Romeu e Julieta

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O homem que me faz sentir todas as coisas ao mesmo tempo, ir do ódio ao ciúme, da vontade de esmagá-lo com minhas próprias mãos à vontade de beijar sua boca. Também o mesmo homem que tem mexido comigo de uma forma bizarra, me fazendo cometer as maiores atrocidades sem um pingo de peso na consciência.

O céu e o inferno em uma pessoa.

Alexandre vinha me fazendo cometer todas as piores loucuras possíveis, além de trazer à tona uma Giovanna completamente fora da casinha. Fora da casinha que eu me coloquei nesses anos todos, de paz, de calmaria, de certeza.

Ele era a minha única incerteza, mas ao mesmo tempo o meu maior acerto. Faz sentido? Sendo sincera, acho que nem pra mim tudo isso faz sentido. Me faltou tempo pra conseguir assimilar as mudanças e entender meus próprios sentimentos.

Mas para além de tudo isso, ele também é a minha insegurança em forma de pessoa, em forma de sentimento. As coisas entre nós dois começaram de uma forma tão errada, movidos pelos desejos mais carnais, que era difícil admitir que tinha se tornado algo mais.

É foda pra caralho admitir que talvez eu esteja caidinha pelo homem que bagunçou a minha cabeça, que me fez ter atitudes de uma adolescente inconsequente. E é justamente daí que vem todo o meu receio em relação a ele.

Como algo que começou no errado pode vir a dar certo?

Porém, só de vê-lo flertando com outra mulher no meio de um bloco de carnaval em BH, todo esse receio foi ralo abaixo e eu agi pelo impulso, como uma mulher ciumenta que eu nunca fui.

Até ele chegar.

— Tu vai me justificar o seu sumiço ou já vai me colocar como o errado da história?

Obviamente foi ele quem quebrou o silêncio entre nós dois, assim que encostamos em uma parede de um estabelecimento qualquer na rua, um pouco mais afastados das minhas amigas.

— Uai e vai dizer que ocê tá certo em ficar se agarrando com qualquer uma no meio do bloquin? — nós falávamos quase que gritando pelo barulho alto, encostando no ouvido do outro para que a conversa pudesse ser efetiva.

E ele sempre com aquela maldita mão segurando na minha cintura com posse, como se eu fosse toda dele.

— Nem vem que dessa vez tu tá errada até o pescoço, morena. — ele aumentou o aperto na minha cintura, prensando meu corpo na parede atrás de mim. — Lhe chamei pra gente ficar junto, pra passarmos o feriado só eu e você... Tu que não quis, que desligou na minha cara me fazendo uma desfeita dessas.

Pelo seu tom de voz eu conseguia perceber que ele realmente tinha se chateado com a minha atitude, que além de impensada, foi tomada em um ato de desespero da minha parte. Era desesperador não ter controle sobre si mesma perto de alguém, mais ainda não ter controle sobre todos esses sentimentos.

Me diz se tem outra opção que não se desesperar, sô?

— Eu te disse que precisava de um tempo, mas cê num guentou um diazin e já tava atrás de outra no bloco. — falei brava, rabugenta até umas horas. — Eu vim com as meninas, mas ocê tá sozinho aqui.

A minha intenção ao vir no bloco com as minhas amigas era justamente esquecer de Alexandre, ou pelo menos tentar. Queria provar pra mim mesma que ainda havia volta, que eu não estava totalmente mergulhada nessa relação ainda inexistente.

Falha total minha!

— Ó, só pra calar essa tua boca que fala o que não deve. — ele segurou minha cabeça, mirando em uma direção muito específica. — Vim acompanhar o Renato que não tinha companhia... tu sabe que os alunos não se dão muito bem com ele pelas repetências.

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