. 20 .

717 79 7
                                    

Maria Helena

Não conseguia me concentrar nesse bendito jantar, a discussão com Germano estava martelando na minha cabeça. Vinicius não era um cara ruim, ele sabia conversar, ser educado e até divertido, mas não conseguia focar no que ele estava dizendo.

- Quer sentar la fora um pouco? - perguntou me encarando

- Claro - me levantei e a gente se sentou na varanda em um dos bancos, a vista do mar a noite era linda - Aqui é muito bonito - falei sentindo a brisa do mar

- Esse restaurante é favorito da minha mãe - ele comentou - Acho que Vicente escolheu por isso - ele falou olhando os dois andando juntos la na praia

- Ela é só uma garotinha com corpo de mulher, com sonhos e muita loucura na cabeça - comentei observando os dois - Eu devo me preocupar com eles? - perguntei

Vinicius negou mexendo nos bolsos

- Vicente é um bom garoto, não vai fazer nenhum mal para a sua irmã, isso eu posso garantir com toda a certeza do mundo - ele me explicou e eu concordei - Se importa se eu fumar? - perguntou tirando um baseado do bolso

- Não, fica a vontade - falei tranquila

Ele acendeu e puxou devagar soltando a fumaça, que a brisa jogou em minha direção, o cheiro de maconha provavelmente colaria em minha roupa, que merda.

- Quer? - perguntou

- Não, obrigada - respondi de boa

Germano também fuma, mas nunca perto de mim. Ele disse que se me vir perto de um cigarro de maconha me engoliria viva. Aquele ditado não é? Faça o que eu falo mas não faça o que eu faço.

- Você e o cara que estava no baile, tem alguma coisa? - perguntou soprando fumaça

- É complicado - comentei

- Sou bom com complicações, me conta ai - falou tranquilo

- Germano e eu nunca daríamos certo, somos opostos que por algum motivo se atraíram - comecei - Ele é um cabeça dura, sem noção e sem juízo - despejei e ele riu

- Ele parece ter ciúme de você - ele soltou

- Eu também sou meio surtada, então entendo ele - confessei ele sorriu

- Nada oficial então? - ele perguntou

Concordei

- Posso te beijar? - falou se aproximando de mim

Um beijo não faria mal, aquele maldito com certeza deve estar com outra agora. Me aproximei dele liberando a passagem e ele me beijou. O gosto de maconha amargava um pouco, mas serviu para me distrair por um tempo. Ficamos conversando e nos beijando, logo Maria Júlia apareceu com Vicente.

- Precisamos ir - ela falou me olhando

- Vamos lá - me levantei indo ao lado de Vinicius

Fomos para o carro e eu coloquei o cinto, ainda me lembrando do alerta de Germano, como sempre.  Vinicius dirigia tranquilo e atento, ouvi um carro acelerar atrás da gente e observei no retrovisor.

- É impressão minha ou esse carro ta seguindo a gente? - perguntei encarando Vinicius

- Porra - ele resmungou mudando de marcha e acelerando o carro

O carro acelerou mais ainda e tudo aconteceu muito rápido, algo bateu no nosso carro fazendo ele rodar na pista, o carro capotou e tudo ficou turvo, um apito em minha cabeça me fez abrir os olhos, estávamos de cabeça pra baixo e ouvi disparos, os vidros do carro quebraram e o cheio de gasolina atacou meu nariz.

- Maria...- Vinicius tirou meu cinto e me arrastou pra fora do carro

-  A minha irmã, a minha irmã...- murmurei cuspindo sangue

- Porra, Vicente acorda caralho - Vinicius falou arrastando o irmão carro

Me levantei do chão com força e fui na direçao do carro.Com muito esforço consegui puxar Maria Júlia para fora do carro, Vicente e ela estavam desmaiados, os batimentos dela estavam lentos.

- Juju...- chorei sentindo o gosto de sangue na boca - Acorda por favor... - falei apoiando o rosto dela na minha mão

- Que merda - Vicente murmurou ainda de olhos fechados

Vinicius correu até o carro pegando o rádio que por um milagre estava inteiro e começou a chamar a ajuda. Eu so conseguia chorar e pedir Senhor, não deixe minha irmã morrer.

Morro do alemãoOnde histórias criam vida. Descubra agora