Carlos Sainz- SLUMP

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Tocar Música da Midia!

S/N POV

Observei as ondas a bater suavemente contra a costa, a brisa salgada a beijar-me as faces enquanto o sol começava a descer lentamente no horizonte. A praia estava quase deserta, apenas umas poucas figuras distantes a passear à beira da água, mas a sua presença parecia estar a milhas de distância. Era só eu, o oceano e o suave murmúrio dos meus pensamentos. Enterrei os dedos dos pés na areia fria, ancorando-me num momento que mal conseguia controlar.

Ser namorada do Carlos Sainz devia ser o sonho tornado realidade, certo? O glamour, o brilho, as viagens pelo mundo para estar ao lado dele. Mas ali estava eu, sentada numa praia, sozinha com os meus pensamentos, porque às vezes até o paraíso parecia demasiado pesado para suportar.

Puxei os joelhos para o peito, pousando o queixo neles. O Carlos estava por aí, a tratar dos negócios como de costume. Mais um compromisso com a imprensa, mais um debriefing, mais uma conversa que não tinha nada a ver comigo, mas que ainda assim afetava o meu mundo de alguma forma. Não era culpa dele, a sério. Quer dizer, esta era a sua vida. A Fórmula 1 não era apenas um trabalho para ele; era a sua paixão, o seu tudo. Admirava isso, sinceramente.

Mas ultimamente, tinha esta sensação de estar a ser deixada para trás. Não pelo Carlos, propriamente, mas pelo mundo que o rodeava. As outras namoradas e esposas – aquelas mulheres lindíssimas que pareciam deslizar pelo paddock como se tivessem nascido para esta vida. A sua graça, a sua naturalidade, a forma como navegavam na complexa teia da cultura das corridas como se fosse algo inato.

Eu não tinha isso. Nem perto.

Em vez disso, tropeçava. Tropeçava nas conversas, a tentar encontrar o meu lugar entre as esposas e namoradas que pareciam ter tudo sob controlo. Elas riam-se de piadas que eu não entendia, trocavam olhares de cumplicidade sobre lugares e pessoas que me eram desconhecidos. Os seus mundos pareciam tão polidos, tão organizados, enquanto o meu parecia um caos frágil, sempre à beira de desmoronar.

Eu tentava, no entanto. Tentava mesmo. Comparecia às corridas, sorria para as câmaras quando inevitavelmente se voltavam para mim, e tentava encontrar um equilíbrio entre apoiar o Carlos e não desaparecer no fundo. Mas era exatamente assim que me sentia – como se estivesse lentamente a desaparecer.

Cada vez que deslizava pelo feed das redes sociais, lá estavam elas: as fotos perfeitas de roupas glamorosas, as vidas aparentemente despreocupadas cheias de iates, jatos privados e marcas de luxo. Comparava-me sem fim. A insegurança arranhava-me por dentro, mesmo quando me dizia que era ridículo. Não devia sentir-me assim. Tinha o Carlos. Ele amava-me. Isso devia ser suficiente, certo?

Mas às vezes, o amor não impede as inseguranças. Às vezes, o amor só as amplifica.

Havia momentos em que não me sentia boa o suficiente para ele – como se não conseguisse acompanhar o ritmo vertiginoso da sua vida. O Carlos nunca diria isso, claro. Ele era sempre tão doce, tão atencioso. Dava-me tempo, fazia-me sentir especial. Mas mesmo assim, não conseguia afastar a sensação de que estava, de alguma forma, aquém, como se não estivesse à altura da ocasião.

"Porque não consegues ser mais como elas?", murmurava uma voz na minha cabeça nos dias maus. Odiava essa voz. Fazia-me duvidar de tudo – de mim mesma, do meu lugar na vida do Carlos, de se estaria verdadeiramente preparada para este mundo.

Suspirei, inclinando-me para trás nas mãos e olhando para o céu, agora num suave tom de rosa e dourado. O pôr-do-sol era lindo, de uma forma que me fazia esquecer, por um momento, tudo o resto. Nestes momentos tranquilos, quando era só eu e a vastidão da natureza, quase conseguia convencer-me de que nada daquilo importava.

Mas a sensação de estar a ser deixada para trás permanecia, como uma sombra que não conseguia sacudir. A verdade era que eu não sabia como acompanhar o ritmo. Não sabia como ser como as outras mulheres. Elas pareciam deslizar pela vida com uma confiança que eu não conseguia reunir, enquanto eu sentia que estava sempre a correr atrás, sempre um passo atrás.

Odiava admitir, mesmo para mim própria, mas havia vezes em que sentia que estava a viver à sombra do Carlos. E esse pensamento fazia o meu estômago dar voltas. Não queria ser apenas a namorada dele. Queria ser eu. Queria importar, ter a minha própria vida, a minha própria identidade, separada da dele. Mas no mundo da Fórmula 1, era difícil encontrar esse espaço. Parecia que todas as conversas giravam em torno dele, da sua performance, da sua próxima corrida.

E por isso, ficava em silêncio. Fazia o papel, sorria quando era necessário, e tentava ignorar a dor no peito que me dizia que estava a desaparecer para o fundo.

Não era que não estivesse orgulhosa dele. Estava. Meu Deus, estava tão orgulhosa. Ver-lhe na pista, sabendo da dedicação e do trabalho árduo que ele colocava – fazia o meu coração inchar. Mas ao mesmo tempo, sublinhava a enorme diferença entre nós. Ele tinha encontrado o seu propósito, a sua vocação. E eu? Eu ainda estava à procura.

O som de passos na areia interrompeu os meus pensamentos. Olhei para cima e vi o Carlos a caminhar na minha direção, a sua silhueta destacando-se contra a luz do sol poente. Mesmo à distância, conseguia ver o pequeno sorriso no seu rosto, aquele que era só para mim.

"Olá," disse suavemente quando chegou até mim, sentando-se ao meu lado na areia. "Estás bem?"

Assenti, embora não tivesse a certeza se era completamente verdade. Não queria sobrecarregá-lo com as minhas inseguranças, não quando ele já tinha tanto em que pensar. Ele merecia melhor do que isso. Melhor do que as minhas dúvidas.

Mas o Carlos sempre foi perspicaz. Sempre. Estendeu a mão, segurando a minha, o polegar a roçar os meus nós dos dedos num gesto tranquilizador.

"Estás tão calada ultimamente," disse, com a voz doce. "O que se passa nessa cabecinha?"

Hesitei, incerta de como colocar tudo em palavras. Como podia explicar esta sensação persistente de inadequação sem soar ingrata ou insegura?

"Não é nada," disse finalmente, forçando um sorriso. "Só... a pensar."

Mas o Carlos não se deixou enganar, nunca se deixava. Virou-se totalmente para mim, os olhos a procurarem os meus. "Fala comigo, cariño."

E foi assim que as comportas se abriram. Contei-lhe tudo. Sobre sentir que não era suficiente, sobre a insegurança que me corroía sempre que me comparava com as outras mulheres no paddock. Sobre o medo de estar a ficar para trás, incapaz de acompanhar a vida que parecia arrastar-me sem perguntar se eu queria ir.

O Carlos ouviu, com uma expressão suave, mas séria, sem me interromper. Quando finalmente terminei, senti-me mais leve, embora as inseguranças ainda pairassem à margem dos meus pensamentos.

Ele puxou-me para mais perto, o braço a envolver os meus ombros enquanto pressionava um beijo no topo da minha cabeça. "Não precisas de ser como elas," sussurrou. "És suficiente, tal como és. Mais do que suficiente."

As suas palavras não apagaram magicamente as dúvidas, mas ajudaram. Porque naquele momento, com as ondas a bater suavemente ao fundo e os braços do Carlos à minha volta, percebi que talvez não precisasse de correr atrás de ninguém.

Talvez só precisasse de encontrar o meu próprio ritmo.


Olá pessoal!Espero que tenham gostado deste imagine.Se tiverem algum pedido, não hesitem em fazê-lo que irei com todo o gosto, amor, carinho e dedicação escreve-lo.

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