Capítulo 6

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— Gabriela!

— O quê? — Se fez de sonsa e piscou algumas vezes. — Eu não posso nem namorar?

— Nem idade pra namorar você tem.

— Qual foi, está passando do nível de caretice, Micael. Eu tenho dezessete anos! — Sophia a olhou com muito interesse, porque também tinha dezessete anos, mas não tinha falado a ele isso.

— E dezessete anos não é idade de namorar, tem que se concentrar no vestibular e não em homens. — Rugiu pra irmã que soltou um suspiro.

— Agora eu realmente te achei careta. — Sophia disse ao ver Gabriela murchar sem argumentos. — Namorar faz parte da vida, uma pessoa feliz e bem resolvida com certeza tem melhores resultados.

— Você vai defender?

— Eu só acho que está exagerando. — Ele ergueu uma sobrancelha, surpreso com a afronta de Sophia. — Não precisa tratar a menina como se ela tivesse treze anos, é quase uma adulta já.

— Ter dezoito anos não significa ter maturidade.

— Eu te disse amiga, ele é careta. — Gabriela cochichou, mas ele foi capaz de ouvir. — Até mais careta que meu pai, era muito melhor quando a Mari ainda estava por aqui, ela o colocava na linha.

— Eu não preciso de ninguém pra me colocar na linha.

— Talvez eu ligue pra Mari e conte o que está fazendo comigo! — Ele suspirou, encarando a irmã friamente. — Não é justo agir dessa forma autoritária.

— Não se preocupe, eu te apresento meu irmão. — Sophia brincou e piscou um olho pra nova amiga.

— Não pode estar falando sério, eu disse que não. — Micael disse instantaneamente e Sophia o encarou em silêncio.

— Desculpe, eu devo ter perdido a parte do documento que diz que você manda em mim.

— Você é abusada igual ela. — Gesticulou pra irmã. — Deve ser por isso que seu pai vive longe.

Ele deixou escapulir e num instante se arrependeu. Sophia assumiu uma feição triste e ficou em silêncio por um instante. Parecia prender as lágrimas e precisar de um tempo pra estabilizar a voz antes de dizer o que fosse.

A loira tirou o guardanapo que tinha no colo e colocou dentro do prato vazio que tinha na mesa.

— Com licença. — Disse por fim, pegando o aparelho desligado e o chaveiro.

Saiu do restaurante sem dizer nada e Micael encarou Gabriela por alguns segundos.

— Vai atrás dela logo. — A menina apontou e Micael olhou pra trás.

Sophia já estava quase na porta quando ele se levantou atrapalhado e correu para alcança-la. Segurou em seu braço a fazendo virar, já do lado de fora, mas ainda bem perto da entrada.

— Me desculpe, eu não quis dizer aquilo.

— Você quis dizer exatamente o que disse. — Rebateu no mesmo instante e então puxou seu braço. — Olha, obrigada por sua hospitalidade de manhã, mas eu realmente tenho que ir.

— Vamos almoçar.

— Eu disse que tenho que ir. — Saiu andando e ele a seguiu de perto. — Quer parar de vir atrás de mim?

— Quer parar de andar? — Ela parou de supetão e ele não parou a tempo, esbarrou nela. — Eu sei que exagerei, mas não quero que você suma.

— Tivemos uma noite, da qual não lembro e uma manhã. — Respondeu seca. — Está ótimo.

— Você me prometeu uma outra saída. — Apontou pra dentro. — Por favor, estávamos nos divertindo, não vamos deixar que esse mal entendido estrague tudo.

— Mas já estragou. — Ele sorriu de canto, e a viu morder o lábio inferior do jeito que sabia que o enlouquecia. — Não acha?

— Não acho. — Respondeu e a puxou pela cintura.

Iniciou um beijo com Sophia ali na frente do restaurante. Aquilo não era nem um pouco educado, mas não podia deixar que ela fosse embora.

Seu corpo já dava sinais de vida quando a afastou. Sophia levou uma das mãos ao coração sentido-o bater muito forte e acelerado. A atração que sentiam um pelo outro era absurda e os dois tinham ciência disso.

— Vamos almoçar? — Convidou mais uma vez, olhando dentro de seus olhos.

Sophia respirou fundo algumas vezes, tentando controlar seu coração, mas parecia uma missão impossível. Ela sorriu e segurou a mão de Micael.

— Vê se não fala mais nenhuma gracinha.

— Não, pode confiar em mim. — Sophia e os dois caminharam pra dentro de mãos dadas.

Gabi estava sentada se deliciando da costelinha que tinha pedido. Não esperou os dois pra comer, e sorriu ao vê-los voltando de mãos dadas.

— Achei que teríamos que andar pela cidade testando sapatinhos nas donzelas pra achar você. — Brincou com sua futura cunhada quando ela se sentou.

— Se eu fosse a Cinderela, com certeza. — Seu estômago roncou ao ver o prato que tinha diante de si. — Isso parece uma delícia.

— E está. — Gabi disse de boca cheia, arrancando risos do irmão e de Sophia. — Esse restaurante é incrível.

— É sim, temos costume de vir aqui toda vez que Gabi está na cidade.

— Me surpreende eu não conhecer, se tem algo que eu e minhas amigas fazemos é experimentar nossos restaurantes. — Deus de ombros. — As meninas adoram coisas novas.

— Você tem muitos amigos?

— Não, tem a Mel, que é a namorada do meu irmão. — Disse isso olhando pra Micael, que deu risada. — E a Lua, que namora um amigo nosso, Arthur.

— Suas duas melhores amigas namoram e você está solteira?

— É por isso que elas são caretas. — Sophia deu risada ao se lembrar. — Tem alguns momentos que eu acabo ficando sozinha, é lógico, mas eu sempre acabo arranjando alguém, não é um grande problema também.

— Sempre arranja alguém? — Micael ergueu uma sobrancelha. — Por essa eu não esperava.

— Uma garota tem que se divertir. — Sorriu e Micael negou com a cabeça. — Você não pode me julgar, se eu fosse santa, você não teria me conhecido.

— Tem razão, mas será que é cedo pra eu pedir a você pra parar de se divertir com qualquer cara por aí? — Sophia abriu a boca em surpresa, com certeza não estava esperando por isso.

— Nós conhecemos há umas cinco horas e você está me pedindo pra acabar com os meus contatinhos?

— Precipitado?  — Ergueu uma sobrancelha. — Me desculpe.

— Bem precipitado, uma loucura. — Deu risada pensando na proposta. — Eu vou te responde apenas um talvez, pode ser?

— É irmão, essa aí é osso duro de roer. — Gabi brincou enquanto observava os dois. — Boa sorte pra você.

Último Ano do ColegialOnde histórias criam vida. Descubra agora