Daniel Ricciardo- Hate that...

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Tocar Música da Midia!

Daniel POV

O oceano estendia-se infinitamente à minha frente, uma tela de azul e verde, com a sua superfície a brilhar sob o sol de fim de tarde. A brisa carregada de sal agitava-me o cabelo enquanto eu me sentava no velho banco de madeira, olhando para as falésias. Já tinha vindo a este lugar centenas de vezes, um recanto tranquilo onde o mundo parecia desaparecer, onde eu podia ficar a sós com os meus pensamentos. Mas hoje o ar parecia mais pesado, o horizonte um pouco mais distante. Hoje, tudo parecia diferente.

Sempre adorei o mar. Havia algo de calmante na sua constância, na forma como as ondas vinham sem falhar, independentemente do caos que se desenrolava em terra. Antes, pensava que os relacionamentos eram assim também—constantes, fiáveis, resistindo às tempestades. Mas agora já não tinha tanta certeza. Não depois de tudo o que aconteceu com S/N.

Mudei de posição no banco, sentindo a madeira áspera a cravar-se nas palmas das minhas mãos. A memória da nossa última conversa voltou-me à cabeça, afiada e crua. Não discutimos, pelo menos não no sentido tradicional. Não houve vozes elevadas, nem acusações furiosas. Na verdade, foi o oposto. Foi tudo silencioso, quase demasiado silencioso, como o silêncio que precede uma tempestade.

Olhei para baixo, para a areia, vendo as ondas a lamberem a costa. O ritmo era hipnótico, e por um breve momento deixei-me perder nele, na esperança de que o mar engolisse os pensamentos que me atormentavam.

Mas não engoliu.

O rosto dela voltou-me à mente, os olhos dela—como me fixaram naquele dia, uma mistura de tristeza e determinação. Eu sabia que algo estava por vir. Havia uma mudança entre nós há já algum tempo, subtil mas inegável. Não era o tipo de coisa a que se pudesse apontar e dizer, "É isso, foi aqui que tudo mudou." Não, foi mais lento, como um nevoeiro a insinuar-se até que, de repente, já não se conseguia ver o caminho à frente.

"Não é que eu não te ame," ela disse suavemente, quase num sussurro. "Mas não consigo continuar a fingir que está tudo bem."

Essas palavras pairaram no ar entre nós, espessas e pesadas. Lembro-me de me sentir como se não conseguisse respirar, como se as paredes se estivessem a fechar, mas nem sequer estávamos dentro de casa. Estávamos lá fora, sentados nos degraus do apartamento dela, a cidade viva e a fervilhar à nossa volta. Mas naquele momento, o mundo parecia tão distante.

"Pensei que estávamos bem," consegui dizer, a minha voz a soar estranha aos meus próprios ouvidos.

Ela sorriu então, mas não foi o tipo de sorriso que lhe chegava aos olhos. Era triste, resignado. "Daniel, acho que andamos a fingir há já algum tempo. Estamos ambos ocupados. Tu estás sempre em viagem, e eu... Eu acho que não tenho sido honesta comigo mesma sobre aquilo de que preciso."

Quis argumentar, dizer-lhe que podíamos resolver as coisas, que podíamos encontrar uma maneira. Mas a verdade é que eu também o tinha sentido. A distância. A forma como as nossas vidas pareciam seguir em direções diferentes, como duas linhas que começaram juntas mas agora se afastavam. Cada vez mais distantes.

Ela pegou na minha mão então, os seus dedos quentes contra a minha pele. "Vais ficar bem, Daniel. És mais forte do que pensas."

Essas palavras doeram, apesar de eu saber que ela não as dizia com essa intenção. Eu não queria ser forte. Queria lutar por nós, segurar o que tínhamos. Mas enquanto eu estava sentado ali, a olhar para as fendas no pavimento, percebi que às vezes, por mais que se tente, não se consegue segurar. Algumas coisas escapam pelos dedos, como areia.

De volta ao banco, cerrei os punhos, os nós dos dedos brancos. O oceano ainda estava ali, ainda em movimento, ainda indiferente. Era quase cruel, a forma como a natureza continuava como se nada tivesse mudado. Mas tudo tinha mudado. O mundo parecia mais vazio sem ela.

Não era só dos grandes momentos que sentia falta. Eram as pequenas coisas. O modo como ela ria das piadas mais parvas, ou como roubava o meu casaco nas noites frias, enfiando-o pela cabeça como se sempre lhe tivesse pertencido. O modo como revirava os olhos quando eu falava de mais uma corrida, mais uma volta, e depois sorria, dizendo: "Daniel, juro que falas mais sobre carros do que sobre mim."

Não era que ela não entendesse. Ela entendia. Sabia o que as corridas significavam para mim, sabia o quanto da minha vida girava à volta disso. Mas isso também era o que tornava tudo difícil. Eu não conseguia dar-lhe o tipo de estabilidade que ela merecia, o tipo de vida que não estava sempre definido por aeroportos, fusos horários e a próxima corrida.

Ainda assim, tentámos. Agarrámo-nos enquanto pudemos, ambos na esperança de que talvez, só talvez, as coisas se encaixassem. Mas a vida nem sempre funciona assim. Às vezes, tens de deixar ir, mesmo quando dói. Especialmente quando dói.

Levantei-me, sacudindo a areia das calças de ganga. O sol começava a descer no céu, lançando longas sombras sobre as falésias. Respirei fundo, enchendo os pulmões com o ar salgado, e depois exalei lentamente, deixando a tensão escapar do meu corpo.

Já não tinha a certeza do que o futuro me reservava. Houve um tempo em que pensei que tinha tudo planeado, em que as corridas eram a única coisa que importava, e tudo o resto se encaixaria. Mas agora, já não estava tão certo.

Virei o olhar de novo para o mar, vendo as ondas a chocarem contra as rochas lá em baixo. Havia algo de reconfortante no seu ritmo interminável, algo que me fazia sentir pequeno e insignificante no grande esquema das coisas. Talvez isso fosse bom. Talvez significasse que, por mais dor que sentisse agora, ela passaria. O mundo continuaria a girar, as ondas continuariam a chegar, e eventualmente, encontraria o meu equilíbrio outra vez.

Mas, por enquanto, deixei-me sentir. A perda. A tristeza. O peso de um amor que escapou.

E quando o sol finalmente mergulhou no horizonte, murmurei ao vento, "Adeus, S/N."

As ondas responderam com a sua canção constante e implacável.


Olá pessoal!Espero que tenham gostado deste imagine.Se tiverem algum pedido, não hesitem em fazê-lo que irei com todo o gosto, amor, carinho e dedicação escreve-lo.

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