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Maria Helena

Eu estou completamente fodida.

- Ela vai matar a gente - Ihan falou preocupado

- Ela não vai saber - respondi, nem eu acreditava nas minhas palavras

- Se a gente fala mais alto o nome dela em qualquer lugar do país ela escuta - Ihan me olhou - É óbvio que ela vai saber - ele respondeu como se eu fosse a pessoa mais burra do mundo

Ia retrucar mas ouvi o barulho dos saltos pelo corredor, quis enfiar minha cabeça no chão, as pessoas pararam o que estavam fazendo para ver ninguém mais ninguém menos que a melhor advogada criminalista do Rio de Janeiro, Maria Alice, a minha mãe.

Ela caminhou na nossa direção e parou tirando os óculos de grau do seu rosto frio mostrando o ódio que ela estava mas ainda sim se mantinha plena, isso me dava vontade de cortar os pulsos ali mesmo.

- Vocês estão muito encrencados - ela falou e eu sabia que a gente estava mesmo, fodidos até o fio da alma, minha mãe só era educada quando estava extremante puta.

O delegado abriu a porta da sala dele com a expressão tão séria como a da minha mãe

- Boa noite doutora Fernandez - ele falou dando espaço para que ela entrasse

- Boa noite Delegado Rivieira - ela entrou na sala e nós dois ficamos do lado de fora apenas observando

Eles gesticulavam juntos e minha mãe parecia frustrada enquanto falava com ele, observei a cena sabendo que ia levar o maior esporro da vida.

- Ela odeia a gente - falei me sentando de costas para o vidro parando de ver os dois

- Claro que não Lena, ela só vai matar a gente e triturar nossos ossos, depois ela vai usar de sal pra fazer o prato favorito dela - ele respondeu e eu ri gargalhando, realmente tinha sido engraçado

Péssima hora pra ter uma crise de riso, a porta se abriu e minha mãe saiu vendo minha cara vermelha de tanto rir e meu irmão se fingindo de doido, ela franziu a testa olhando para a minha cara

- Obrigada delegado e desculpe pelo transtorno - minha mãe falou e a gente se levantou indo na direção dela - Tenha uma boa noite - falou sorrindo para ele

- Pra você também - o delegado disse, em seguida dois policiais se aproximaram com algemas e eu gelei encarando minha mãe assustada

- Maria Helena Rodrigues Fernandez e Ihan Rodrigues Fernandez vocês estão detidos - a mulher me virou me algemando

- Mãe! - eu e meu irmão reclamamos enquanto a delegacia inteira olhava a nossa cara

- Eu avisei que da próxima vez que vocês fossem parados pela polícia vocês iam dormir na cadeia, pois bem - ela ajeitou a bolsa pegando a chave do carro - Durmam bem e não tentem me ligar porque vou estar dormindo bem tranquila na minha cama bem confortável, amanhã de manhã eu penso se libero vocês ou deixo vocês mofarem aí - ela falou colocando o óculos de volta no rosto

- Mãe pelo amor de Deus - meu irmão reclamou - Aí seu corn...- ele ia xingar o policial mas o cara apertou mais a algema - Aí policial querido, você tá me machucando - ele reclamou puto mas se fazendo

- Se fosse pra fazer carinho não seria para baderneiros - ele falou e os dois arrastaram a gente

Ainda estava em choque, minha mãe, minha própria mãe, a mulher que me deu a vida me deixou pra DORMIR em uma cela fedorenta, me sentei no banquinho que tinha ainda paralisada enquanto Ihan xingava e resmungava andando de um lado pro outro

- Não acredito que ela deixou a gente aqui - ele falou indignado

- Eu não consigo nem formular frases, estou em completo choque - falei olhando pra ele

Meu celular vibrou, era um milagre eles não terem pego da gente, o nome "Papai" aparecia e ele ligava por chamada de vídeo, respirei fundo e atendi

Ligação por chamada de vídeo

- Ah estão vivos, menos mal - ele falou olhando pra gente

- A gente tá preso! - reclamei, ele deu uma risada alta e longa

- Sua mãe já tinha avisado pra vocês, vocês que moscaram - ele falou ainda rindo

- Lena, Ita, onde vocês estão? - Maria Júlia enfiou a cara na tela do telefone

- Eles são delinquentes estão na cadeia - minha mãe gritou de longe

- Pai faz alguma coisa - choraminguei e ele deu um sorriso

- Você sabe como as ordens da casa funcionam princesa, eu não passo por cima das ordens da sua mãe e ela não passa por cima das minhas, vocês escolheram estar aí - ele respondeu e Maria Julia apertava sua bochecha enquanto ele falava

- Quem em sã consciência escolhe ficar na cadeia? - Ihan reclamou

- Vocês, são burrinhos burrinhos - Maria Júlia falou e eu semicerrei os olhos enquanto meu pai gargalhava

- Pai eu tô com fome - falei lacrimejando ate os olhos, eu choro com qualquer bobeira

- Seu tio vai levar alguma coisa pra vocês comerem - ele falou - Preciso ir agora, tô morrendo de sono e minha cama tá me esperando, boa noite - ele falou

- ô pai...- reclamei e ele deu tchau desligando o telefone

Fim da chamada de vídeo

Resmunguei colocando o telefone no chão, respirei fundo observando a cela podre de imunda

- Não tem nem um colchão nessa porcaria - reclamei me encostando na parede

Um dos polícias entregou duas marmitas e uma garrafa com suco, dividimos o suco e comemos, depois Ihan se deitou no canto mais escuro e eu me deitei agarrada nos seu peito porque estava com frio

- A gente vai morrer aqui...- resmunguei fungando e Ihan riu da minha cara

- Que morrer garota, a gente aguenta qualquer parada porque fomos criados pra isso - ele falou fazendo carinho no meu cabelo enquanto eu chorava baixinho

Sim eu estava chorando, chorona era completamente o que me descrevia em todos os sentidos

- A gente não foi criado pra ser preso - funguei - Não quero ficar pra sempre aqui...- chorei e ele gargalhou

- Dramática pra caralho em magrela - riu me apertando e dando risada - Mas pode falar... - fez uma pausa - O grau tava daora - brincou me apertando de novo e eu ri limpando as lágrimas

- Temos que marcar a próxima - brinquei e a gente riu

Fodidos, mas juntos. Isso que importa né?

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