Eu detesto o jeito dela, mas pensando bem...

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Do dia que marca o dia de hoje, faz quase 3 semanas que eu passei um dos fins de semana mais arriados por causa de um rabo de saia problemático, bonito, largo e gostoso. Ô, rabo de saia, vestido, calcinha inesquecível. Dava calafrio de pensar que já tive na palma das minhas mãos.


Quando acabou a sessão de safadeza em público, ela encasquetou com o namorado que precisava ir pra casa, porque a menstruação tinha descido e ela não vinha se sentindo bem de jeito nenhum. Eu poderia fazer uma piada ruim dizendo que o que escorria pelas pernas era mais a vontade de mim do que qualquer coisa? Poderia. Poderia fazer outra piada péssima que ela vinha a quase 3 semanas se definhando em culpa, sem tocar no tópico, por remorso e consciência pesada? Poderia também. 


Mas eu também me baqueei com aquele enlace maldito que aguça o pior num homem.


Depois do gelo que ela me deu, não posso mentir e devo dizer que vivo pra morrer e só não morro porque vivo pra pensar nas últimas ocorrências. Acho que agora é pra valer mesmo — censura 100%, como eu aparento merecer na mão dela.


Injusto, eu só trouxe o bônus a todo momento na vida dela: orgasmo, adrenalina, risadas e um café da manhã digno de resort 5 estrelas no Nordeste. Eu que saí perdendo, porque além de estar me metendo com uma mulher que tem o poder de assinar e desassinar minha carteira de trabalho, é uma mulher que diz que é comprometida. Lascado ao quadrado, de todas as formas.


As férias da faculdade não existiam, então lá estava eu no Centro de Memória e de Pesquisa Histórica, quebrando a cabeça com essa pesquisa sobre alguns novos escritos encontrados em uma igreja em Tiradentes, que vinha tirando o juízo de todo grupo de estudo. 19h de uma noite de quarta, pós-colégio e pós-vida, eu já estava tal como um zumbi perante aqueles calhamaços escritos em português-galego, letras de forma absurdas e tédio memorial a quem não se interessa pelas pautas, eu e Marina transcrevíamos o texto com preguiça, e fofoca.


— Nó Zé, deixa eu te perguntar... Aquele rolo com a morena do bar, deu em quê? — sonsa que doía aquela garota. — Tempão aí passado e tu não quis me contar nada... E eu querendo saber aqui o desfecho... O que aconteceu, amigo?


— Tu não dá ponto sem nó, hein? – disse, tirando os óculos. — Se eu te disser que depois daquela noite, ela deve tá pra lá de bem casada, tu acredita?


— Ah, mas ela não tá mesmo. – segura na fala ela disse, até nervosa.


— Pois tá. Faz quase umas 3 semanas contando com essa que ela me ignora naquele... raio de colégio. Leva e deixa ela na porta da escola direto, Zé. Pudera também, a gente aprontou demais pra um fim de semana só. - fiz um muxoxo. Pensei na vida e nos vacilos. - Tá bom de aventura também, foi loucura demais pra um tempo só... o negócio é partir pra outra.


— Conte mais a respeito disso. – a curiosa tirou as luvas de proteção e foi direto na garrafa de café, pegar uma xícara cheia, em busca da fofoca. — Me diz tudo que cê tá sabendo dela.


— Eu não gosto de fazer isso de come e conta, Marina. – disse, já revirando os olhos com a curiosidade que matava a gata.

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