Verdade ou mentira

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Nos piores momentos, a pessoa que ficou ao meu lado, mesmo quando ele próprio estava lutando, foi Ong, meu irmão. Aquele que eu até empurrei para dentro da piscina quando éramos crianças. Ele ficou acordado a noite toda comigo por dois meses porque eu insisti em esperar por Jao-Jom no mesmo lugar. Ong teve que suportar as dificuldades comigo. Recentemente, Miriam bateu na minha porta e me disse que Ong tinha adormecido enquanto dirigia e bateu na parede da nossa casa a caminho do trabalho.

— Como vai, Ong? — Corri para ver meu irmão, que não estava ferido. Apenas o carro europeu da família tinha um pequeno amassado. Ong riu sem jeito e coçou a cabeça.

— Desculpe, Re. Eu amassei seu carro.

Em vez de se preocupar consigo mesmo, ele estava mais preocupado com meus sentimentos e com medo de que eu o repreendesse. Olhei para meu irmão com profunda gratidão e preocupação, caminhando até ele para abraçá-lo e dar um tapinha em suas costas.

— Você está bem? Não deixe que nada aconteça com você também.

Enquanto nos abraçávamos, eu podia sentir seu coração batendo. Ong parecia surpreso que eu estava demonstrando afeição. Ele parecia um jovem recebendo amor de uma mulher. Parecia que o que Jom disse sobre Ong me admirar não estava longe da verdade.

— Estou bem. Vou cuidar de você, Re, até ficarmos velhos.

— Vocês dois estão se pedindo em casamento ou o quê? Onde está o anel? — Miriam cruzou os braços e balançou a cabeça.  — Ong, vá dormir. Você não precisa trabalhar hoje. A empresa é nossa; ninguém vai descontar seu salário.

— Tenho uma reunião importante com Kimhan hoje.

— Cancelar não seria bom.

— Está tudo bem. Eu vou — Eu disse, sabendo da minha responsabilidade. Afinal, fui eu quem marcou esse encontro. — Ong, vá descansar. É hora de eu voltar ao trabalho.

— Pelo menos você tem algum senso. — Minha irmã deu de ombros. Ultimamente, ela estava me criticando muito, mas eu sabia que ela estava mais preocupada do que tentar arrumar uma briga e só queria que eu me recuperasse.

Depois de mandar Ong descansar, me arrumei para parecer respeitável, mesmo me sentindo péssima por dentro. Miriam entrou furtivamente no meu quarto para me ajudar a me vestir, parecendo um pouco irritada.

— Você realmente consegue lidar com isso? — Miriam perguntou, cheia de dúvidas.

— Eu tenho que fazer isso. A propósito, você entrou em contato com a artesã que eu pedi?

— Sim, ela disse que vai tentar, mas está preocupada que não fique bom — Minha irmã resmungona disse com um sorriso, me deixando irritada.

— Há alguma boa notícia? Essa artesã não é uma mulher?

— É, por que isso importa?

— Por que você parece tão feliz? Você está apaixonada?

— Nunca. — Miriarn pareceu horrorizada quando mencionei isso. — Vendo seu estado, estou com medo. Alguém tão forte quanto Re agora está uma bagunça. É melhor eu recuar.

— Não é tão ruim.

— Então, Jao-Jom é quem você está namorando, certo?

Eu congelei e encarei minha irmã, que não pareceu surpresa. Como eu disse, eu era próxima de Miriam. Não havia nada que eu pudesse esconder dela. Era só um pouco embaraçoso falar sobre assuntos pessoais, especialmente porque minha amante já foi minha aluna.

E uma mulher...

— Sim.

— Você sempre tem surpresas. Deixe-me lhe contar uma coisa. — Miriam, que tinha terminado de me vestir, me girou um pouco antes de me encarar. — Se eu fosse você, cuidaria da minha saúde para ter energia para encontrar Jao-Jom. Você não quer que ela volte e encontre você parecendo velha, com olheiras e bagunçada.

Ritmo Vol. 2 - Você é o Ritmo do meu coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora