Capítulo 16

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— Você realmente gostou do livro? — Gabi perguntou pelo que parecia ser a décima vez. — Ou aprendeu isso tudo pra impressionar o meu irmão? Sério, eu vou te julgar menos se disser que foi apenas para impressionar. 

— Eu não quero impressionar ninguém. — Sophia deu risada já começando a rascunhar o que escreveria. — Deixa de ser boba, o livro é ótimo. 

— Não achei que ficariam separados muito tempo, sabia? Meu irmão é mais determinado do que parece. — Sophia apenas balançou a cabeça concordando sem querer se desconcentrar do que escrevia pra não perder o raciocínio. — Você não liga mais?

— Gabi. — Deixou o caderno com seu rascunho e olhou pra amiga. — Nós conversamos todos os dias, você sabe que eu ligo muito, mas já passou da hora de aceitarmos a realidade. Seu irmão e eu, foi algo que durou um dia e passou. Vamos deixar isso pra lá, pode ser? 

— E eu tenho que acreditar que não rolou nenhum clima entre vocês agora há pouco? 

— É difícil, mas entendo o lado dele tem muita coisa em risco. — Suspirou e voltou a se concentrar no rascunho. 

Gabriela a deixou em paz e ao invés de ajuda-la com o trabalho, ela se concentrou em fazer outro, que também era em dupla, mas de física. 

Micael chegou perto do almoço, cheio de sacolas e tirou a concentração das meninas. 

— Quem dera eu chegasse em casa todo dia e visse minha irmã estudando. — Brincou ao passar por elas. — Tomara que se repita mais vezes!

— Eu durmo na escola, não tem como me ver todo dia em casa. — Respondeu mau humorada, irritada por estar a manhã toda fazendo trabalho. — Demorou bastante, vai fazer almoço? 

— Só o que me faltava. — Ele gritou da cozinha. — Estou cansado, Gabriela. 

— Temos visita, voccê não pode deixar nossa visita com fome. — Argumentou e tirou uma risada de Sophia. 

— Ela tem razão, eu sou visita e estou com fome. — Sophia ergueu uma sobrancelha pro antigo affair que já tinha voltado para a sala ao abandonar as sacolas no chão da cozinha. 

— Vocês duas juntas são um pé no saco, por que eu as apresentei mesmo? — Colocou uma das mãos ao queixo, fingindo tentar se lembrar do motivo. 

— Porque achava que a Sophia seria a mãe dos seus filhos. — Gabi implicou e Sophia deu risada com a careta sem graça que ele fez. — Não se sinta culpado irmão, seríamos amigas de qualquer forma, dividimos quarto, se lembra.

— E você deixa eu esquecer? — Bufou enquanto as duas deram risadas. — Peçam algo, hoje é sabado e eu não vou cozinhar. 

— Mas pedir vai demorar mais de uma hora pra entregar! — Gabriela protestou. — Quer saber, eu vou até o restaurante que tem na esquina e trarei algo para gente almoçar. 

— Gabriela, você não é tão sútil quanto pensa. — Micael cruzou os braços encarando a irmã com um sorriso. — Não inventa ideia. 

— Não estou inventando nada, me dá o cartão e fala o que quer para o almoço. 

— Tanto faz. — Deu de ombros e pegou o cartão do bolso, entregando a irmã com uma sobrancelha erguida. — Escolha com sabedoria.  

— Eu sou muito sábia. — Sorriu maliciosamente. — Quer alguma coisa em especial, Sophia?

— Ela devia ir junto. — Micael disse como quem não quer nada e então encarou Sophia com uma expressão ardente. — Você precisa ir junto. — Era quase uma súplica, um pedido de socorro. 

Ele sabia que não conseguiria resistir se estivessem apenas os dois ali. Sophia se perdeu em seus olhos e nem conseguiu achar a língua pra responder, deixou escapar alguns sons inteligíveis que arrancaram uma singela risada de Gabriela. 

— Não, ela está muito concentrada escrevendo um resumo crítico de duas a três páginas de Capitães da Areia. — Disse com um tom debochado e os dois a encararam. — Quero dizer, ela está muito ocupada escrevendo a parte dela do resumo. 

— Me engana que eu gosto, Gabriela. 

— Te amo, maninho. — Mandou um beijo, pegou a chave e o celular e saiu de casa às pressas. — Já volto gente, juízo. — Disse sem nem ao menos olhar pra trás. 

Sophia balançou a cabeça antes de voltar a se concentrar no trabalho e Micael enfiou mais uma vez as mãos no bolso, pensando se devia ou não ficar ali e ficar e fazer companhia para Sophia. 

Caminhou para perto e a viu escrevendo, mas não leu, apenas se sentou no sofá, em silêncio. Observou Sophia concentrada, mordia a ponta do lápis enquanto raciocinava. Seus lábios envolta daquele pequeno lápis lhe fizeram ainda mais desejáveis. Ficaria louco. Ela o deixava louco e não qprecisava fazer nenhum esforço pra isso. 

— Vai ficar aí me olhando? — Sophia disse baixo, sem tirar o lápis da boca ou desviar o olhar do rascunho que tinha sobre as pernas. — Está tirando toda a minha concentração. 

— Me desculpe, você fica linda quando está concentrada. — Ela sorriu e botou o lápis em cima do rascunho, olhou na direção de Micael com uma sobrancelha erguida. — Ok, eu sei que não devia dizer isso, mas o que eu devia dizer então?

— Nada. — Sorriu mais. — Você não devia nem estar no mesmo lugar que eu. 

— Bom, você está dentro da minha casa. — Foi a vez dele erguer uma das sobrancelhas. — E veio aqui sabendo que eu estaria aqui. 

— Sim, em minha defesa, sua irmã me obrigou. — A loira começou a bater no caderno com o lápis. — E ainda mais em minha defesa, quem não quer ficar comigo é você, eu sou completamente contrária a essa decisão. 

— Não fala assim. — Soltou um suspiro, ainda mais tentado a jogar tudo para o alto. — Você me enlouquece. 

— Não faço nada com você desde que me descartou. — Deu de ombros e parou o batuque. — E você também não devia se importar  com isso, foi escolha sua. 

— E você acha que foi fácil? — Resmungou e fez uma careta ao perceber Sophia dar de ombros. — A todo segundo enquanto eu estou dentro de sala de aula, eu penso em levar você pra um canto e tirar toda a sua roupa com os dentes! — Saiu do sofá e sentou-se de frente a ela, que prendeu a respiração. — E eu sei que você percebe. 

— Só não consigo entender onde vamos com esse assunto de novo. — Disse com um ar sedutor e assim como a última vez que tinham se pegado no quarto de Sophia na escola, ele se aproximou mais após dizer "que se dane" e a beijou. 

Último Ano do ColegialOnde histórias criam vida. Descubra agora