Capítulo 1

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Alfonso olhava pela janela do avião e um misto de sentimentos o invadia - medo de enfrentar a realidade e reviver a dor de não ter mais sua amada esposa, remorso por ter abandonado a filha por dois anos e saudades das pessoas que ele amava e que sabia que o amavam também.

Depois de perder seu grande amor e mãe de sua única filha em um trágico acidente, o grande empresário Alfonso Herrera ficou completamente transtornado. Sem saber como viver com aquela dor, ele mudou de país, deixando a filha em um conceituado internato dirigido por freiras, sob a supervisão de sua prima Dulce Maria e seu grande amigo e noivo dela, Christopher. O tempo cicatrizou a ferida e, depois de 2 anos, ele enfim estava voltando.

Lembrando como tinham sido seus últimos anos na Europa, Alfonso olhou para o lado onde Belinda, sua mais nova namorada, dormia com a cabeça recostada na poltrona do avião e uma insegurança o invadiu.

Será que tinha tomado a decisão certa? Belinda era uma bela mulher, uma modelo jovem e talentosa, que parecia gostar dele de verdade. Ele, por sua vez, sentia que era o momento de tentar retomar sua vida e precisava de alguém ao seu lado, alguém para ocupar o lugar de mãe na vida de sua pequena Lorena.

Sua mente dizia que aquela era a melhor decisão, mas seu coração não estava em paz. Ele tentou espantar a insegurança, passou o braço pelas costas da namorada e fechou os olhos.

Decidiu tentar dormir. Quando acordasse, pousaria no Brasil, uma nova fase de sua vida começaria e ele precisava acreditar que tudo daria certo. Ele precisava acreditar que ia conseguir ser feliz novamente.

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Dulce atravessou o portão do imenso internato e, pela primeira vez em dois anos, sentia-se feliz. Dessa vez sabia que não sentiria seu coração doer ao olhar para sua querida sobrinha e saber que, além de ter perdido a mãe tão cedo, seu pai, que deveria estar ao seu lado, a tinha abandonado.

Dulce: Bom dia, irmã Maite! - Falou, sorridente, cumprimentando uma das religiosas, que era também professora de sua sobrinha Lorena.

Maite usava uma saia longa e rodada até os pés, além de uma blusa de manga comprida e um véu que cobria seus cabelos, deixando apenas o rosto à mostra. Ela era uma noviça, estava em formação para virar freira.

Maite: Bom dia, titia maluquete! - Respondeu, animada, o tom contrastando com as sérias vestes de freira que possuía.

Madre: Mais respeito, irmã Maite! - Maite fechou os olhos, assustada por ter falado sem perceber que a Madre Superiora, uma senhora freira e diretora da escola, estava se aproximando.

Dulce: Imagina, sei que isso é coisa da Lorena. Minha sobrinha me chama assim, é normal as irmãs me chamarem também. Principalmente a Maite, que é uma das queridinhas dela.

Maite: Obrigada, Dulce. Viu, Madre? Ela me entende. -Dando uma piscadinha.

Madre: Irmã, contenha-se e vá chamar a Lorena. Acredito que queira vê-la, certo dona Dulce?

Dulce: Só Dulce, por favor, Madre. E sim, tenho uma notícia maravilhosa para dar para ela. - Sorriu, animada.

Maite: Ai o que é? Me fala! - Se aproximou, curiosa. Porém, desistiu ao ver o olhar reprovador da Madre Superiora. - Ok Madre, já entendi... estou indo chamar a Lolo, ela está no parque. Trago ela para cá?

Madre: Óbvio que não, vamos conversar na minha sala. - Dulce segurava o riso, achava Maite muito divertida - Dona Dulce, quer dizer, Dulce, vamos, eu te acompanho até lá e logo a Irmã Maite irá levar a Lorena.

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Lorena estava no parque com suas amigas. Ela corria sorridente, escorregava, se balançava, até que ao passar na frente de duas meninas, ouviu uma delas a chamar.

Perderme en tiOnde histórias criam vida. Descubra agora