Capítulo 11

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— Como que ele sabe que você não é novata? — Lua questionou as duas quando Micael já tinha saído. — Que papo estranho foi esse?

— Eu não sei, ele deve ter deduzido.

— Como ele deduziu? O fato das duas terem chegado atrasadas leva a conclusão de que são duas novatas perdidas. — Mel colocou a mão no queixo.

— Não gente, nada a ver. — Gabi disse com um sorriso sem graça. — Quando chegamos na porta da sala, eu disse a ele que a Sophia era minha colega de quarto veterana.

— Sim, mas isso não explica terem se atrasado. — Foi a ver de Arthur argumentar.

— Vocês estão procurando pelo em ovo, não tem nada pra saber e a professora vem aí. — Apontou para a elegante mulher que se aproximava e o assunto foi encerrado quando todos entraram na sala de aula.

**

O primeiro dia de aulas havia sido intenso. Tanto Sophia, quanto Micael não se concentraram em nada naquele dia. 

Aquela situação os estava tirando do sério e na realidade nenhum dos dois tinha ideia de como lidar e fazer parecer que nunca tiveram nada. 

Pouco mais de quatro da tarde e Sophia estava deitada na cama, ainda com o uniforme. As aulas haviam sido encerradas e com elas, sua bateria social. A loira estava de bruços na cama, abraçada a um travesseiro, pensando em toda aquela maluquice, até que a porta se abriu e Gabi passou por ela acompanhada do irmão. 

— Ah, que ótimo! — Ele resmungou ao ver Sophia ali. — Vocês são colegas de quarto. — Virou os olhos e a loira se sentou rapidamente, agradecendo mentalmente por não estar chorando, era só o que faltava. 

— Aproveita que é apenas o primeiro dia e vai conversar com o diretor pra tirar ela daqui. — Apontou pra Gabi com o queixo. — Imagine só o que ela vai aprender ficando o ano inteiro ao meu lado. 

— Nada que preste, com certeza. — Disse sem paciente e voltou a olhar pra irmã. — Onde está o meu cartão?

— Vocês não são capazes de ficar cinco minutos no mesmo local? — Gabi perguntou alternando olhares. — Quero dizer, até ontem estava rolando algo, não é?

— Gabriela, o meu cartão, por favor. — Pediu mais uma vez, impaciente. 

— Dê a ele de uma vez, Gabi. Tenho certeza de que está louco pra fugir daqui. — Sophia implicou e se jogou na cama. — Eu não mordo, Micael. 

— Tudo bem, vou buscar. — Ela entrou no banheiro e lhes deu alguns instantes sozinhos. Encostou a orelha na porta pra ouvir se diriam alguma coisa, mas só havia um silêncio desagradável. 

Quando Gabriela estava pronta pra desistir e sair do banheiro com o cartão do irmão, que claramente ela tinha consigo desde o primeiro momento, não precisavam nem ter ido até ali, a voz de Micael soou e ela voltou a colar sua orelha para ouvir. 

— Não quero que fique clima ruim entre nós dois. 

— Não há clima ruim entre nós dois. — Ela respondeu seca, olhando o teto. — Você é meu professor e apenas isso, eu não me preocupo em sequer manter um diálogo com nenhum dos meus professores. 

— Sophia, você entende como é uma situação delicada? 

— isso tudo foi de zero a cem muito rápido. — Sophia ainda encarava o teto. — Não parece que tudo aconteceu apenas em um dia. Quero dizer, acordei no seu quarto e hoje estamos aqui, vivendo um drama. 

— Eu achei que poderíamos ter algo. — Ele arriou os ombros e se sentou na beirada da cama, finalmente conseguindo o olhar de Sophia que se sentou outra vez. — Fazia muito tempo que eu não me sentia como me senti ontem. Desde que Mariana foi embora, pra ser exato. 

— Foi por isso que eu não qcontei que tinha dezessete. 

— Deveria ter me contado. 

— Fala sério, você ia me escorraçar da sua casa no instante em que soubesse minha idade. 

— Por mais que eu odeie o fato de você  nem maioridade ter completado ainda, o maior problema é o fato de você ser minha aluna. — Disse com pesar. — Eu não posso arriscar tudo, Soph. Não chegamos a ter nada, eu não posso virar minha vida de ponta cabeça por algo que pode acabar tão rápido quanto começou. 

— Tudo bem, eu mudo de escola e ai você  não será  mais o meu professor. — Respondeu com uma simplicidade que fez Micael dar risada. 

— Claro, o que dirá ao seu pai? Querido papai, preciso terminar meus estudos em outra escola porque eu me apaixonei pelo professor. — Ele afinou a voz para imitá-la e recebeu um tapa de brincadeira no ombro. — Tenho certeza que seu pai vai amar saber disso. 

— Eu não sou apaxionada por você. — Se defedendeu. — Você é bem convencido. 

— Não é? Acabou de cogitar mudar toda a sua vida e ficar longe dos seus amigos só pra ficar comigo. — Ergueu uma sobrancelha, e a encarou com certo deboche. 

— Tá bem, dá o fora do meu quarto. — Sophia apontou pra porta. — Isso aqui não vai nos levar a lugar nenhum. Nenhum de nós vai ceder, então seremos apenas professor e aluna. 

— Não quero viver em guerra com você,  será que podemos superar essa paixonite que sentimos um pelo outro? 

— Sim, tenho certeza que logo passará, afinal, foi só um dia, não é mesmo? 

— É, só um dia. — Micael concordou baixinho, sua voz foi sumindo até só restar silêncio entre eles. — Sinto muito. 

— Está tudo bem, nos veremos todos os dias pela manhã numa agradável aula de literatura onde tentarei prestar atenção no que você diz e não na sua bunda. — Disse com um sorriso maldoso na tentativa de descontrair o clima e arrancou uma gargalhada de Micael. — Não vou mentir, será uma tarefa bem árdua. Talvez eu devesse receber uma cópia das questões da prova. 

— Ficou doida? — Disse ainda em meio as risadas. — Mas nem se a gente fosse casado! 

— Mas não é justo, você  me distrai! Ficarei claramente prejudicada na matéria. — Respondeu com um bico que ele julgou a coisa mais linda e fofa que tinha visto nos últimos tempos. — Eu não quero pegar dependência em literatura. 

— Para de graça, tenho certeza que vai se sair bem. — Piscou um olho. — Você parece inteligente. 

— Bom, sim. Eu sou inteligente, mas literatura é muito chato, sinceramente me espanta o fato de você gostar ao ponto de lecionar. — Franziu o cenho. — Mas enfim, acho que é isso. 

— Sim, é isso. — Ficaram se encarando por bastante tempo. Gabriela entreabriu a porta do banheiro para que pudesse espiar quando ficaram mudos muito tempo. 

Estavam um de frente pro outro se encarando tanto tempo que com certeza tinham perdido a noção. Micael tinha os olhos focados em seu rosto angelical, levemente corado. Sophia tinha os olhos fixos nos lábios carnudos de Micael, desejando que ele a beijasse. E então ela mordeu o lábio inferior e o enlouqueceu. 

— Que se dane! — Disse pra si mesmo  antes de encurtar a pouca distância que tinha entre eles e iniciar um beijo quente. 



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