Acordei com um barulho do lado de fora da cela e dei um pulo assustando Ihan que agarrou minha cintura me puxando
- Acordem princesas, estão liberados - o policial falou
Levantei em um pulo e sai pela porta que estava aberta correndo, em minha frente estavam meus primos Henrique e Caio
- Graças a Deus - abracei os dois juntos
- Não achei que tivesse que ir te buscar na cadeia tão cedo - Henrique falou com seu tom mandão de sempre
- Vocês dois merecem uns cascudos bem dados - Caio falou puxando Ihan e prendendo sua cabeça com o braço esfregando o punho
- Eu não quero voltar aqui nunca mais - falei pensando no quanto minhas costas estavam doloridas por ter dormido no chão e no meu nariz entupido pelo resfriado do chão frio
Saímos da delegacia e entramos no carro de Henrique
- Alguém tem notícia do meu bebê? - Ihan perguntou pegando o celular
- To bem aqui - falei brincando e ele fez careta
- Seu pai disse que vai ficar presa até segunda ordem - Caio respondeu
- Tadinha, ela nunca ficou dias sem ver as gatinhas na garupa, ela vai ficar mal acostumada - ele falou fazendo voz de sofrido
Revirei os olhos. A moto do meu irmão era como um filho pra ele, o fim da picada mesmo.
- Queria saber como o piloto de fuga aí foi parado dando grau - Caio brincou
- Se liga filho, Maria Helena tava de graça dizendo que eu não conseguia pilotar sem aos mãos - Ihan explicou
- Ai o idiota foi cortando giro e depois levantou a moto bem na frente da blitz - terminei
- Eu nem vi que eles tava lá - se defendeu
- O giroflex tava quase queimando o meu olho - rebati
- Menos crianças, estamos chegando em casa e o esporro vai ser grande - Henrique falou e eu já imaginava o ferro que a gente ia levar
Henrique parou o carro na porta da nossa casa, sentadas no passeio estavam as três marias, Maria Júlia, Maria Vitória e Mariana.
Descemos do carro e elas continuaram sentadas fofocando
- Tô viva gente, que bom que vocês estavam morrendo de preocupação - falei olhando elas
- Vai morrer agora mulher - Maria Vitória brincou
- Não esquenta Lena, eu levo uma coroa de flores bem bonita pra vocês - Maria Júlia fez mídia também
- Ainda bem que o cemitério da família ainda tá vazio, vai caber direitinho vocês dois de mãos dadas - Mariana completou
- Aqui jaz os dois filhos do HR que brincaram com a morte, vulgo Primeira Dama - Caio falou fazendo uma voz com entonação de narrador
- Porque vocês não vão tomar no cu? - Ihan falou e eles riram
Meu pai apareceu no portão de casa com a cara séria, engoli seco. Ele fez sinal para que a gente entrasse e em seguida voltou pra dentro de casa, encarei Ihan e tiramos no par ou ímpar pra ver quem ia apanhar primeiro.
Perdi e tive que ir na frente, entrei em casa olhando pros lados pra garantir que nenhum chinelo iria voar repentinamente na minha direção mas estava tudo limpo, Ihan vinha logo atrás de mim.
- Pode vir sentar aqui - ouvi a voz do meu pai na cozinha
Caminhamos juntos e estavam os dois tomando café na mesa com a cara mais tranquila do mundo.
Sentamos nas cadeiras de frente pra eles
- Eu avisei que se tivesse que ir na delegacia limpar a cara de vocês mais uma vez, eu ia deixar vocês lá - minha mãe falou calma como quem teve uma bela noite de sono
- A gente errou mãe, foi tudo culpa do Ihan - falei me defendendo e ele me encarou me dando uma cotovelada
- Foi o tempo que você não tinha culpa de nada minha filha - meu pai murmurou comendo um pedaço de bolo de chocolate
- Não interessa de quem foi a culpa, dessa vez foi só uma noite, se tiver uma próxima eu vou deixar fichar os dois e não vai ter um advogado pra limpar a ficha dos dois, vocês me ouviram? - ela falou com um tom ameaçador
- Sim mãe - respondemos juntos
- E eu não vou tirar sua moto do pátio, vai pra leilão - minha mãe falou encarando Ihan
- Não mãe, pelo amor de Deus não faz isso comigo não - ele falou fazendo cena - Me bate, eu vou pegar um chicote pra senhora me punir mas pelo amor de Deus, tem piedade do amor da minha vida, deixa meu padrinho ir buscar ela pra mim? - ele implorou indo na direção dela e pegando em suas mãos
- Sai fora moleque - ela bateu nele de leve que choramingou
- Pai, faz alguma coisa - ele pediu
Meu pai fez cara de deboche
- Você que pediu isso, já te falei mil vezes que moto não é pra ficar dando grau por aí - ele falou
- Até parece que você não fazia isso na nossa idade - debochei - Tem um quadro com uma foto de vocês dois dando grau juntos, pendurado na nossa sala - questionei
Minha mãe me olhou com um ódio mortal
- Tô brincando mãezinha, não tá mais aqui quem falou - respondi sorrindo como inocente pra ela
- Tá de castigo por tempo indeterminado - minha mãe falou olhando pra mim - Do trabalho pra casa e de casa pro trabalho, sem baile, sem festa - ela falou e eu bufei querendo me mater
- Três plantão pra você - meu pai falou olhando pro meu irmão que bufou também
Minha mãe se levantou e meu pai também
- Quando eu voltar eu quero a casa brilhando ouviu? - ela falou me olhando
- Sim senhora - falei sorrindo com desgosto
Eles saíram murmurando e eu escutei minha mãe falar "me lembra de tirar esse bendito quadro da parede".
- Ou desce pra boca ou me ajuda a arrumar essa zona - falei encarando Ihan
- To vazando gata - levantou rápido e foi saindo
Respirei fundo e fui fazer a vida rodar.
Quadro da sala - HR e Maria Alice
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Morro do alemão
Teen Fiction*Primeira Temporada* Maria Alice perdeu os pais aos dezesseis anos e desde então estava aos cuidados dos empregados de sua casa, após sair um mandato da justiça declarando que seu tutor legal era um tio que ela não via a muito tempo, a garota se vê...