Por onde andei, enquanto você me procurava?

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A surpresa e gosto de ter Giovanna voando comigo pra minha cidade natal era pra lá de maluca. Eu fantasiava essas situações, mas não conseguia imaginar o quão bonito seria esse momento pra nós dois.


Quando me mudei para Minas pra assumir todos esses compromissos que assumi, eu não tinha noção da sorte que iria me encontrar em meio ao triângulo mineiro. Talvez estivesse pronto, estivesse escrita essa sorte e esse destino me pertencesse. Talvez fosse a certeza.


Acho que a gente estava destinado um ao outro, e eu notei isso quando vi ela chegando na minha casa, e apesar da timidez e mau-humor, se enturmar como se fosse parte daquele lugar, se tornando melhor amiga de dona Marisa naquela manhã de quinta-feira, e cúmplice fiel da terrorista mirim da minha irmã. Coisa que só acontece nos sonhos.


Deixei elas no qui-qui-qui e co-co-có na cozinha, e segui com painho até o carro, esperando que ele me falasse alguma coisa. Eu nunca cheguei a apresentar namorada pra minha família, porque eu era o que vulgarmente chamamos de... um atoa. Mas bem, uma hora isso iria acontecer né?


— Bicha bonita da porra, Alex. — disse, afinando a voz e me fazendo rir. — Tu comentou que era bonita, eu vi foto, mas rapaz...


— Capa de revista, né, painho? — sorri, todo gabola. — E é por dentro e por fora, viu? Tô arriado por ela que tu não tem ideia.


— Tô vendo pela sua cara, meu filho. — disse, com um sorrisão aberto de ponta-a-ponta, me desafiando que nem homem talvez pela primeira vez. — Então, é ela?


Tremi na base, mas encarei os fatos com a verdade que eles mereciam ser lidados.


É, é ela. — disse, seguro de mim. — Se não for ela, não tem condições de ser outra.


— Tô feliz por você. Muito feliz do que você vem se tornando, Alex. — me deu aqueles dois tapinhas típicos de paizão e me ajudou a sair com as malas até a casa, tentando segurar meu choro.


Família longe é difícil, e eu falho muito com eles. Mas não sei... esse momento me fez sentir um pouco mais orgulhoso das minhas escolhas e batalhas. E pra ser sincero, pode ser que essa seja a escolha definitiva da minha vida.


Fui entrando na casa e escutando a conversa por cima: mainha perguntava sobre tudo pra coitada, que respondia pra lá de íntima com a sogra, coisa essa que olha... que sensação doida eu tô sentindo.


— Giovanna, esse menino não me conta nada! Só me disse que você e ele trabalham juntos, acredita?


— Nó, mas isso não é possível, dona Marisa! Cê pega meu número, que eu passo o relatório diário do que ele tá aprontando em Minas, alguém tem que te deixar informada das presepadas que ele apronta.


— Mentindo 10 da manhã, Giovanna? — disse, causando espanto e uma sequência de risadas. — Dê ideia a mainha não, viu?


— Alex meu filho, a gente precisa se unir. Tá feliz que eu me dei bem de cara com tua namorada não? — Dona Marisa falava, abraçando a nora de lado, me aquecendo o coração.


— Não, eu acho é ótimo. A única coisa que não vai ser boa é vocês duas agora tramando contra mim interestadualmente.


— Ô, menino bobo esse teu, dona Marisa.


— Venha cá, cês vão ficar de conversinha ou vão se aprontar pra sair? Tenho tempo a perder não, bora, nega.


— Ah Gio, se espanta com aquele mausoléu do quarto do seu namorado não, viu? — disse Alícia, toda abusada pro meu gosto. Dei um peteleco no seu ouvido, e recebi 30 sermões diferentes de painho e mainha. É, tô de volta pra casa mesmo.


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