Tocar Música da Midia!
S/N POV
Sento-me na beira do cais de madeira, com os pés a baloiçar ligeiramente acima da superfície do lago. O céu estende-se como uma tela infinita de tons suaves de laranja e roxo, o sol a descer delicadamente por detrás do horizonte. Há algo na serenidade deste lugar que me faz sentir como se o tempo tivesse abrandado, como se o mundo tivesse feito uma pausa, só por um momento.
Deveria estar relaxada, mas não estou. Há uma tensão silenciosa no meu peito, um lembrete constante dos pensamentos que giram na minha mente. Fecho os olhos e respiro fundo, mas não adianta. Os meus pensamentos voltam sempre para ele — o Lance.
Não é o tipo de saudade que todos à minha volta conseguem perceber. Não suspiro dramaticamente, nem fico a olhar para o vazio com olhos sonhadores. É algo mais subtil, como um zumbido suave que nunca desaparece. O tipo de sentimento que se esconde por baixo de tudo, a tingir o meu mundo em tons suaves de azul e cinza.
Lance Stroll. Só o nome parece um eco distante, algo quase tangível mas sempre fora de alcance. Talvez seja o mundo dele que o faça parecer tão longe — carros rápidos, circuitos a alta velocidade, viagens constantes, fama. E depois estou eu, sentada neste cais, com a minha vida muito mais tranquila em comparação. É como se vivêssemos em duas realidades diferentes, e às vezes parece que elas nunca se irão sobrepor.
Conheço-o há tempo suficiente para entender que a vida dele corre a um ritmo diferente. Não há momentos de calma como este para ele, não há lagos tranquilos ou pôr-do-sol serenos. O mundo dele é feito de adrenalina e precisão, decisões em frações de segundo, e o rugir dos motores. Pergunto-me como seria fazer realmente parte disso — estar ao lado dele, não como um pensamento distante, mas como algo real. Mas, mesmo ao questionar-me, sei que parece inalcançável, como correr atrás do vento.
Sorrio para mim mesma, lembrando a última vez que nos vimos. Não foi nada grandioso ou particularmente memorável, apenas uma tarde casual quando os nossos caminhos se cruzaram. Ele é diferente fora da pista, mais aterrado do que a persona pública que a maioria das pessoas vê. Há algo nos olhos dele quando está fora dos holofotes — uma suavidade, uma descontração. É o que me atrai, mesmo quando digo a mim mesma para não me aproximar demais.
É estranho o quanto penso nele, considerando que não nos vemos com frequência. Na verdade, a maioria das minhas memórias dele são fragmentadas, breves momentos aos quais me agarrei mais tempo do que provavelmente deveria. Uma risada partilhada num café. O braço dele a roçar no meu ao passar. O brilho nos olhos dele quando falávamos de algo pelo qual ambos éramos apaixonados, mesmo que não tivesse nada a ver com corridas.
É fácil conversar com ele, mas ainda mais fácil apaixonar-se. É isso que torna tudo tão complicado. Não sou a única atraída por ele, e estou bem ciente disso. O mundo observa-o de perto, admira-o, celebra-o. Ele está rodeado de pessoas que querem a sua atenção, o seu tempo. Quem sou eu no meio de tudo isso? Apenas mais uma cara na multidão, mais uma pessoa que deseja em silêncio algo que talvez nunca aconteça.
Não é como se não tivesse tentado seguir em frente. Já me disse incontáveis vezes que é só uma paixoneta, que vai desaparecer com o tempo. Mas não desaparece. Em vez disso, persiste, tornando-se mais forte no silêncio de momentos como este, quando estou sozinha com os meus pensamentos.
Olho para o meu telemóvel pousado ao meu lado, a perguntar-me se deveria enviar-lhe uma mensagem. Não seria estranho enviar uma mensagem casual, apenas para dizer olá, mas hesito. Já estive aqui antes, a olhar para o nome dele no ecrã, os meus dedos a pairar sobre o teclado. É engraçado como algo tão simples pode parecer tão complicado. No final, não escrevo nada. Coloco o telemóvel de volta no bolso, sabendo que nenhuma mensagem irá alterar a distância entre nós.
O som da água a bater suavemente na margem preenche o silêncio, mas só amplifica o vazio que sinto. Este desejo, não é desesperado nem doloroso; está apenas lá, uma presença constante. Já o aceitei. Não é o tipo de amor que me faz chorar à noite ou me mantém acordada a imaginar o que poderia ter sido. É mais suave do que isso, mais agridoce. É o tipo de sentimento que vem de conhecer alguém tão bem, mas não poder tê-lo por completo.
Não sei se o Lance me vê dessa forma, e isso é o mais difícil. Ele é gentil, atencioso, mas nunca me deu um sinal de que sente algo além de amizade. Talvez seja culpa minha por nunca ter tido coragem de dizer algo, mas como poderia? A vida dele já é tão cheia, tão exigente. Que direito tenho eu de pedir espaço nela?
Encolho os joelhos junto ao peito, descansando o queixo sobre eles enquanto o céu passa de claro a escuro. Pergunto-me se este sentimento algum dia desaparecerá, ou se estarei sempre presa neste desejo silencioso por algo que não posso ter. Talvez um dia ele me veja de forma diferente. Ou talvez nunca o veja, e eu terei de aprender a deixar ir.
Fecho os olhos outra vez, e desta vez, imagino-o. Não o Lance Stroll público, o piloto de Fórmula 1, mas o verdadeiro Lance. O que ri alto demais com piadas más e insiste em acertar no tempo certo quando explica uma estratégia de corrida, mesmo quando ninguém entende metade do que ele diz. O Lance que às vezes parece cansado depois de uma corrida, mas que ainda arranja tempo para ouvir os outros, que se importa mais do que demonstra.
Acho que é por esse Lance que me apaixonei. Não pelo que o mundo vê, mas pelo que eu vislumbrei em momentos de calma. É por isso que este desejo parece tão profundo, tão real. Porque não é apenas uma admiração à distância — é algo mais, algo que não sei como expressar em palavras.
Quando as primeiras estrelas aparecem no céu noturno, suspiro suavemente. Não tenho as respostas, e talvez nunca as tenha. Mas por agora, vou continuar sentada aqui, deixando que o desejo permaneça mais um pouco, como as ondas suaves contra o cais, sabendo que há coisas que não são para serem tocadas, apenas sentidas à distância.
Se ao menos a vida fosse tão simples como este lago tranquilo, onde tudo se move devagar, e não há pressa para chegar à linha de meta.
Olá pessoal!Espero que tenham gostado deste imagine.Se tiverem algum pedido, não hesitem em fazê-lo que irei com todo o gosto, amor, carinho e dedicação escreve-lo.
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F1 Imagines
Fanfiction*F1 Imagines* é um livro que mergulha na imaginação criativa dos fãs da Fórmula 1, oferecendo uma experiência única e imersiva. Cada página captura momentos vibrantes e intensos, permitindo aos leitores vivenciar histórias fictícias com seus pilotos...