Charles Leclerc- Over Again

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Tocar Música da Midia!

Charles POV

É estranho como o silêncio pode magoar tanto. A ausência de som no meu apartamento em Mónaco é perturbadora, um eco vazio do que costumava ser um espaço cheio de risos, conversas e... de ti. Já se passaram meses desde que foste embora, mas parece que foi ontem. Fiz muitas coisas desde então—ganhei corridas, subi ao pódio, mantive o sorriso para as câmaras. Mas nada disso importa porque tu não estás aqui.

As pessoas pensam que as corridas são tudo para mim. E são—em grande parte. A velocidade, a adrenalina, a competição. Tudo isso consome-me, claro, mas há mais em mim do que apenas a Fórmula 1. Sei disso agora porque tu mostraste-me. Sem ti, até as minhas vitórias parecem vazias. Cada conquista traz consigo um pensamento subjacente: Devias estar lá para ver, para partilhar comigo.

Olho para o porto a partir da minha varanda, o sol a pôr-se sobre o Mediterrâneo cintilante. Os tons alaranjados refletem-se na água, dançando como chamas nas ondas. Era a nossa altura preferida do dia—ver o pôr do sol, só nós dois. Lembro-me de como te encostavas a mim, e não precisávamos de dizer nada. Sentia o teu coração bater contra o meu peito, firme e reconfortante, a lembrar-me que havia mais na vida do que as corridas.

Mas agora? Agora só tenho o silêncio.

Não parei de pensar em ti. Tentei. Deus sabe que tentei. Enterrei-me no trabalho, no treino, na condução. Mas em cada curva que faço na pista, lembro-me de como virávamos um para o outro quando a vida nos lançava os seus desafios mais difíceis. Pensei que podia concentrar-me na minha carreira e seguir em frente, mas como é que se segue em frente quando alguém se torna parte de ti?

Pego no telemóvel e começo a passar por fotos antigas. Lá estás tu, com esse sorriso que fazia o mundo à minha volta desaparecer. Há uma foto do Grande Prémio de Itália, logo após a vitória. Tinhas os braços à volta de mim, os teus olhos a brilhar de orgulho. Naquele momento, tudo parecia perfeito. Tinha-te a ti, tinha a vitória, e parecia que nada poderia tirar isso de mim. Mas acho que estava errado.

Quero mandar-te uma mensagem. Telefonar-te. Fazer algo. Mas como se pede a alguém para voltar quando tu foste a razão pela qual essa pessoa se foi? Não estive lá para ti quando precisavas de mim. Priorizei as corridas, a imprensa, o estilo de vida, tudo menos tu. E agora estou a viver as consequências.

Entro no apartamento e sento-me no sofá, a olhar para o telemóvel na minha mão. E se tu não quiseres ouvir falar de mim? E se já seguiste em frente? O pensamento dá-me um nó no estômago. Mas preciso de tentar. Preciso de saber se há uma hipótese, qualquer hipótese, de que possas voltar. Que possamos tentar outra vez.

Escrevo uma mensagem, depois apago-a. Escrevo de novo. Apago outra vez. Nada parece certo. Não quero apenas pedir desculpa. Já o fiz. Quero que saibas o quanto estou a falar a sério, que mudei, que estou disposto a fazer o que for preciso. Mas como se coloca isso em palavras?

E, como se o destino estivesse a gozar comigo, aparece uma notificação. Um artigo sobre a minha última vitória em Silverstone. Clico por hábito, folheio os elogios habituais e a análise. Mas então vejo o teu nome, escondido num parágrafo sobre a minha vida pessoal. O jornalista especula se já segui em frente sem ti. Não sabem de nada, claro, mas ler o teu nome atinge-me mais do que esperava. É como se o universo estivesse a lembrar-me do que perdi.

Levanto-me de repente, a precisar de limpar a cabeça. Agarro nas chaves e saio porta fora. Mónaco está calmo a esta hora do dia, as ruas menos movimentadas, e conduzo sem destino. Só preciso de sentir o motor, o controlo, a velocidade—algo que faça sentido. Dou por mim a conduzir ao longo da costa, serpenteando pelas colinas, o mar a estender-se infinitamente à minha direita. E então vejo-o—o penhasco onde costumávamos vir aos fins de semana, longe do mundo, só nós dois.

Paro o carro no caminho de gravilha e vou até à beira. A vista é tão deslumbrante como sempre, o sol a afundar-se no horizonte, pintando o céu com tons de roxo e rosa. Sento-me nas rochas, as pernas penduradas sobre o precipício, e quase consigo sentir-te ao meu lado. Quase.

Não sei quanto tempo fico ali, a olhar para o mar, mas eventualmente tomo uma decisão. Tiro o telemóvel do bolso outra vez, e desta vez sei o que quero dizer. Sem pensar demais, sem hesitar. Apenas honestidade.

Escrevo a mensagem.

S/N,
Passei meses a tentar descobrir como consertar as coisas. Revi cada momento na minha cabeça, a tentar perceber onde errei, mas a verdade é que nunca fui bom a equilibrar as coisas mais importantes na minha vida. Sei que te magoei ao não estar presente quando era preciso. E por isso, peço desculpa.

Mas preciso que saibas uma coisa—viver sem ti, mesmo com todas as vitórias e sucessos, não é realmente viver. Sinto a tua falta, mais do que consigo explicar numa mensagem. Tenho saudades nossas. Tenho saudades de quem eu era quando estava contigo.

Não sei se podes perdoar-me, ou se podemos começar de novo. Mas quero tentar. Quero ser a pessoa que tu mereces, que te põe em primeiro lugar. Quero mais uma oportunidade, S/N. Estou disposto a fazer o que for preciso para acertar as coisas.

Se há alguma parte de ti que sente o mesmo, por favor, diz-me. Estou disposto a lutar por nós, mas preciso de saber se ainda estás aí.

Charles.

Carrego em "enviar" antes que me possa arrepender. A mensagem foi, e agora tudo o que posso fazer é esperar.

O sol desaparece no horizonte, e fico ali sentado no crepúsculo, a ouvir o som das ondas a bater nos penhascos abaixo. Não há resposta imediata, nenhuma resolução repentina. Mas pela primeira vez em meses, sinto algo parecido com esperança.

Talvez este seja o início de algo novo—um novo capítulo para nós. Ou talvez seja apenas o fim. De qualquer forma, eu tinha de tentar.

E vou continuar a tentar, pelo tempo que for preciso.

Olá pessoal!Espero que tenham gostado deste imagine.Se tiverem algum pedido, não hesitem em fazê-lo que irei com todo o gosto, amor, carinho e dedicação escreve-lo.

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