Morro do alemão

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Meu pai encarou Germano levantando uma das sobrancelhas

- Eu ia tomar banho, mas o papo aqui ta tão mais interessante - falou se divertindo com a cena e se encostando no batente da porta

- Eu troquei suas fraldas Germano e eu me lembro do dia que você chamou a minha menininha de catarrenta - meu pai encarou ele ainda sério

Mas eu conheço meu pai, no fundo ele tava se divertindo com tudo aquilo, o menor dos seus problemas era Germano.

- Pois é padrinho, ela continua catarrenta e eu so olho pra ela imaginando ela cheia de catarro - falou se defendendo

- Catarrento é você - bati no braço dele que resmungou

- Sei bem viu, amor eu posso bater 5 minutinhos nele no quintal? - meu pai perguntou pra minha mãe

- Desde que vocês não quebrem nada por mim tudo bem - minha mãe falou tranquila

- Agora pronto, ninguem vai bater no meu bebê - minha madrinha falou indo até Germano e abraçando o filho - Bate no pai dele primeiro - ela falou apontando pro marido

- Em mim? - meu padrinho levantou indignado - Em mim nada, ele que se arrombe, ninguem mandou colocar o pau onde não devia - ele falou sem pensar

- Agora eu morro mesmo - Germano falou se levantando

- Tampa o ouvido pai, esse povo ta falando muita bosta - falei e ele semicerrou os olhos me olhando

Sorri como uma doce menininha pra escapar do que quer que ele fosse falar

- Cadê a Maria Júlia em? - perguntei mudando de assunto

Meu pai olhou pra minha mãe

- Na praia com as duas marias - ela respondeu - Ja me mandou uma mensagem avisando que ta chegando - completou e meu pai concordou

- Vou ate beber uma depois dessa, fiquei nervoso - Germano falou pegando a chave da moto

- Ta devendo? - meu pai encarou ele

- Vou trazer Heineken pra você padrinho, porque eu te amo demais - ele falou saindo da cozinha

- Eu vou buscar alguma coisa pra mim também - falei saindo da cozinha

- Não demora - minha mãe gritou

Sai de casa junto com Germano

- O ar ta até mais leve aqui fora - comentou e eu ri alto

- Você precisava ver a sua cara - encarei ele ainda rindo

- Vai rindo bonitinha, o seu tambem ta na reta viu? - me olhou e eu mostrei a língua

- To com preguiça de descer la no disk, trás umas beats pra mim ? - pedi e ele concordou saindo em direção a sua moto - Devagar - falei olhando pra ele

- Sempre - concordou acelerando e descendo o morro

Respirei fundo pensando na vida e vi duas motos parando na porta de casa.

Henrique e Rafaela em uma moto e Gustavo e Gabriela em outra.

- Eae gata - Gustavo falou descendo da moto

- Oi gente feia - sorri pra eles

- Pode elogiar essa jaburu mesmo não, menina atrevida do carai - Gustavo resmungou e eu sorri abraçando ele

- Cadê meus tios? - perguntei

- Ja deve estar vindo - Rafaela falou e eu concordei

- Ooooi meu povo - Maria Julia gritou descendo de um carro

- Chegou a escandalosa - Henrique falou

- Me ama pouco - ela resmungou pra ele que sorriu

- Onde vocês estavam bonitas? - Gabriela perguntou encarando a irmã

- Tomando açai na praia, mo bom viu? - Mariana respondeu

- Com que dinheiro? - Rafaela encarou elas

- Papai baaanca papai da pandoraaa - Maria Julia disse tirando o cartão do meu pai do bolso

- Essa geração de hoje ta perdida, na minha época, a gente tinha que atravessar dois corregos a nado pra ir pra escola - Gustavo contou a mentira mais descarada do mundo fazendo todo mundo rir

- Anem, Gustavo ja ta contando a maior mentiraiada e eu nem cheguei ainda - Caio falou se aproximando do além, ninguém viu essa criatura surgindo

- Ainda bem que você chegou marido, só você pra complementar as minhas mentiras - falou abraçando Caio que riu achando graça

Entramos em casa ouvindo mais uma das palhaçadas dos dois e fomos na direção do quintal onde meus pais e meus padrinhos estavam sentados na grande mesa de madeira.