The Art of Seeing Things Clearly

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Camila's POV

Eu não estava fugindo, ok? Só precisava de um pouco de espaço.

Não é uma fuga se você tem toda a intenção de voltar. Eu só queria colocar meus pensamentos em ordem antes de precisar encará-la novamente.

Lauren carregava o coração nas mãos, nos olhos. O transmitia nas palavras sem o menor esforço. Era difícil lidar com isso. Eu sei, eu havia pedido que ela me mostrasse... algo. Que me fizesse entender. E agora eu só precisava de um pouco de espaço para isso. Não conseguia pensar ou formular qualquer tipo de reação com ela me olhando daquela maneira tão ridiculamente nua, sem medo de se expor.

Eu não era muito boa com sentimentos. Se não sabia nem lidar com os meus, como poderia lidar com os de outra pessoa?

Eu caminhei um pouco, tentando não me afastar demais para não acabar me perdendo. Havia uma pracinha perto do bar, e eu deixei que meus pés me levassem até uma área com balanços. Sentei em um deles, me sentindo um clichê em carne e osso. Era típico. Garota desequilibrada em um parquinho de crianças, à noite, tentando reencontrar parte do que havia perdido. Inocência, confiança, amor próprio... Qualquer coisa.

Em que ponto da minha vida eu havia me tornado... Isto? Quando havia se tornado tão difícil entender, ou sequer aceitar que alguém me amasse? Não por precisar me amar, não por me conhecer desde sempre... Por que era tão difícil conviver com a ideia de que alguém havia me conhecido já como um desastre e me amado mesmo assim?

Ela me amava tanto.

Era assustador. Não era nem só as palavras dela, embora a força destas ainda me tirassem o ar. Era o modo como aquela vampira as dizia, o sentimento por trás de cada afirmação, os gestos dela, o olhar... Lauren me amava. Ela realmente me amava, e eu não sabia o que fazer.

Fora diferente com Ariana. Eu era mais nova, menos consciente de quem eu era. E Ariana não era como Lauren. Ariana Grande me amava também, eu nunca havia duvidado, mas ela era mais fechada. Mais parecida comigo. Na época eu era mais confiante, e ela era bem controlada. Agora eu havia me tornado mais fechada, e a nova vampira na minha vida transmitia o que sentia com todo o seu ser. Ela me oferecia sentimento demais no momento no qual eu me via menos preparada para aceitar.

Eu suspirei e balancei a cabeça. Não adiantava nada ficar ali remoendo aqueles pensamentos. Decidida a me distrair, resolvi checar meu celular pela primeira vez em mais de 24 horas.

O fato de só haver duas mensagens novas não lidas era um atestado do quão popular eu era. Fiquei irritada por um momento. Era ano novo, eu havia ido embora sem me despedir de ninguém e a única alma que se importava em me mandar uma mensagem era Clarke? Ok, eu sabia que ela havia arranjado uma desculpa e explicado a todos o meu sumiço. Sabia também que meu relacionamento com tecnologia era péssimo e que as pessoas evitavam tentar falar comigo pelo celular, mas mesmo assim. O fato de ninguém ter tentado me incomodava.

Eu abri as mensagens de Clarke:

Hey! Tudo bem com vocês aí? Mandem notícias. Mesmo se você estiver irritada comigo.

Lauren acabou de me responder. Feliz ano novo!

Eu pensei em responder dizendo que não estava irritada (mesmo ela e Lauren tendo planejado isso pelas minhas costas), mas não estava no clima. Estava colocando o celular de volta no bolso quando vi alguém se aproximando.
Era uma mulher. Entre 30 e 40 anos, asiática, usando uma saia longa, sandálias e uma camiseta. Ela carregava uma bolsa grande e cantarolava enquanto andava.

Quando estava quase chegando à grande mesa de piquenique no meio da praça, ela finalmente notou minha presença.

– Oh, oi! Feliz ano novo! – disse ela, sorrindo – Você se importa se eu te fizer companhia? Essa bolsa pesada está me matando e eu preciso descansar um pouco.

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⏰ Última atualização: Sep 26 ⏰

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