Morro do alemão

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Germano

Estava na barreira com Ihan pensando em Maria Helena e no quanto essa garota me tira do sério. Respirei fundo tirando essa ideia da cabeça e focando na barreira.

- Ela não quer nada com ele - Ihan comentou sem me olhar

- Não sei do que você tá falando - me fiz de indiferente

Ele sorriu com deboche

- Como preferir Germano - comentou e eu fiquei em silêncio

O rádio começou a apitar freneticamente

- Que isso Jesus - Ihan falou se aproximando do rádio

Rádio
Aqui é o VNC comando da rocinha, pedindo socorro, BR 247 segunda curva, sentido Rio, tem alguém na escuta? 4 pessoas feridas, uma delas desacordada

Travei

- Esse vulgo é do Vinícius caralho - falei já agitado

- Estamos indo - Ihan falou acelerado também

Peguei o carro dirigindo como um louco e ele foi avisando reforços e uma ambulância, acelerei o mais rápido possível e quando já estava próximo mal podia acreditar no que estava vendo, o carro pegava fogo e os quatro estavam na Beira da estrada afastados do carro.

Parei o carro de qualquer jeito e já fui descendo junto com Ihan, alguns outros carros dos vapores do morro foram chegando

- Seu filho da puta o que você fez? - Ihan já foi avançando em Vincius que estava machucado

Passei o olho vendo Maria Helena toda machucada e com bastante sangue segurando a irmã desacordada no colo, senti meu coração apertar e por alguns segundos o ar falhou, me aproximei correndo desesperado.

- Germano...- ela soluçou me chamando - Eu não sei o que aconteceu - falou chorando em estado de choque

- Tudo bem meu amor, eu estou aqui, vamos cuidar de tudo não se preocupe - falei me ajoelhando diante dela e a abraçando que chorou em despadrada

- Minhas filhas, as minha filhas...- Minha madrinha correu chorando desesperada em nossa direção junto com meu padrinho que estava desacreditado da situação

- Mãe, pai - Maria Helena gritou desesperada

- Tá tudo bem, o papai tá aqui filha, nós vamos dar um jeito - meu padrinho falou pegando Maria Júlia nos braços desesperado

- Foi muito rápido, eu não vi o que aconteceu - Maria Helena gritava e seu grito ia dentro da minha cabeça

Tudo parecia um maldito pesadelo sem fim.

- Ela vai desmaiar, segura ela Germano - minha madrinha pediu desesperada

Apoiei Maria Helena nos braços corri com ela para a ambulância a colocando em uma maca do lado da irmã que estava sendo atendida.

Ihan avançou em Vinicius e eu corri para segura-lo

- Se alguma coisa acontecer com elas eu te mato você me ouviu? Eu te mato seu merda! - gritou tentando ir pra cima dele de novo

- Calma porra! - prendi ele nos braços o colocando dentro do carro

- Calma o caralho, minhas irmãs porra! - Ihan socou o painel do carro e eu fechei a porta ligando o carro e partindo atrás das ambulâncias que iam para o hospital.

A noite foi uma loucura. Tentei me concentrar em dirigir enquanto Ihan estava enfurecido ao meu lado. Parei próximo ao hospital e nos estamos, a sala de espera já estava cheia com todos da nossa família. O hospital era de um conhecido nosso, então mesmo com o crime nas nossas veias éramos sempre bem atendidos.

Eles levaram as duas e eu coloquei as mãos na cabeça sem conseguir pensar direito no que tinha acabado de acontecer. Eu não estava lá pra cuidar dela porra. Aquilo me corroía por dentro.

- Filho, você precisa se sentar - Minha mãe se aproximou de mim

- Não quero mãe - falei observando minha camiseta coberta pelo sangue dela - Só preciso de um pouco de ar - falei saindo para fora do hospital e tentando respirar

Rafaela apareceu do meu lado e eu limpei uma lágrima que insistiu em descer, maldito seja esse filho da puta que conseguiu fuder com tudo.

- Ela vai ficar bem - ela comentou baixo parecendo tentar acreditar em suas palavras

- A última coisa que eu disse pra ela, foram palavras vazias e sem sentido, a gente brigou antes dela sair com aquele idiota - resmunguei ainda indignado com minha infantilidade

Quando se tratava dela, eu era imaturo e um completo idiota. Maria Helena era muito além de uma "ficante", eu sabia disso, mas era difícil admitir isso pra mim mesmo. Era difícil admitir isso pra ela.

- Eu amo ela porra, porque tem que ser tudo tão difícil assim? - falei limpando o rosto

- Eu tenho certeza que ela sabe disso Germano - Rafaela falou e eu abracei ela sentindo o peso do mundo.