— Algum lugar em mente? — Micael perguntou quando encontrou Sueli na frente da sala dos professores, já no final das aulas. — Eu conheço uma boa lanchonete perto daqui.
— Ah, pode ser, vai ser bom conhecer um novo lugar. — Sorriu simpática e então os dois caminharam juntos, conversando entre risadas pelos corredores da escola.
Perto da sala de estar, que era caminho para saída, encontraram Sophia e Gabriela caminhando. As duas encararam o belo casal com desconfiança.
— Já está indo, maninho? — Gabi perguntou por Sophia, que nada podia dizer naquela situação. — Tão cedo.
— Ér... nós encerramos as aulas por hoje e sim, já estamos indo. — Disse sem olhar na direção de Sophia.
— É, vamos tomar um suco. — Sueli disse, ainda desconfiada do rolo que ele poderia ter com aquela aluna, mas Sophia disfarçou bem melhor do que mais cedo, para as amigas. — Até amanhã meninas.
— Eu te mando mensagem... — Ia deixar morrer no ar, mas precisou enfatizar. — Gabriela! Eu te mando mensagem, Gabriela.
— Tá bem. — Disse e as duas observaram o casal ir embora.
— É inacreditável! — Sophia reclamou assim que teve certeza que os dois não podiam mais ouvir. — Parece que todo mundo nessa escola quer o seu irmão!
— Ele é um gato, é justo ser disputado.
— Desde alunas a professores. — Bufou irritado. — Essa mulher entrou na sala hoje enquanto conversávamos, ele deve ter topado sair com ela pra disfarçar.
— Então você não precisa se preocupar.
— Estou irritada e não preocupada. — Resmungou já caminhando para seu quarto. — Eu preciso dormir e esquecer desse dia.
— São quatro da tarde!
— Mas eu estou cansada desse dia! — Saiu sem olhar pra trás, Gabi ficou rindo da amiga e foi logo arranjar o que fazer pra ocupar seu fim de tarde.
**
— Tem certeza que você e aquela menina não tem nada? — Sueli perguntou com deboche assim que entrou no carro de Micael. — Ela pareceu muito dedicada em disfarçar o incômodo de nos ver saindo juntos.
— E você fez questão de dizer que íamos realmente sair juntos. — Micael falou com um sorriso, ainda sem ligar o carro ou sequer enfiar a chave na ignição.
— Eu fiquei curiosa pra ver a reação dela. Confesso que disfarçou bem.
— Você está paranóica, Sueli. — Ele se virou pra frente rindo e finalmente ligou o carro. — Só está enxergando isso porque quer enxergar. Em um dito popular: está procurando cabelo em ovo.
— Será mesmo?
— Eu não arriscaria toda a minha carreira por uma adolescente.
— Suponho então que esteja solteiro?
— Se eu te convidei pra um suco, então sim, estou solteiro.
— Eu te convidei. — Ela corrigiu e soltou o cinto, Micael a encarou com atenção, ainda parado no estacionamento da escola. — Então se está solteiro não se importará se eu fizer isso...
Não aguardou resposta dele e nem explicou o que faria. A mulher jovem apenas avancou os sinais e o beijou. Micael correspondeu o mínimo possível e então conseguiu afasta-lá gentilmente.
— Vamos deixar as coisas claras, Sueli. — Avisou com o rosto sério. — Não é porque eu sou solteiro que quero ficar com você.
— Aceitou tomar um suco comigo. — A mulher disse mais vermelha do que pimentão. — Achei que fosse um sinal claro de interesse.
— Tomar um suco virou código pra agarramento? Quero dizer, eu acabei de chegar na escola, preciso de amigos.
— Me desculpe se eu entendi errado.
— Está tudo bem, eu não vou brigar com você por causa de um beijo. Só queria deixar claro que não é porque eu não tenho um caso com aquela aluna ou qualquer outra pessoa, que eu quero ter algo com você. No momento estou bem focado na minha carreira.
— Ok, compreendo.
— Então vamos, estou faminto e quero lanchar. — Sorriu para quebrar o gelo e finalmente saiu com o carro, após a mulher ao seu lado afivelar novamente o cinto.
Surpreendendo Micael, os dois tiveram momentos agradáveis. Sueli conversava bem e tinha assuntos interessantes. Passaram mais de uma hora juntos até Micael se oferecer para levá-la em casa.
— Certeza que não quer entrar? — Perguntou diante de sua casa. — Moro sozinha.
— Não, é melhor não misturarmos as coisas.
— Tem razão£ novamente. — Lhe deu um beijo na bochecha, mas pertinho da boca e sorriu ao sair do carro.
**
Já em casa há horas e sem coragem pra ligar para sua affaire adolescente, Micael apenas rolou na cama se perguntando mais uma vez o que estava fazendo da vida.
Quando finalmente pegou o telefone pra enfrentar a fera que Sophia devia ter encarnado, ouviu a campainha tocar e franziu o cenho. Já passava das oito, não tinha muitos amigos e seus pais moravam em outro estado, quem tocaria sua campainha?
Vestiu a camisa que estava em cima do encosto da cadeira de couro de sua escrivaninha e então desceu, curioso.
Abriu a porta e ficou sem palavras ao ver Sophia parada do outro lado, com um vestido solto de cor escura bem furtivo.— O que você está fazendo aqui? — Deu um grito quando se recuperou do susto. — Devia estar na escola hoje é quinta feira!
— Você ficou de me mandar mensagem e sumiu. Pensei em vir aqui pegar você no flagra com a sem sal da professora de artes. — Entrou sem ser convidado e Micael fechou a porta ao se virar.
— Mas que merda! — Disse levememente irritado. — Isso só pode ser brincadeira! Você fugiu da escola pra vir dar incerta na minha casa?
— E eu estou errada?
— Claro que tá, deixa de ser doida. — No fim, ele acabou dando risada da situação. — Iríamos conversar no sábado, se lembra?
— Lembro, fiquei foi com medo de você desistir por causa da Sueli. — Fez um biquinho que arrancou ainda mais risada dele. — Não ri de mim, você não ia gostar de me ver por aí com Ravi.
— Mas também não ia invadir seu quarto na escola e procurar por ele debaixo da cama. — Se aproximou dele e colocou as mãos sobre seus ombros. — Linda, ter ciúme é normal, mas você não pode permitir que os seus pensamentos intrusivos vençam. Precisa controlar isso.
— Eu tenho dezessete anos, não sei controlar nada. — E ele riu aliás. — Querer parar de rir?
— Não consigo, eu amo você. — E um silêncio constrangedor surgiu entre os dois. Era a primeira vez que aquilo era dito e ninguém sabia bem como reagir.
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Último Ano do Colegial
RomantizmSophia Abrahão é uma jovem problemática que vive em guerra com seu pai por ele viver trabalhando. Geniosa e atrevida, ama sair e beber com as amigas. Se vê completamente apaixonada no instante em que conhece o galante senhor Borges, de uma forma nã...