Pierre Gasly- Moments

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Tocar Música da Midia!

Pierre POV

O som do motor desvanece-se, substituído pelo murmúrio suave do silêncio na tranquilidade do campo francês. Aqui, tudo é calmo, um contraste marcante com o caos da pista, e é nesses momentos de silêncio que consigo pensar com clareza. Sem pneus a chiar, sem o fluxo interminável de dados a invadir o meu auricular — apenas eu e a brisa suave que balança as árvores. Mas a minha mente? A minha mente está longe de estar tranquila.

O tempo. É um conceito com o qual luto diariamente, seja a tentar tirar milissegundos de uma volta ou a questionar-me para onde vão as horas quando estou com ela. O tempo é tudo na Fórmula 1; é tudo na vida. Quando és jovem, não pensas muito nisso, corres como se tivesses todo o tempo do mundo. Mas, à medida que os anos passam, e te tornas mais consciente da fragilidade de tudo, percebes o quão rapidamente ele escapa.

Isso é o que mais me assusta. Não as velocidades ou os acidentes, não os riscos que corro cada vez que coloco o capacete. Não, o que me assusta é o quão depressa tudo passa. E quando estou com ela — S/N — parece que tudo se escapa ainda mais rápido.

Olho para ela, sentada junto à janela, banhada pela luz dourada do pôr do sol. É linda, de uma maneira que me tira o fôlego de cada vez, como se a estivesse a ver pela primeira vez. Estou com ela há algum tempo, mas ainda parece novo. Pergunto-me se ela sabe o quanto penso nisto — em nós, no tempo. No quanto quero que cada segundo que passamos juntos seja significativo.

O mundo move-se tão depressa, especialmente o meu mundo. Num fim de semana estou no Mónaco, no seguinte estou no Japão. Sempre em movimento, sempre a correr em direção a algo. Estou constantemente no limite, a empurrar-me para ir mais longe, mais rápido. Mas com ela, quero abrandar. Quero saborear cada riso, cada olhar, cada momento fugaz que partilhamos.

É estranho como o rugido de um motor de mil cavalos me faz sentir em casa, mas estar na sua presença me faz sentir em paz. No cockpit, estou sempre a pensar, sempre a calcular, sempre atento a cada pequeno detalhe. Com ela, a minha mente fica clara. É um alívio, e ao mesmo tempo, assusta-me, porque sei que nunca terei o suficiente disso — dela.

Mudo de posição no assento, com o olhar preso no seu perfil. "Em que estás a pensar?" ela pergunta, com a voz suave, tirando-me dos meus pensamentos.

Sorrio, apesar de sentir o coração pesado com o peso do que estou prestes a dizer. "Em ti," respondo. É verdade. Ela está sempre na minha mente, especialmente nestes momentos de silêncio em que sinto o tempo a escapar-me pelos dedos. "E no quanto quero que isto... nós... dure para sempre."

Ela vira-se para mim, os seus olhos encontram os meus com aquela calorosa suavidade que contrasta profundamente com o resto do meu mundo. "Pierre, estás sempre tão sério," brinca suavemente, mas há uma compreensão no seu olhar. Ela conhece-me, conhece as pressões que carrego, o peso que coloco em mim mesmo.

Inclino-me para a frente, apoiando os braços na mesa. "Tenho de ser. No meu mundo, não há espaço para erros, nem para hesitações. Cada segundo conta." Faço uma pausa, à procura das palavras certas para explicar o que me corrói por dentro, o medo de que raramente falo. "Só... Não quero desperdiçar um único momento contigo."

Ela sorri, um pequeno gesto tranquilizador que alivia parte da tensão no meu peito. "Não estás a desperdiçar nada, Pierre. Estamos a vivê-lo, agora. É tudo o que podemos fazer."

Aceno com a cabeça, mas lá no fundo, sei que é mais complicado do que isso. As corridas ensinaram-me a medir o tempo em frações de segundo. Um piscar de olhos, um erro de cálculo, e tudo acaba. A vida às vezes parece o mesmo, especialmente quando se trata dela. Quero agarrar cada segundo, esticá-lo, fazer com que dure um pouco mais. Mas não posso. Nenhum de nós pode.

"Gostava de poder fazer com que durasse mais," admito, a voz agora mais baixa, mais vulnerável do que costumo permitir-me ser.

A mão dela estende-se sobre a mesa e cobre a minha, o seu toque a ligar-me à realidade de uma forma que nada mais consegue. "Estás aqui agora," diz suavemente, apertando a minha mão. "Isso é o que importa."

Gostava que fosse tão simples. Vi o tempo passar num piscar de olhos, tanto na pista como fora dela. Senti a emoção da vitória, mas também o peso esmagador da perda. Isso ensinou-me que nada dura para sempre, nem os bons momentos. Especialmente os bons momentos.

O sol afunda-se mais no horizonte, lançando longas sombras pela sala. Observo a luz a dançar pelo rosto dela, tão fugaz como os momentos que partilhamos. Sei que ela tem razão. Só temos o agora. Mas isso não impede a dor no meu peito, a necessidade desesperada de agarrar isto, de a agarrar a ela.

Há tanto que quero fazer, tantos lugares a que a quero levar, experiências que quero partilhar. Mas o tempo... o tempo está sempre a contar. Consigo senti-lo no fundo, uma contagem decrescente invisível para a próxima corrida, o próximo voo, o próximo momento em que terei de deixar o seu lado. Esse é o lado mais difícil — dizer adeus, mesmo quando sei que é temporário. Nunca é fácil.

Olho para ela novamente, a memorizar o modo como a luz se reflete nos seus olhos, o modo como os seus lábios se curvam num sorriso suave, o modo como os seus dedos se entrelaçam nos meus. Quero lembrar-me disto. Preciso de me lembrar disto.

"Sabes," digo, com a voz um pouco mais firme agora, "acho que sempre estive a correr atrás de algo, a tentar escapar ao tempo. Mas contigo... não sinto essa necessidade de fugir."

Ela sorri novamente, um pouco mais triste desta vez, como se entendesse mais do que deixa transparecer. "Não precisas de fugir, Pierre. Eu não vou a lado nenhum."

Mas o tempo vai. Sempre vai.

Aperto a mão dela com firmeza, como se de alguma forma pudesse agarrar este momento para sempre. Mas sei que não posso. Tudo o que posso fazer é aproveitar ao máximo, tal como ela disse. Viver nele, respirar, e esperar que, quando olhar para trás, tenha feito com que cada segundo valesse a pena.

Porque no final, é tudo o que podemos fazer.

Olá pessoal!Espero que tenham gostado deste imagine.Se tiverem algum pedido, não hesitem em fazê-lo que irei com todo o gosto, amor, carinho e dedicação escreve-lo.

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