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Maria Júlia

- Você precisa comer filha - minha mãe falou me observando

Meu corpo inteiro doía, estava horrível. Graças a Deus apenas um braço quebrado, tive que fazer uma cirurgia mais tudo correu bem, apesar do desmaio fiz várias tomografias e os parafusos que estão soltos já eram assim.

- Não tô com fome mãe - respondi olhando pra ela

- Mas tem que comer, pra ficar forte e sair daqui o mais rápido possível - falou se aproximando de mim

Observei o prato de sopa sem cor nenhuma, sem gosto, sem nada.

- Doutora Fernandez, tem um homem querendo visitar a sua filha, se apresentou como Vicente Duarte - a enfermeira falou se aproximando

Minha mãe me olhou

- Tudo bem mãe, eu quero falar com ele - respondi e ela concordou

- Vou estar no corredor - avisou saindo do quarto e eu concordei

Comi uma colher da sopa e meu estômago revirou me fazendo sentir ânsia. Vicente apareceu na porta do meu quarto

Uma parte de sua sobrancelha estava com um corte aparentemente profundo, ele usava uma tipoia que segurava o braço inteiro, aparentemente quebrado igual o meu.

- Posso me aproximar? - perguntou e eu concordei apenas sinalizando com a cabeça

Ele me observou parecendo sem jeito

- Não foi culpa sua - falei encarando ele

- Não entendemos direito o que aconteceu, o carro chegou muito rápido e eu desmaiei com a primeira batida, meu irmão e sua irmã tiraram a gente do carro - começou e eu já senti um nó em minha garganta - Eu só conseguia ouvir os gritos da sua irmã pedindo pra você abrir os olhos e eu não conseguia te ver... - falou visivelmente abalado

Limpei uma lágrima que escorreu em meu rosto

- Sinto muito que tudo tenha sido assim, até o ocorrido, a noite estava fantástica - falei encarando ele que tentou dar um sorriso mas que saiu meio triste e sem jeito

- Espero que você e a sua irmã consigam entender a situação e nos desculpar por toda essa confusão - falou se aproximando mais de mim

- Sei que a culpa não foi de vocês - falei - Já tem alguma notícia sobre quem fez isso? - perguntei observando ele

- Ainda não, estamos fazendo de tudo pra rastrear quem tava dirigindo aquele carro, mas não conseguimos nada - ele falou e eu concordei - Deveria comer sua sopa, vai esfriar - falou me olhando

- É sem sal e sem gosto, não desce de jeito nenhum - resmunguei e ele deu novamente uma tentativa de um sorriso

- Quando tudo isso acabar, se ainda quiser ter outro encontro...- ele falou me olhando

Sorri

- Eu vou te avisar - ele concordou e se afastou

Depois que saiu fiquei pensando no que tinha acontecido, não era justo que eles tivessem que carregar toda essa culpa, o carro apareceu do nada e não entendi direito o que aconteceu, mas ainda estou confusa sobre tudo.

Tentei comer mais um pouco da bendita sopa e fiquei pensando no quanto minha vida tinha dado uma volta desde o momento em que fui a um baile na rocinha depois de anos sem aparecer por lá.

Morro do alemãoOnde histórias criam vida. Descubra agora