uma bala na testa - meu pai respondeu sério

Vitor riu com deboche

- Não é hora para entrar em conflito interno, vamos resolver entre a gente como vai ser esse roubo pra pagar esse cara, antes que isso vire algo maior - meu padrinho falou respirando fundo

Eles começaram a explicar como funcionaria o esquema e Vítor pediu alguns vapores do alemão para completar o time de fuga, meu pai pediu pra que eu mandasse para Henrique fazer a seleção entre os dele.

Depois que eles terminaram, meu pai e meu padrinho ficaram conversando com Vítor e eu me bati com Vinícius e Vicente antes deles irem embora

- Fiquem longe das minhas irmãs - falei olhando os dois

Vinícius riu com cara de deboche

- Maria Helena não é boa em seguir regras - ele comentou

Me aproximei dele

- Se tocar no nome dela de novo, vai voltar pro hospital - encarei ele - E não vai ser só uns arranhões dessa vez, é por sua culpa que elas estão como estão, por isso vou repetir já que você parece ser surdo, fica longe das minhas irmãs - falei sério e ele se afastou entrando em um outro carro junto com o irmão que já estava longe

Respirei fundo passando a mão no rosto e chutei uma lixeira que estava na porta da boca.

Morro do alemãoOnde histórias criam vida. Descubra agora