Capítulo 34

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— Guarda esse telefone, vamos aproveitar o pouco tempo que temos. — Micael pediu beijando o pescoço de sua namorada que estava atenta ao aparelho.

— Calma ai, só tô respondendo sua irmã, me parece que o Pedro tá na sua casa.

— O quê? — Ele faltou dar um grito. — que história é essa?

— Gabi disse que ele chegou lá ainda agora pra conversar com ela.

— Esse moleque abusado tá pensando o que da vida?

— Para de drama, meu irmão é ótimo e ele é apaixonado pela Gabi.

— Esse moleque namorava sua amiga até pouco tempo atrás, eu não quero a minha irmã com ele.

— Tá de bobeira, ela também é caidinha por ele. — Sophia deu risada da expressão de Micael. — Deixa de bobeira, eles são fofos e jovens. Podem ficar juntos sem esconder, deixa acontecer.

— Ele está na minha casa com a minha irmã caçula! — Disse como se fosse o maior absurdo.

— E você está na casa dele com a irmã caçula dele. — Sophia rebateu com os braços cruzados. — Para de show, deixa o dois se entenderem e vamos aproveitar nossa noite, já que você tem que ir embora bem cedo antes de todos acordarem.

— Tá bem, mas não vou mentir e dizer que tô feliz com isso.

— Tão cabeça dura, vem cá, vou te fazer esquecer os dois agora mesmo! — Brincou e o sorriso de Micael se abriu no mesmo instante.

**

— O que faz aqui? — Gabi perguntou assim que abriu a porta e viu Pedro ali parado. — Como tem meu endereço?

— Eu sei que a Mel te disse um monte de coisa, mas eu quero você! Sou louco por você, Gabriela!

— Não começa com isso, vai embora, Pê.

— Eu vou quando você me disser, olhando nos meus olhos que não sente o mesmo!

— Gosto de você, Pedro. — Ele sorriu um instante. — De verdade, mas você terminou há uma semana com a Mel e ela vai ter raiva de mim por causa disso. Vamos dar tempo ao tempo. 

— Não! A gente se gosta, não é justo que fiquemos separados por causa de outra pessoa. — Se aproximou e segurou em suas mãos. — Vamos ficar juntos e eu vou atrás da Mel tentar outra conversa, mas eu não aceito não ter você nem mais um dia. 

— Você é um pouco intenso. 

— Reprimo esse sentimento há muito tempo, quero aproveitar. Fica comigo, por favor?

— Podemos manter só entre nós?

— Eu aceito tudo pra ter você. — Sorriu e iniciou um beijo, finalmente feliz por ter conseguido se acertar com Gabi. 

**

Na manhã seguinte, Micael já estava pronto pra ir embora as cinco da manhã. Os dois correram nas pontas dos pés pela casa e felizmente não tinham sido visto por ninguém. 

— Eu amei passar a noite com você. — Sophia disse na ponta dos pés, antes de iniciar um beijo de despedida. — Precisamos fazer isso mais vezes. 

— Não acho que seja uma ideia boa. — Sorriu quando a viu sem entender. — Eu não tenho mais idade pra me esconder embaixo da cama. 

— Então na próxima você vai para o closet. — Piscou um olho e lhe deu mais um beijo antes que fosse embora. — Te amo. 

— Te amo. — E saiu caminhando na direção de onde tinha deixado o carro. 

Sophia entrou com um sorriso aberto, contente pela bela noite que teve. Pensou em voltar pra cama e cochilar mais um pouco. Encontrou a madrasta na cozinha, arrumando café da manhã numa bandeja. 

— Vejo que está feliz. — Comentou sem desviar a atenção do que fazia. — Que bom que deu certo. 

— Você está sempre em todos os lugares? 

— Juro que não estou vigiando. — Sorriu ao olhar a enteada. — Vim fazer um café da manhã pra levar pro seu pai, alguma dica? 

— Ele gosta de queijo branco. — Apontou pra bandeja com queijo amarelo enrolado. — E suco de abacaxi. — Apontou para o que parecia suco de laranja. — E café preto sem açúcar. 

— Ou seja, está dizendo que eu fiz tudo errado? — A menina parou e cruzou os braços com certa careta de decepção ao ver seu trabalho. 

— Ele vai adorar. — Sophia suspirou e puxou a banqueta pra se sentar de frente pra madrasta. — Vai adorar porque adora você. Não me leve a mal, eu ainda acho uma maluquice, mas espero que você não seja uma golpista. 

— Eu amo seu pai. — Disse com uma voz suave que quase convenceu Sophia. — Eu o conheci num momento em que estava sozinha, frágil. Tinha terminado um relacionamento longo e ele me ajudou a superar de forma leve, sem se impor em nenhum momento. Quero dizer, foi natural o que aconteceu, quando percebemos, já estavamos apaixonados. 

— Isso é bom, eu quero ver meu pai feliz. — Sorriu, pela primeira vez sendo sincera. — É lógico que eu já vi ele com outras namoradas, mas parece ser diferente dessa vez. Pelo menos ele nunca quis se casar.

— Vai ser muito importante pra mim se você aceitar passar um tempo comigo. Quero te mostrar que eu posso ser legal.

— Eu topo, mas não hoje. — Juntou as mãos como se implorasse e a madrasta deu risada. — Tive uma noite bem agitada.

— Consigo imaginar. — Mariana soltou um sorriso malicioso. — Por que seu pai não sabe do seu namoro?

— Ninguém sabe, é uma história bem complicada e eu te conto quando já existir relação entre nós duas, pode ser?

— Vou ficar esperando por essa prova de confiança.

Sorriram uma pra outra e novamente Sophia foi para o quarto. Estava exausta, precisava dormir.

**

Micael chegou em casa feliz.

Sabia o que tinha feito e ainda assim não acreditava naquilo. Se sentia uma adolescente perto de Sophia e tinha que ter cuidado com isso, ou acabaria se dando mal.

Entrou em casa girando o chaveiro no dedo indicador e assobiando. Ainda era muito cedo e tinha certeza que Gabi estaria dormindo, mas ainda assim, precisava dar uma olhada na irmã, só pra ter certeza.

Abriu a porta de fininho e a viu dormindo. Gelou e arregalou os olhos quando viu Pedro na cama, com os braços ao redor de sua irmã dormindo serenamente.

— Só pode ser piada! — Estava bravo, toda sua noite mágica tinha sumido e agora a única coisa que conseguia pensar era naquele marmanjo transando com sua irmã. — ACORDEM, VAMOS COMEÇAR A EXPLICAR ESSA PALHAÇADA!

Puxou o edredom dos dois, em uma tentativa de acordá-los e os viu nu. Cobriu os olhos no mesmo instante e soltou um barulho de nojo.

Gabi e Pedro que tinham acordado no susto puxaram o edredom novamente pra se cobrirem.

— Vistam a porcaria de uma roupa e me encontrem lá em baixo em cinco minutos. — Virou as costas. — CINCO MINUTOS.

E saiu bufando, sem ouvir um pio dos adolescentes.

Último Ano do ColegialOnde histórias criam vida. Descubra agora