Apanhados em flagrante

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Se reparar bem, deve dar pra enxergar uma Paolla toda tostada de tanto que meu olhar queimou em cima dela. Um olhar de indignação, misturado à descrença de que ela tinha sido capaz de tamanha audácia.

Pô, quer ser dada desse jeito? Seja! Mas na frente de um monte de adolescente no auge da puberdade? É loucuraaaaaa!

O sentimento que prevaleceu poderia ter sido o ciúme, mas acho que não tive nem reação com tamanha cara de pau, que só me indignei. Meu queixo devia tá lá no pé hora dessas.

Mas o meu peito deu uma acalmada quando vi que a única pessoa que Alexandre buscou depois de tudo foi a mim, sem nem pestanejar. Não que eu achasse que não seria a escolhida, mas ver a cara de bobalhona de Paolla valeu a cena.

Me importei menos ainda por ele ter me chamado de um apelido tão íntimo na frente desse monte de pirralho, que vão espalhar pra escola inteira o que viram aqui hoje.

Seria um Se eu fosse você misturado com Dona Flor e seus dois maridos? Tragicômico.

Caminhei com Alexandre a tiracolo até a sala de História que ficava no final do corredor das classes, obviamente vazia pela gincana que acontecia aos arredores do colégio.

— Mulherzinha abusada, atirada, sem noção nenhuma da realidade. — entrei já resmungando, sentindo que o cachorro do meu namorado segurava uma risada. — Ri, Alexandre! Mas ri com gosto que vai ser a última coisa que ocê vai fazer nessa vida antes de eu te matar.

Falei alto e sem nenhum filtro, dando uns tapas bem dados naqueles braços musculosos lindos de morrer. Homem desgraçado, me desgraçou inteira e não tem nem remorso.

— Não tô rindo, não. — respondeu rindo, tentando fechar os lábios para que eu não visse sua gargalhada.

A cara toda suja de chantilly e ainda sim ele continuava cheio de gracinha, com tempo livre pra acabar com o pouco de paz que tinha me restado.

Ainda resmungando palavras descabidas, fui até o armário no fundo da sala, pegando um pano que sempre ficava de reserva na sala para possíveis acidentes. Voltei até ele, querendo esfregar a cara dele no chão pra ver se limpava todo vestígio daquela descarada.

Mas quando me aproximei, pisando duro, ele me deu um puxão tão forte na cintura que eu não consegui ter outra reação que não me desfazer nos seus braços.

Mole, molinha.

Ô homem complicado, viu?

— Tu sabe que não adianta ficar com essa marra toda pra cima de mim, não, morena. — falou firme, obrigando que meus olhos caíssem até sua boca para observar cada movimento dele.

Cheguei até a me perder naquela boca toda suja de chantilly, quase gritando pelo meu nome e implorando para que eu juntasse nossos lábios sem me preocupar com o ambiente escolar em que estamos.

Onde é que eu tinha me perdido dessa forma? Ou me achado?

— Vai me limpar ou vai ficar olhando pra minha boca quase babando, Giovanna? — ele murmurou baixo, sem tirar a mão da minha cintura.

E aí nem tinha o que fazer, né? Perdi o restinho de sanidade que ainda me restava (o que não era muita coisa, confesso!)

— Vou limpar sim... — sussurrei meio aérea, lambendo os meus próprios lábios.

Em um ímpeto de vontade e coragem, passei a minha língua pela sua bochecha, experimentando o doce creme melado.

É... misturado ao gosto dele fica ainda melhor, mais doce, mais saboroso.

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