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- Aonde as três marias vão? - minha mãe perguntou quando descemos juntas as escadas

- Na praia mãe, quero tomar um ar e refletir sobre a vida um pouco - falei tranquila

Ela me olhou alguns segundos analisando minha expressão e a das meninas como quem julgava um condenado no tribunal

- Volta antes das 19, pro jantar em familia - falou e eu concordei

Saimos juntas e o LP, um dos vapores do morro ja estava com um carro na porta de casa

- Oi gatinho - Mariana cumprimentou ele

- Eae lindas, o que mandam? - perguntou quando fechei a porta do carro

- Pra praia - falei e ele concordou ligando o som do carro com um pancadão e eu peguei meu celular para avisar a Vicente

____________WhatsApp__________

Eu: Me encontra na orla, perto da cabana de açai

Vicente: Ok
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Ihan: Vai pra onde? Vi o carro do LP passando cheia de maria aqui na frente do bar

Ihan: Eu deixei?

Eu: Vou na praia com as
meninas, só tomar um ar
e to voltando pai

Ihan: Se liga Maria Julia, to de olho em você

Eu: Não vou demorar meu queridissimo irmão, te amo

Ihan: Amo gente feia não querida, so mulher bonita

Eu: Ingrato
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Logo estavamos no lugar combinado, desci do carro sentindo a brisa do mar e nos despedimos de LP que avisou que daria uma volta mas logo viria buscar a gente

- Se ele falar comigo eu dou uma pedrada nele, não confio - Maria Vitoria falou

- Fala baixo que ele ta vindo - Mariana cutucou ela, tirei a atenção das duas e observei Vicente que vinha na nossa direção

- Oi - falou quando se aproximou

- Oi - respondi encarando ele sem jeito

Ficamos uns segundos em silêncio

- A gente vai pegar uma mesa pra gente Maria, qualquer coisa estamos ali do lado - Mariana falou arrastando Maria Vitoria que olhava Vicente com cara de bosta

- Sua amiga não gosta muito de mim - comentou quebrando o silêncio

- Ela achou que você iria me sequestrar - ele riu baixo se divertindo

- É um bom palpite - falou concordando e eu sorri negando - Como está seu braço? - perguntou olhando para o mesmo

- Bem melhor, graças a fisioterapia quase não sinto mais dor - falei e ele concordou parecendo tomar coragem para começar a dizer algo

- Não sei o que contaram pra você, mas queria esclarecer algumas coisas - começou - Meu irmão acabou sendo passado pra tras por uma pessoa que fugiu com a nossa carga de heroína, o cara estava cobrando o pagamento a algum tempo, mas nunca chegou a ameçar algo do tipo, eu não sabia de nada - explicou - Meu irmão só contou pra mim e para o meu pai depois do acidente, Vinicius é impulsivo e as vezes sem noção, mas tenho certeza que o intuito dele nunca foi machucar ninguém, só descobrimos depois que o traficante já estava vigiando a gente a um tempo - completou

- Vocês mais do que ninguém sabem que dever pra traficante de drogas de grande porte é fiança de morte, até eu que não to na vida do crime diretamente to sabendo - comentei encarando ele

- Achamos que ele aproveitou o dia que saimos juntos para fazer o ataque planejado, já que estavamos com duas pessoas de um morro aliado, ele queria forçar nossos dois comandos a revidar e causar uma richa maior ainda - explicou - Meu pai e o seu entraram em um consenso e resolveram que a melhor opção para pagar o cara, era uma missão em outra cidade - completou - Vamos essa madrugada e eu não poderia ir sem me desculpar com você, apesar de não ter 100% da culpa, já que como eu disse, só soube de tudo depois de ja ter acontecido, ainda sim, causamos danos irreparaveis em vocês duas e na familia de vocês como um todo - pegou em minha mão que estava na mesa

Encarei ele que realmente parecia visivelmente abalado com o que dizia

- Ainda ouço o grito da sua irmã pedindo para você abrir os olhos, não consigo tirar isso da minha cabeça e não sei como ta sendo pra ela, mas com toda a certeza deve ser bem pior - falou olhando em meus olhos - Desculpa por ter feito vocês duas passarem por isso, a familia de vocês não merecia nada disso - alisou minha mão

- Obrigada por ter vindo se desculpar, significa que se importa - falei apertando sua mão também

- Eu me importo com você Maria Júlia - falou me olhando nos olhos

- Sabe, mesmo que eu tente, não consigo deixar de me lembrar o quanto o dia que saimos juntos foi bom, senti uma conexão que nunca senti com outra pessoa, por isso eu vim, não conseguiria descansar, sabendo que você estaria em outra cidade mesmo ainda se recuperando de um acidente, e que talvez nunca pudesse ouvir o que você tinha para me dizer - encarei ele

- Você vir, me deixou mais tranquilo para ir - falou me olhando com um sorriso no rosto - Vou repetir o que te disse no hospital, quando tudo isso acabar, se ainda quiser ter outro encontro... - me olhou

Sorri

- Volte vivo e iremos ter outro encontro, sem acidentes e sem traficantes malucos tentando nos matar - falei brincando e ele sorriu parecendo aliviado

Morro do alemãoOnde histórias criam vida. Descubra agora