— Por favor, mãe! — Gabriela implorou a mãe por chamada de vídeo. — O Micael não vai deixar eu sair com as minhas amigas.
— Você que quis morar com ele, agora tem que obedecer as regras da casa dele.
— Você está sendo cruel, sabe como ele pode ser chato as vezes, fora que não vai me dar dinheiro pra ir.
— Você vence pelo cansaço. — Suspirou. — Tudo bem, Gabriela. Eu vou te fazer um pix, mas você vai ter que falar com ele sobre isso.
— Tá bom, beijo mamãe. — A ligação foi encerrada e Gabi olhou pra sua amiga. — Eu tentei.
— Fala com ele.
— Ele nunca vai deixar eu sair com você pra um barzinho à noite. — Suspirou. — Você o conhece.
— Ele não vai deixar pela forma que nós conhecemos, vai achar que eu não sou confiável e quem pode julgá-lo?
— Queria muito ir.
— Bom, se o único argumento que ele tem, é eu não ser uma boa companhia vamos levar as meninas e ele não vai poder usar, não na frente delas.
— Sophia, como você é inteligente. — Gabriela deu risada. — Nunca que ele vai poder negar essa saída sem revelar que vocês já tiveram um caso.
— Na verdade ele pode, afinal você tem dezessete, mas ele vai ficar com raiva e não vai conseguir raciocinar. — Piscou um olho e abriu o notebook. — Vou escrever nosso trabalho, vamos zerar todos os possíveis motivos dele.
As duas deram risadas e começaram a fazer o trabalho de literatura.
O dia se arrastou, as duas comeram no quarto e se mantiveram dedicadas a fazer o trabalho perfeito. Mereceriam muito mais do que dez, mesmo que Sophia tivesse feito mais que oitenta por cento sozinha.
Por mais que Gabi tentasse se concentrar, a lembrança do beijo sempre a distraia.
Já a noite, Sophia saiu do closet com o mesmo vestido que usou na noite em que conheceu Micael. Um tubinho preto, bem curto e tomara que caia. Gabi deu risada porque sabia que era aquele vestido, afinal estava usando quando se conheceram.
— Você está com tanta raiva dele afim de usar esse vestido?
— Eu adoro esse vestido.
— E também é o vestido que estava usando quando se conheceram, você sabe que ele vai lembrar.
— Estou contando com isso, faz parte de deixar ele sem argumentos. — Sentou-se na penteadeira pra fazer sua maquiagem. — Ele finalmente vai descobrir quem é Sophia Abrahão.
— Isso quer dizer o quê? Vai ficar com outros na frente dele?
— Sinceramente? Vou voltar a ser quem eu sempre fui. Já se passaram dois meses e eu virei uma bebê chorona, quero dizer, olha bem pra mim, Gabi. Eu não sou mulher de ficar chorando e se lamentando porque um homem não me quis. Afinal, se um não quer, dez querem.
— Vou me sentir culpada, porque eu sei o tanto que ele gosta de você.
— Se gostasse, estaria comigo.
— Ele não pode, não seja tão difícil.
— Não pode, não quer, não faz diferença. Hoje eu vou me divertir e espero que você não corte o meu barato.
— Não vou. — Disse com um suspiro. — Deixa eu te ajudar com isso. — Se aproximou e pegou o delineador de sua mão para ajudar na make.
Sophia e Gabriela saíram de casa por volta de oito da noite, as duas entraram num carro que as esperavam, dentro estavam Lua e Mel já prontas.
— Vamos! Você precisa se arrumar. — Sophia encorajou a amiga quando o carro finalmente parou diante de sua casa. Mel e Lua entraram logo atrás, e assim que o quarteto passou pela porta, Micael ergueu o olhar e ficou de pé.
— Mas o que é isso? — Perguntou ao vê-las se aproximar. — Caravana pra onde?
— Nós vamos sair hoje, uma espécie de noite das garotas. — Gabi tomou a dianteira e falou com uma voz gentil, ao irmão que tinha os olhos fixos em Sophia e sua vestimenta. — Vim pra casa para me arrumar.
— Espera! — Ergueu um dedo. — Quem deixou você ir?
— Vai empatar? Mamãe até me deu dinheiro.
— Ela deu? — Desviou o olhar de Sophia para a irmã. — Não importa, você mora comigo quem decide sou eu. Ao invés de pensar em sair, devia gastar sua noite fazendo seu trabalho.
— Bom, já fizemos. — Sophia se aproximou e estendeu o trabalho impresso, com uma capa padrão ABNT que surpreendeu Micael.
Ele por sua vez não conseguiu disfarçar o olhar de dor para Sophia.
— Pegue, vai ver que está ótimo.
— Se foi a Gabriela que fez, com certeza não está.
— Ei! — A adolescente protestou e ele lhe deu um olhar cínico. — Ok, tudo bem, ainda bem que era em dupla.
— É o próximo será individual.
— Isso importa agora? Ela tem dinheiro, o trabalho está feito, será que pode ou não ir com a gente? — Lua deu um passo a frente e ganhou a atenção. — Não é como se fôssemos irresponsáveis.
— Onde vão?
— Ao betters.
Micael soltou uma risada debochada que deixou Lua e Mel sem entender nada.
— Não, de jeito nenhum.
— Qual o problema? — Gabi questionou. — Aconteceu algo lá?
— Eu... — Ele gaguejou, encarando Sophia. Não sabia bem o que dizer. — Eu...
— Ótimo, sem argumentos, vou me arrumar. Vamos meninas. — Saiu correndo escada acima junto com as amigas e Micael levou as mãos a cabeça, querendo socar a parede por não ter resposta.
Durante todo o tempo que estiveram ali, Sophia quis descer pra falar com Micael, mas reprimiu esse desejo, sabendo que nada de bom sairia daquela conversa. Ficou avoada enquanto as meninas conversavam sobre a roupa e a maquiagem que Gabriela devia usar.
— E então, vamos? — Sophia ficou de pé e disse as amigas, que perceberam seu tom inquieto.
— Você não me parece bem. — Mel comentou e se aproximou. — Aconteceu alguma coisa?
— Está tudo bem, só quero ir logo, preciso de um drink.
— Tudo bem, vamos. — Gabi falou e as quatro desceram as escadas, encontrando Micael novamente sentado no sofá. — Estamos indo.
— Quero falar com você um minuto, vem cá. — Os dois saíram de perto. — Gabi, eu sei que você não bebe, não estou preocupado com isso... é só que...
— Pra falar a verdade, uma não vai matar ninguém, mas eu prometo que não vou me embebedar e perder a razão.
— Eu sei que não vai, mas sabe quem vai?
— Ah, não fala isso, você nem sabe.
— Claro que sei, eu a conheci assim. Por favor, não a deixe sozinha. — Pediu com as mãos juntas, quase que implorando. — Eu não vou conseguir dormir sabendo que ela estará por ai sozinha.
— Pode deixar, eu tomo conta dela. — Micael sorriu e puxou a irmã pra um abraço. — Eu te amo, maninho.
— Eu também amo você! — Deu um beijo no topo da cabeça dela e então voltaram ao grupo. — Juízo, as quatro.
— Pode deixar, professor. — Mel respondeu com um sorriso e saiu na frente, seguida das amigas. Sophia foi a última e olhou pra trás, alguns segundos encarando Micael sem dizer nada e então saiu.
— Droga! — Praguejou sozinho. — Como se eu fosse conseguir fazer alguma coisa sem me preocupar se algo aconteceu. — Levou as mãos a cabeça, Sophia ainda seria a responsável por sua loucura.
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Último Ano do Colegial
RomanceSophia Abrahão é uma jovem problemática que vive em guerra com seu pai por ele viver trabalhando. Geniosa e atrevida, ama sair e beber com as amigas. Se vê completamente apaixonada no instante em que conhece o galante senhor Borges, de uma forma nã...