Capítulo 20

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Maite foi dar o recado, deixando Poncho aliviado por ter a chance de falar com Any. Ele foi para o local combinado e não demorou muito para que ela chegasse. Anahí entrou no carro e sentou no banco do passageiro, em silêncio.

Poncho: Any, meu amor! O que aconteceu? Por que você não queria falar comigo? - Tentou pegar no rosto dela, mas Any se esquivou.

Any: Não me toca e não me chama assim. -Falou seriamente.

Poncho: Não faz isso comigo, o que aconteceu? - Perguntou nervoso. Ela estava fria e não o olhava nos olhos. Nem parecia a sua Any, a que tinha passado os últimos dias com ele tão feliz e sorridente.

Any: Aconteceu que eu me dei conta de que não vale a pena largar minha vocação por um relacionamento incerto. Foi bom estar com você para ter certeza de que não é isso que quero para minha vida. Eu vou ser freira. Não quero mais te ver.

Poncho: Incerto? Eu quero ficar com você para o resto da vida. Any, não brinca comigo. - Já estava angustiado, não podia mais imaginar como seria viver sem ela.

Any: Não estou brincando - Ela olhava para frente, para não olhar nos olhos dele. Queria muito jogar na cara dele que sabia de tudo, gritar que ele a tinha enganado, que sabia que Belinda estava grávida. Mas aquilo a faria chorar e a última coisa que ela queria era que ele a visse sofrer por ele. Ele não merecia suas lágrimas.

Poncho: Você só pode estar brincando - seu coração estava apertado, não podia acreditar que aquilo fosse verdade.

Any: Não estou. É isso, não tenho mais nada para falar. Não quero mais contato com você, vou seguir com meu foco na minha vocação. - Ela abriu a porta para sair, mas Poncho a segurou.

Poncho: Any, olha para mim! - Ele já estava chorando, não pode evitar. A ideia de perdê-la era terrível demais para Poncho - Eu te amo! Te amo como nunca imaginei que fosse capaz, você disse que me amava, nós estávamos felizes. O que te fez mudar de ideia assim?

Any respirou fundo, buscando forças para continuar. Olhou para ele e viu a dor dominar seus olhos, já transbordando em lágrimas. Viu tristeza naqueles lindos olhos que ela tanto amava, mas que agora ela não conseguia olhar sem sentir raiva por tê-la enganado. Any ficou firme, já tinha se preparado e não ia cair na conversa  dele. Não mais.

Any: Eu me enganei. Estava divertido fazer algo proibido, mas foi só isso. Um momento de insanidade. Passou. - Falou com a maior frieza que conseguiu. Queria que ele se sentisse desprezado, era uma forma de não deixar que ele saísse vitorioso do jogo que Belinda falou que ele estava fazendo.

Poncho: Você tem certeza? - A voz saiu embargada. Poncho sentia uma dor sufocante, semelhante a que ele sentiu quando sua esposa morreu.

Any: Absoluta. - Ela já não olhava mais para ele. Estava se controlando muito para não chorar, precisava sair rapidamente dali.

Poncho: Por que será que eu não sinto que está sendo sincera? Tudo que aconteceu com a gente não significou nada para você? Não dá para acreditar!

Any riu, sarcástica.

Any: Você se acha tão irresistível assim? Eu não quero mais. Aceite!

Poncho: Não dá! Eu sentia que meu amor era correspondido. Olha para mim! -Ele tocou no rosto dela, tentando virá-lo, mas ela não permitiu.

Any: Sentiu errado. Acabou, chega, fomos longe demais. É isso. Seja feliz. - Ela abriu a porta do carro e saiu correndo. Se ficasse mais tempo ali fingindo toda aquela frieza iria sufocar.

Poncho não teve forças para impedi-la. Enquanto a via se distanciar, chorava como uma criança. Mais uma vez via a felicidade escapar de suas mãos e dessa vez não restava forças nem mesmo para fugir dali. Não conseguia ver esperança, ele tinha perdido outra vez. Amava Any de forma tão intensa que a dor de perdê-la era inimaginável, o ar lhe faltava de tanto chorar. Não podia acreditar que ela não estaria mais com ele. Sua vida havia se tornado cinza outra vez.

Perderme en tiOnde histórias criam vida. Descubra agora