Inquieto com o fato das meninas estarem sozinhas num bar que sabia que vendia bebidas alcoólicas a menores, Micael pegou a carteira, celular e a chave do carro, antes de saber feito bala de casa.
Entrou em seu carro e respirou fundo, pensando se devia ou não fazer aquilo. Tinha mais de uma hora que as meninas haviam saído de sua casa, era pouco tempo pra ir atrás, mas se não fizesse e algo acontecesse...
Enfiou a chave na ignição e decidiu que ia apenas olhar o bar, de uma distância segura para que as meninas não soubessem que estava ali. Aquilo o deixaria tranquilo.
Convencido disso, dirigiu rápido e parou um pouco longe, não tanto quando deveria, mas o suficiente pra enxergar dentro do bar, via as meninas bebendo algo que não podia identificar, uma música alta rolava e as quatro estavam dançando. Ficou ali, as olhando como um louco.
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— Não vai beber nada mais forte do que suco de laranja? — Lua questionou quando Sophia pediu o segundo suco. — Isso está muito estranho!
— Da última vez eu acabei na cama de um estranho, não quero que aconteça novamente.
— Você disse que tinha sido ótimo. — Mel rebateu e as três voltaram pra mesa, Sophia deu de ombros durante o caminho.
— Foi ótimo, mas dessa vez pode não ser. — Suspirou e Gabi a abraçou um instante. — E eu não quero falar disso, quero só ficar de boa, quem sabe conhecer algum gatinho.
— O que não falta, parece que a escola está em peso aqui. — Gabi disse alto, sobre a música. — Vamos dar uma volta por aí.
— Vão sim, as comprometidas vão ficar longe da azaração. — Lua disse e deu risada, ninguém havia contado a ela sobre a separação de Mel e Pedro. — Juízo meninas.
— Pode deixar. — Sophia disse nada animada e saiu, bebendo seu suco de laranja, acompanhada de sua amiga. — Não sei se quero azarar.
— Achei que tivesse vindo pra esquecer seu irmão.
— Beijar a boca de outra pessoa não vai fazer eu esquecer uma pessoa que vejo todo dia. — Gritou de volta pra amiga que deu de ombros e em seguida suspirou. — Você está estranha, Gabi, desde que fomos lá pra casa.
— Impressão sua. — Sorriu e as duas saíram do bar, parando em frente pra tomar ar. Micael tinha visão perfeita das duas.
Dois rapazes, da idade delas se aproximaram e Micael fechou as mãos em punhos, revoltado por não poder ouvir o que diziam.
A conversa durou pouco, quando ele percebeu, o mais alto do rapaz sorriu pra sua Sophia que mordeu o lábio em resposta pra ele. Micael sabia o que aquele gesto significa, sabia o que antecedia e num instante, a boca dos dois estava colada.
No carro, Micael socou o volante com raiva, mas não seria idiota de ir lá e falar nada. Observou também sua irmã aos beijos com o outro rapaz, mas se ele era apaixonado por uma garota da idade dela, ela obviamente tinha direito de beijar rapazes, não podia ser hipócrita.
Quando a mão do moleque apertou a bunda de Sophia, Micael ligou o carro novamente e saiu dali, era demais. Não aguentaria ver sua Sophia transando na rua com um moleque e tinha certeza que aquilo aconteceria se ela estivesse bêbada.
Foi pra casa chateado, se sentia um idiota. Não podia assumir uma relação com ela, devia deixar que fosse feliz, mas na verdade, seu coração dizia outra coisa. Jogou todos os objetos de lado e então se deitou na cama ainda com os tênis no pé.
Lá ficou, de olhos fechados. Não conseguia dormir, só conseguia pensar no que sua Sophia estaria fazendo.
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Gabriela entrou em casa mais de duas da manhã e se surpreendeu ao não ver o irmão na sala, esperando. Tirou os saltos e subiu as escadas rápido, estava fedendo a álcool, não queria que ele a visse daquela maneira.
Tomou um banho e saiu enrolada na toalha, logo vestiu seu pijama e se deitou. Dormiu em instantes.
Quando desceu para o café no dia seguinte, encontrou seu irmão à mesa. Ele tinha uma xícara de café preto diante de si e como se fosse um senhor de sessenta anos, lia o jornal.
— Bom dia, maninho. — Sorriu e se sentou ao seu lado. — Como foi a noite?
— Normal, eu jantei e assisti um filme antes de dormir. — Mentiu, já muito controlado, tinha decidido não atrapalhar a vida de ninguém. — E a sua noite?
— Cheguei por volta de duas. — Contou sem mentir. — Bebi um drinks, fiquei com um garoto e dancei a beça com as meninas. — Micael ergueu uma sobrancelha, apreciando a sinceridade.
— Estou surpresa com tamanha sinceridade.
— E eu estou surpresa com a sua falta de sinceridade. — Deu risada quando o viu ficar confuso. — Eu vi o seu carro parado na frente do bar.
— O quê?! Eu... Eu.... Não... Eu não.... — Gaguejou, se não conseguisse completar uma simples frase, estaria ainda mais na cara que era culpado. — Eu não saí de casa ontem.
— Não minta, meu amor. — Disse ainda achando graça. — Eu sei qual é a placa do seu carro. Você estava lá.
— Ok, eu estava lá, mas só pra ver se vocês estavam seguras.
— Ou pra ver se a Sophia ia encher a cara e ir embora com alguém? — Foi a vez dela erguer uma sobrancelha. — Você não engana ninguém.
— Ela sabe?
— Não. — Ela soltou a respiração que nem sabia que prendia. — Eu não disse nada porque não queria estragar a noite da minha amiga.
— Me pareceu ótima a noite dela.
— Você não viu nada demais, eles só deram uns amassos.
— Só? A combinação Sophia e Álcool tende a ser desastrosa.
— Ela bebeu suco de laranja num copo bonito de drink, apenas. — Revelou com sinceridade. — Ela estava bem, foi a única de nós que não bebeu álcool.
— Bom, isso é surpreendente.
— Aquele gatinho que ela ficou... Ele é lá da escola. — Micael levou as mãos a cabeça, sabendo que teria que os ver juntos todos os dias. — Já vou logo te avisando, porque sei que você vai vê-los por aí.
— Obrigado.
— Não precisa fazer essa careta de quem não liga. Eu sei que você liga muito.
— Ela ficou dois meses me esperando tomar uma decisão, eu não podia querer que ela me esperasse sozinha o ano inteiro. — Bebericou seu café. — Sophia é linda, divertida e inteligente. Ela só fica sozinha se quiser.
— É mesmo uma pena, queria que ficassem juntos.
— Eu sei, mas vai passar.
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Último Ano do Colegial
RomanceSophia Abrahão é uma jovem problemática que vive em guerra com seu pai por ele viver trabalhando. Geniosa e atrevida, ama sair e beber com as amigas. Se vê completamente apaixonada no instante em que conhece o galante senhor Borges, de uma forma nã...