Como pode uma única pessoa ser responsável por me tirar dos eixos de uma forma que eu nem sei explicar, Zé. É loucura pra mais de metro quadrado.
— Mantenha a distância, trem. — soltei totalmente nervosa, fora de mim, quando notei sua aproximação do meu corpo.
Pós flagra de Rafael no motel e um sexo pra lá de sentimental entre nós dois, eu estava fugindo dele e com toda a razão do mundo, com toda a minha hipocrisia de uma mulher traíra.
Se o sexo por sexo já era bom, o sexo com os meus sentimentos tão conflitantes foi ainda mais indescrítivel. O desgraçado era bom em todas as suas versões, a canalha e a do ombro amigo cuidadoso.
— Tô bem longe de tu. — levantou as mãos em rendição. — Mas tu vai fugir de mim até quando, ein? Tu pensa que eu não percebi.
— Ih, olha só. Preciso ir embora. — olhei para o relógio no meu pulso, fingindo verificar o horário.
Não tinha a porra de compromisso nenhum, mas precisava me manter o mais longe possível desse homem para o bem da minha sanidade mental.
Ele deixou com que eu me afastasse tranquilamente, e isso me deixou intrigada, totalmente intrigada. Tanto ao ponto de eu dar meia volta até onde ele estava com uma feição de indignação no rosto e os braços cruzados em frente ao corpo.
Totalmente maluca da cabeça, eu assumo.
— Ocê não vai falar nada, não? — eu conseguia ver o sorrisin de canto nascendo nos seus lábios, como se tivesse vencido algo.
Eu me entrego fácil demais, o meu grande problema é esse.
— Tô tentando te ler, mas tá difícil, Giovanna. — essa sinceridade toda dele me pega desprevenida sempre. — Por que tá fugindo de mim?
A verdade é que não tinha uma resposta concisa para sua pergunta, muito menos conseguia entender o que me repelia dele. Esse professor mexe com lugares em mim que ainda são desconhecidos e me deixa apavorada, e o natural é fugir.
Nada que é novo é bem aceito por nós logo de cara.
— Você voltou com ele? — notando o meu silêncio, deixou que suas preocupações dessem o ar da graça.
Quis rir, quis verdadeiramente rir da sua cara. Em que cenário eu voltaria com alguém como Rafael, ainda mais depois de tudo?
Ainda mais depois dele.
— Se voltou não tem problema, não precisa me ignorar, não. Eu não vou mais atrás de tu, não. Não sou disso.
Ele desatou a falar um monte de coisa que eu nem parei pra prestar atenção, enquanto me aproximava do seu corpo com o intuito de fazê-lo para de falar tanto bobeira.
— Fica... Fica quieto. — pedi cautelosa, colocando o meu indicador sob os seus lábios. — Não tem nada de Rafael, esqueça Rafael, véi.
Rafael já não era mais pauta na minha vida há muitos dias, visto que todos os meus pensamentos foram dominados por um único sotaque, uma única voz rouca e pelas mãos brutas e carinhosas que só ele sabia conduzir em minha derme.
Maldita hora que eu abri minhas pernas pra um canalha desse. Bagunçou tudo por onde passou, me transformou em uma mulher que eu ainda estava tendo que descobrir, uma Giovanna completamente diferente.
— O que foi, então? Se você ficou chateada por causa da nossa noite no motel, eu não quis abusar do fato de você estar sensível e de tudo... — tampei sua boca pela segunda vez, odiando vê-lo pedindo tantas desculpas.
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Imponderável
FanfictionMapas, clássicos, classes e conversas. Quando histórias tão diferentes se cruzam para serem escritas, o imponderável acontece. Uma coordenadora de um colégio tradicional em Belo Horizonte tendo que aprender a driblar as investidas do seu novo profes...