Capítulo 30

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— Semana que vem já começam as provas, estudem e revisem nossa matéria do bimestre. — Micael disse ao encerrar a aula. — Sei que são capazes.

— Professor, eu tenho algumas dúvidas, será que o que o senhor pode me ajudar a esclarecer? — Zoe ergueu a mão e disse com um tom de voz convidativo.

— Claro que sim, Zoe. Me procure no seu tempo vago que eu te ajudo. — A menina assentiu e Sophia virou os olhos. — Dispensados.

— Essa piriguete ainda tá afim do seu irmão. — Sophia resmungou ao guardar os materiais e Gabi deu de ombros. — Que garota insistente.

— Eu disse que ia falar com ele, nem falei. — Gabi disse ao dar risada. — Vou contar agora. — Gabi levantou a mão e o irmão foi até ela, não tinha mais muita gente na sala, mas as amigas ainda estavam ali. — Tenho que te contar algo sobre a Zoe.

— Fofoca? — Ele cruzou os braços e se recostou na mesa, olhando sua irmã e as amigas. — Não quero saber.

— Na verdade, não. — Disse empolgada em tentar ver Sophia se controlar de ciúmes. — Zoe almoçou conosco outro dia, pediu pra eu te dizer que ela tá afim de você. — Contou prendendo o riso.

Diferente de Micael que começou a rir quando a notícia fez sentido. Sophia fez careta e Lua observava com Mel interessada.

— Dá pra ver de longe.

— Então dá logo um fora nela. — Sophia disse sem pestanejar e atraiu atenção indesejada das amigas. — Imagino que você não vai levar isso adiante, né? É uma loucura.

— Desde quando você se mete dessa forma na vida do professor, Sophia? — Disse Lua, mais do que desconfiada.

— Vocês não acham loucura? — Perguntou as amigas.

— Sim, mas não é da nossa conta. — Foi a vez de Mel dizer, igualmente desconfiada. — Você fala como se realmente tivesse algo a ver.

— Vocês tão exagerando. — Sophia deu de ombros e segurou o caderno e o livro num abraço. — E eu preciso usar o banheiro. — Pegou o estojo e saiu apressada da sala, deixando as duas ainda mais desconfiadas.

— Que doideira. — Micael deu de ombros, tentando disfarçar. — Mas pode deixar, maninha, eu me entendo com a Zoe.

— Se entender eu espero que signifique dar um fora.

— Isso mesmo, agora vai pra aula. — Estalou os dedos e apontou pra fora. — Mais tarde a gente conversa.

— Tá bem, te amo. — Mandou um beijo e as três saíram da sala, acompanhadas dos últimos alunos que por alguma razão ainda estavam ali.

**

Sophia ficou incomodada com aquilo o dia inteiro e isso foi o suficiente pra fugir de todas as amigas, levantando ainda mais suspeitas. Não viu Micael ir embora, agora, já eram mais que nove da noite e ela não tinha jantado, estava sentada no jardim, sozinha. 

— Finalmente te achei. — Gabriela disse ao se sentar perto de Sophia. — Precisava mesmo se esconder o dia inteiro? 

— Não me escondi o dia inteiro, eu fui as aulas. 

— Sim, e sumiu logo no final de todas. — Soltou uma breve risadinha. — Me diz que isso tudo não é por causa da Zoe. 

— Essa garota me irrita, seu irmão dando confiança e você se divertindo com isso também. 

— Para de graça, ele tem que tratar a menina bem, afinal, é professor dela. Pare de ser ciumenta. 

— Não consigo! — Resmungou. — No fundo eu sei que não teve nada demais, mas Gabi...

— Para de graça. — Ficou de pé e puxou sua amiga. — Vamos para o quarto, você vai tomar um banho e falar com seu amor pelo telefone, pra poder animar seu humor. 

— Vou tentar parar de graça. — Sorriu e as duas caminharam apressadas pra dentro, afinal, já havia tocado o sinal para se recolherem. 

No quarto, Sophia foi direto tomar banho e quando voltou, Gabi tinha o irmão na linha. Estendeu o telefone e Sophia sorriu antes mesmo de pegar o aparelho. 

— Oi, amor.

— Soube que a senhorita fugiu das suas amigas o dia todo. — Disse com tom de crítica e ouviu um suspiro. — Espero que não tenha sido por conta da sua colega de turma. 

— Não foi. — Se jogou na cama, ainda enrolada na toalha. — Eu só precisava de um tempo, mal estava conseguindo disfarçar e as meninas andam muito curiosas. 

— Espero que seja verdade, eu amo você. Não quero a Zoe ou qualquer outra aluna. 

— E professora? 

— Não quero mulher nenhuma, ciumenta. — Conseguiu tirar risada de Sophia. — Ao invés de ficar pensando besteira, pensa em quantas coisas faremos no final de semana, que tal? 

— Tudo bem, já estou com saudades. 

— Eu também, meu amor. — Sorriram para o telefone e logo se despediram. 

— Vocês são tão melosos. — Gabi implicou. — Eu até fiquei enjoada só de ouvir uma conversa de trinta segundos. 

— Não implica comigo que eu estou sensível. — Resmungou  e se levantou para se vestir. Devolveu o telefone a amiga e foi procurar um pijama. 

Estava totalmente vestida, passando uma escova nos cabelos quando o quarto foi praticamente invadido por Mel. 

— Nós duas precisamos conversar. — Mel disse antes que as duas reagissem a sua presença ali naquele horário. — Como é que você teve coragem?

— Isso não é jeito de chegar, Mel. — Sophia largou a escova e se aproximou de Mel, ficando entre ela e Gabi. — Se acalma e vamos conversar como amigas.

— Você sabia? — Questionou de braços cruzados e Sophia não respondeu. — É claro que sabia! Por isso que vivem de segredinho pela escola.

— Será que dá pra ficar calma? — Sophia pediu outra vez. — Não aconteceu nada de errado!

— Essa sonsa pegar meu namorado é pouco?

— Eu não fiz isso!

— Você fez sim! Eu e Pedro não terminamos nem há uma semana e você já caiu matando? Tá de olho nele há quanto tempo, Gabriela?

— Eu não sou fura olho. Não aceitei ficar com ele, pode ficar tranquila.

— Para de palhaçada, Mel. — Sophia se meteu de novo, vendo que Gabriela estava prestes a chorar. — Vocês terminaram, não há nada de errado.

— Não há?

— Lógico que não! Você anda pra cima e pra baixo com Chay, que é amigo do Pê, mas ele não pode ficar com a Gabi? Você está sendo hipócrita e egoísta.

— Mas é claro que você ia ficar do lado dela. São amiguinhas.

— Para de ser idiota, meu irmão merece ser feliz e sim, eu apoio os dois. Assim como apoio você com Chay.

— Isso é ridículo. — Balançou a cabeça muitas vezes. — Não é coisa de amiga!

— Vai pro seu quarto esfriar a cabeça. — Sophia foi até a porta e apontou pra fora. — Vamos conversar amanhã.

— Minha opinião não vai mudar em uma noite.

E saiu do quarto pisando duro e deixando Gabi em prantos.

Último Ano do ColegialOnde histórias criam vida. Descubra agora