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Maria Alice

- é sério? - olhei pro motorista desacreditada quando ele parou na entrada do Morro

- eu acredito que sim senhorita Fernandez - ele falou me olhando sem demostrar muita expressão

Colocou cada uma das minhas seis malas no chão e eu saí do carro devagar, encarei aquele lugar completamente estranho e apertei a bolsa contra o corpo quando vi três garotos descendo o Morro armados dos pés à cabeça, corri pra trás do motorista

Eles se aproximaram e começaram a me olhar com deboche, fiquei assustadíssima, era só o que faltava um assalto a essa altura do campeonato

- tudo bem ai garota? - um deles perguntou com deboche

Fiquei calada torcendo pra que eles estivessem falando com uma outra garota que passou rebolando e subindo o Morro toda espevitada

- preciso ir senhorita Fernandez - o motorista tirou minhas mãos dele e já foi entrando rápido dentro do carro

- você não pode me deixar aqui - tentei entrar no carro rápido também mas ele travou as portas

- não se preocupe está em boas mãos, eu espero - me olhou uma última vez - boa sorte - fechou o vidro e saiu cantando pneu me deixando comendo poeira, com seis malas e três garotos ARMADOS do meu lado

Fiquei calada e imóvel esperando a minha morte, apenas torcendo pra que fosse rápida e sem muita dor

- escuta garota, já acabou o show? - um dos garotos disse sem paciência - o sol tá rachando mamona e a gente plantado igual besta esperando a madame falar algo, bora logo que teu tio tá lá em cima te esperando - ele pegou no meu braço começando a me forçar a andar

- sai fora garoto, sei nem onde você botou essa mão - falei puxando meu braço de volta e fazendo ele me olhar de cara fechada - cara feia pra mim é fome - resmunguei

- tira ela de perto de mim pelo amor de Deus - ele falou revoltado e pegou duas das minhas malas - tá carregando pedra aqui dentro garota? - perguntou me olhando

- sinceramente, era só o que tava faltando - o outro garoto disse e riu

(...)

Paramos na porta de um lugar que era chamado por boca, parecia ser no meio do morro o que fez muita gente que tava passando me olhar dos pés à cabeça, fazer o que né, sou lindona

Os caras entraram e me largaram sozinha do lado de fora, minutos depois meu tio apareceu de cara fechada, quando me viu forçou um sorriso se aproximando

- tu cresceu em - me puxou pra um abraço meio desajeitado e apertado ao mesmo tempo

Ele não tinha mudado muito, continuava musculoso e um gato, mesmo com a idade que já não era das mais novas

- cresci nada - respondi quando ele me soltou

- já tem vinte? - perguntou me olhando dos pés à cabeça e me analisando

- dezessete tio - respondi e ele sorriu

- uma criancinha - brincou e eu sorri de lado - vamos vou te levar pra sua nova casa, como foi sua primeira impressão? - perguntou andando na direção de uma moto e eu fui logo atrás

- você quer que eu seja sincera ou que eu diga o que você quer ouvir? - perguntei

- sinceridade pô - me entregou o capacete ligando a moto em seguida

- é o lugar mais estranho que já vi na vida - ele gargalhou e assim que eu subi acelerou a moto morro acima.

Morro do alemãoOnde histórias criam vida. Descubra agora