Morro do alemão

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Três dias depois

Maria Alice

Encarei Italo que finalmente dormia por alguns minutos ao meu lado na cama, desde o dia em que o maldito do Tigre tinha consigo fugir porque explodiu uma bomba dentro da boca ele mal pregava os olhos

Estou passando esses dias na casa dele, ele mal dorme, mal come, vive preocupado comigo e não dorme enquanto eu não dormir, geralmente não dorme nunca. Fica me olhando a noite inteira e sempre que acordo assustada já está me abraçando e dizendo que estou segura, tenho tido inúmeros pesadelos e eles sempre terminam com um tiro, não consigo ver o resto nem entendê-lo, mas sempre tive essas coisas de sentir quando algo ruim pode acontecer, isso me deixa agoniada

Italo se remexeu assustado e abriu os olhos me assustando também

- Tudo bem? - ele perguntou me olhando

- Estou bem, foi só um pesadelo de novo, pode dormir amor - respondi e ele passou a mão no rosto respirando fundo

- Você precisa mais do que eu - ele falou se ajeitando na cama e virando o corpo de frente pra mim

- Você tem olheiras - avisei e ele apertou meu nariz sorrindo fraco - Por quanto tempo ainda vamos ter que ficar assim? - perguntei olhando em seus olhos

- Vou achar esse cara Maria, ele não vai mais fazer nenhum mau a você e nem a ninguém nesse mundo, porque quando eu o encontrar, vou devolver ele pro inferno de onde ele nunca tinha que ter saído, nem que seja a ultima coisa que eu faça - ele respondeu colocando a mão no meu rosto

- Não fala assim...- falei fechando os olhos e ele fez carinho no meu rosto - Sabe que eu não gosto quando você vem com esse papo de "última coisa que eu faça" - abri os olhos e ele estava sorrindo

- Não vou deixar esse cara te fazer mal e ainda sair impune como se não tivesse feito nada - ele me respondeu - Eu faria qualquer coisa por você - falou olhando nos meus olhos

- Eu sei que sim - sorri e ele me puxou me dando um selinho

- Pode dormir, estou aqui do seu lado e não vou sair, você sabe - me puxou pro seu peito beijando minha cabeça e eu relaxei o corpo

(...)

- Como você está se sentindo? - meu tio perguntou me olhando enquanto eu tomava café

- Péssima - fui sincera e ele me olhou por alguns segundos quieto

- Você tá com uma carinha fuleira mesmo - TH brincou e eu tentei sorrir 

- Não consigo dormir direito - falei bebendo um gole do meu café

- Os mesmos pesadelos? - meu tio perguntou 

- Sim - respondi e ele concordou 

- Vamos pegar esse cara Maria, é uma promessa - Th falou 

- Eu sei que sim, mas não vejo a hora desse pesadelo acabar, me sinto observada - falei 

- Estamos aqui dentro o tempo todo, ninguém vai entrar aqui Maria - meu tio respondeu 

- Eu sei, mas não me sinto totalmente segura eu... - comecei mas fui interrompida por três caras encapuzados que entraram com fuzis dentro da minha casa - Ai meu Deus - Me levantei no susto e meu tio e TH não conseguiram nem reagir 

- Coloque as armas na mesa ou ela morre - um deles falou me colocando na sua frente e colocando fuzil na minha cabeça, quis chorar, meu tio me olhou desesperado - ANDA PORRA! - ele gritou batendo o fuzil devagar na minha cabeça e eu gritei assustada 

- Por favor, por favor façam o que eles estão pedindo - implorei e meu tio e Th tiraram a arma da cintura colocando em cima da mesa 

- Levanta - o outro cara mandou, eles se levantaram, Th ainda com um pouco de dificuldade por causa das muletas que ainda usava - Andem na frente - ele mandou e eles andaram com as mãos na cabeça

- Pra onde estão me levando? - perguntei sendo arrastada grudada no corpo daquele homem que me pressionava um fuzil na cabeça 

- Fique calada - ele falou sem dar muito crédito 

Saímos da minha casa e os moradores que estavam na porta olharam assustados e correram pra dentro das suas casas, enquanto descíamos o morro todos que nos viam corriam e eu chorava descontroladamente 

- Seu filho da puta! - ouvi e vi Italo saindo da boca com o celular no ouvido e a arma na mão, quando me viu me olhou com a cara assustada e desesperada