Tocar Música da Midia!
Logan POV
O cheiro do oceano é sempre diferente ao amanhecer. É mais intenso, mais fresco. O ar traz uma frescura que me desperta melhor do que qualquer café poderia. Estou no convés deste velho barco de pesca, com as mãos enfiadas nos bolsos do casaco, a observar o horizonte que lentamente passa de um azul escuro para um rosa suave. A minha mente está como o céu da manhã — escura, silenciosa, com apenas sugestões do que o dia pode trazer.
Às vezes, correr é assim. Estás na grelha de partida, os motores a roncar à tua volta, e há esta calma estranha antes do caos começar. Mas aqui, neste pequeno barco a flutuar num pedaço de água longe dos circuitos e do barulho da Fórmula 1, a calma é diferente. Não há multidão, não há pressão, ninguém a ver. Só eu, o mar e o som das ondas a bater suavemente contra o casco.
Encosto-me ao corrimão de madeira, sentindo a sua aspereza debaixo das mãos, e deixo os meus pensamentos fluir tão livremente quanto o barco nas ondas. O que é que estou aqui a fazer? Não é que eu odeie a minha vida. Eu adoro correr — está no meu sangue, faz parte de quem eu sou. Mas, às vezes, mesmo quando estás a viver o teu sonho, podes sentir um vazio a roer-te por dentro. Uma necessidade de algo que não consegues bem definir, mas que sabes que está em falta. E é isso que tem estado a incomodar-me ultimamente.
Há esta dor, lá no fundo, por algo real — algo que não tem nada a ver com fama, pódios ou cruzar a linha de chegada em primeiro. Eu quero... Não sei o que quero, e esse é o problema. É como perseguir um carro que está sempre fora de alcance. Sinto-o a puxar-me, mas sempre que acho que estou perto, escapa-se de novo. O anseio está lá, no entanto, um zumbido constante por debaixo da superfície dos meus pensamentos, como o ronco do motor do barco.
Ouço passos atrás de mim, as velhas tábuas de madeira a ranger sob o peso. É o capitão, um homem grisalho chamado Marco, que mal fala inglês. Ele é do mar, com histórias nos olhos, mas não é muito de conversa. Dá-me um aceno e depois aponta para o horizonte, como se quisesse que eu visse algo. Sigo o seu olhar, mas não há nada lá além de água sem fim e o sol a nascer.
Estou nesta viagem há dias, a navegar com o Marco e a sua pequena tripulação. É muito diferente do caos dos fins de semana de corrida, mas era isso que eu queria — uma pausa de tudo. Disse a mim mesmo que isto me ajudaria a clarear a cabeça, a descobrir porque sinto este vazio apesar de ter a vida que a maioria das pessoas sonha. Mas até agora, o mar não me deu nenhuma resposta.
Passo a mão pelo cabelo, deixando o vento soprar por ele. A verdade é que não acho que o mar me vá dar o que estou a procurar. Pelo menos hoje, não. Mas continuo a olhar para o horizonte, como se as respostas pudessem erguer-se com o sol. Como se ela pudesse erguer-se com ele.
E lá está. O pensamento que tem estado à espreita nos cantos da minha mente.
Não sei quem ela é, mas sei que estou à espera dela. Nem sei se ela é real, se é alguém que já conheci ou alguém que ainda vou encontrar, mas é como se houvesse este espaço vazio ao meu lado, e tem a forma dela. Quem quer que seja, ela não está aqui, e é isso que me faz sentir que algo está em falta.
Já tive relacionamentos, claro. Já estive com pessoas, tive momentos de conexão, mas nenhum deles durou. Talvez porque eu estava sempre a partir para a próxima corrida, ou talvez porque eu nunca estava completamente presente, mesmo quando estava fisicamente lá. É difícil de explicar. Nunca fui bom com sentimentos, mas sei que nenhuma dessas conexões parecia a certa. Sabes? Aquela pessoa que simplesmente... encaixa.
Nem sei se esse tipo de conexão existe. Talvez esteja apenas a enganar-me. Talvez isto seja tudo — correr, viajar, vencer. Talvez eu esteja a pedir demais, a querer algo mais profundo quando já tenho tudo o que poderia precisar. Mas não consigo afastar a sensação de que há alguém por aí, alguém que eu vou simplesmente saber quando a encontrar.
Rio de mim mesmo, o som a ser engolido pelo vento. Parece ridículo quando ponho em palavras, mas isso não o torna menos verdadeiro. Tenho-me sentido assim há algum tempo. É por isso que fiz esta viagem, por isso que estou neste barco, a olhar para o horizonte como se ele fosse dar-me as respostas. Como se ela pudesse estar lá em algum lugar, à minha espera também.
O mar está vazio, no entanto, e o sol já está completamente erguido, lançando a sua luz dourada sobre a água. O Marco dá-me outro aceno, desta vez um pouco mais enfático, como se quisesse dizer: "Era isso que eu queria que visses." Mas eu ainda não percebo. É só o oceano, vasto e largo, a estender-se em todas as direções.
Talvez seja esse o ponto. Talvez ele esteja a tentar mostrar-me que as respostas não estão lá fora, no horizonte, ou em algum lugar distante onde ainda não estive. Talvez as respostas estejam aqui, dentro de mim. Mas não tenho a certeza se compro essa ideia. A ideia soa bem, mas não preenche o espaço vazio ao meu lado.
Afasto-me do corrimão e dirijo-me para a cabine. O Marco continua a observar-me com aqueles olhos sabedores, mas não diz nada. Nem precisa. Ambos sabemos que o que estou a procurar não é algo que ele possa ajudar-me a encontrar.
Fecho a porta atrás de mim e sento-me na pequena cama, com o barco a balançar suavemente por baixo de mim. Há uma foto da minha última corrida na parede, uma de mim ao lado do carro, a sorrir como se tivesse acabado de ganhar a lotaria. E, de certa forma, ganhei. Mas isso foi antes do vazio se instalar, antes de eu perceber que vencer não era suficiente.
Recosto-me, fecho os olhos e deixo o ritmo do barco embalar-me num leve torpor. Na minha mente, vejo-a de novo — não o rosto dela, porque não sei como é, mas sinto a sua presença. Aquela sensação de alguém que deveria estar ali, ao meu lado, a fazer com que tudo faça sentido. A sensação é passageira, como sempre é, mas é o suficiente para manter o desejo vivo.
Não sei quando a vou encontrar, ou se algum dia vou. Mas, por agora, vou continuar a procurar, continuar a perseguir essa conexão, como um piloto à procura da volta perfeita.
E talvez, um dia, a alcance.
Olá pessoal!Espero que tenham gostado deste imagine.Se tiverem algum pedido, não hesitem em fazê-lo que irei com todo o gosto, amor, carinho e dedicação escreve-lo.
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F1 Imagines
Fanfiction*F1 Imagines* é um livro que mergulha na imaginação criativa dos fãs da Fórmula 1, oferecendo uma experiência única e imersiva. Cada página captura momentos vibrantes e intensos, permitindo aos leitores vivenciar histórias fictícias com seus pilotos...