Capítulo 5

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— E então, onde vamos almoçar? — Gabriela estava no banco de trás, escorada nos dois bancos da frente olhando o irmão e a provável cunhada.

— Vocês eu não sei, mas eu na minha casa.

— Você não vai ficar com a gente? — Gabi disse surpresa. — Poxa vida, vamos almoçar ao menos.

— É que é bem complicado...

— O que é complicado? — Insistiu e Sophia olhou pra Micael que sorria vendo Sophia procurar palavras pra descrever o que tinham. — É só comida, não pode me deixar sozinha com ele.

— Com seu irmão? — Micael olhou a irmã pelo retrovisor absmado com o jeito que ela falava. 

— Ele é careta demais! 

— Gabriela! 

— Eu te amo, manino, mas você é um chato as vezes. — Apenas ignorou e se concentrou na estrada. — E então, vamos almoçar? 

— Eu realmente preciso ir pra casa. — Sophia disse sem graça. — A essa altura meu irmão deve estar indo na polícia comunicar meu desaparecimento. 

— Desaparecimento? — Ela alternou olhares entre os dois. — Podiam me contar o que rolou entre vocês. 

— Eu bebi e conheci o seu irmão num bar. 

— E passou a noite com ele? — Arregalou os olhos, surpresa. — Precisamos realmente andar juntas. 

— Sossega o faixo, Gabriela. 

— Viu, careta. — Disse pra Sophia que apenas deu risada. 

— Como se eu fosse confiar em você num bar. 

— Como se você fosse a favor da diversão, não é mesmo? 

— Eu estava no bar, não estava? 

— Afogando as mágoas por causa do término? — Gabriela jogou no ventilador e ele tossiu completamente sem graça. — Era isso o que estava fazendo? 

— Quer calar a boca? — Pediu mais uma vez e Sophia deu risada se identificando em relação com o irmão. — Linguaruda. 

— Calar a boca nada, quero saber desse babado. — Sophia insitiu e olhou pra trás, a menina estava recostada no banco e agora quem estava com a cabeça enfiada nos dois bancos era Sophia. — O que a moça má fez com seu irmão? 

— Colocou chifre nele com a cidade inteira. — Gabriela colocou a mão na testa e gargalhou junto com Sophia. 

— Se for contar, conta ao menos a verdade! — Micael protestou entre as gargalhadas delas. — Não foi isso que aconteceu! 

— Mas assim é muito mais legal. 

— Mas assim é mentira. — Brigou, mais uma vez olhando no rosto da menina pelo retrovisor. — Mariana é bailarina, ela conseguiu uma bolsa pra uma famosa escola de balé da Rússia e foi embora. — Sophia olhou de boca aberta, não imaginaria aquilo nunca. 

— Só que já fazem meses que isso aconteceu e ele segue chorando pelos cantos a cada segundo que passa sozinho. — Gabriela entregou ainda mais. — Aposto que estava no bar chorando as pitangas, não é?

— Não é da sua conta! 

— Ah, é difícil esquecer um amor. — Sophia lhe deu razão. — Ainda mais quando a relação acaba dessa forma, sem brigas, com os dois se amando ainda. 

— Pois é. Foi difícil e a engraçadinha da minha irmã que nunca se apaixonou por ninguém de verdade fica debochando de mim. 

— Micael ela foi embora há quase seis meses. — Gabriela argumentou. — Amar é deixar ir. 

— Mas não significa que deixar ir é fácil. — Rebateu e então ele parou o carro.

Sophia olhou pra frente interessada, só agora havia percebido que não tinha passado o endereço pra ele, então não tinha como ter chegado. 

Micael soltou o cinto e abriu a porta após pegar celular, chave e carteira. Gabriela sorriu e saiu logo em seguida. Sophia não demorou a se soltar e sair também, olhando com atenção o lugar onde estavam. 

— Pensei ter dito que queria ir pra casa. — Sophia disse com os braços cruzados após fechar a porta do carro. Encarou os irmãos de braços dados. 

— Você não me disse onde mora, então eu pensei que deve ter se esquecido igual ontem a noite, quem sabe com uma boa refeição consiga se lembrar. — Micael disse com um sorriso de canto que fez Sophia suspirar de tesão. — E então? — Ergueu o outro braço pra ela segurasse e então a loira caminhou até ele.

Os três entraram no restaurante de comida mineira e logo foram designados a uma mesa. Após alguns minutos olhando o cardápio, cada um se decidiu e o pedido foi feito. 

— Vocês combinam. — Gabriela disse após algum tempo em silêncio. — Deviam se dar uma chance. 

— A gente se deu uma chance. — Sophia respondeu com naturalidade e fez Micael erguer uma sobrancelha. — Transamos bêbados ontem a noite. 

— Sophia! — Ele protestou envergonhado e Sophia deu risada, junto com sua nova amiga. — Limites, eu não posso dar esse tipo de exemplo pra minha irmã. 

— Então devia ter deixado eu ir embora de táxi e não me trazido junto. 

— Se eu fizesse isso, nunca ia saber onde você mora, ou ter o seu telefone. Como eu ia te ver outra vez? 

— E você quer me ver outra vez? — Perguntou com expectativa. Gabriela olhava os dois com um sorriso bem amplo. —  Talvez eu te dê o meu número e a gente combine algo. 

— Algo que não envolva bebedeira. — Ele deu risada da careta que a mulher fez. 

— Eu te falei que ele é um estraga prazeres. — Revelou a amiga que antes estava só em silêncio. — Deixa a garota beber, você a conhece tem um dia, não pode regular. 

— Beber pra se divertir é legal, o que ela fez ontem foi terrível. — Micael disse pra irmã que ficou ainda mais curiosa. — E olha só pra ela? É muito mais linda sóbria do que bêbada enrolando a língua e vomitando tudo.

— Bom, eu não a vi bêbada, não posso opinar sobre isso. — Gabi comentou e riu, observando o rubor crescer no rosto de Sophia. — Mas que você é linda, é.

— Obrigada, mas vocês estão me deixando sem graça.

— Deixa disso, você não precisa ficar sem graça, a Gabriela é inoportuna às vezes, mas você acaba se acostumando com a cidadã.

— Claro que ela vai se acostumar, é minha nova melhor amiga, vamos sair muito juntas.

— Você não vai a lugar nenhum! — Micael rolou os olhos pra irmã que falava aquelas coisas com real intuito de irrita-lo. — A única coisa que você vai fazer esse ano é se concentrar nos seus estudos. Não precisa dar motivos para que seus pais reclamem.

— Para de falar como se ela não fosse sua mãe.

— Ela nunca foi minha mãe, ela só me pariu.

— Deixa disso, ela te ama. — Defendeu fortemente. — Já passou da hora de superar que ela foi embora.

— Gabriela, não estraga o nosso almoço falando da sua mãe. — Sorriu pra irmã. — Vamos falar de coisa boa.

— Claro que sim, você disse que tem um irmão mais velho Sophia? Ele está solteiro? — Gabi perguntou pra mais uma vez atormentar o irmão.

Último Ano do ColegialOnde histórias criam vida. Descubra agora