Capítulo 8

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Sophia e Micael trocaram mensagens pelo resto do domingo inteiro. Nenhum dos dois largava o telefone e isso os atrapalhou um pouco a arrumar as coisas para o dia seguinte. 

Sophia precisava arrumar sua mala, a escola onde estudava com o irmão e os amigos era regime de semi internato e ela passava a semana inteira lá. Seu pai havia optado por aquela escola pra esconder o fato de que nunca estava em casa com eles. 

Micael por sua vez, precisava organizar sua pasta de trabalho, seria o primeiro dia em um novo emprego e mesmo que já tivesse experiência na área, estava nervoso. 

— Escuta, eu terei que ficar lá ou posso vir embora com você? — Gabi entrou no quarto perto das dez da noite. — Não sei se quero dormir numa escola que não conheço ninguém. 

— Terá que dormir, você será uma aluna como outra qualquer, não tem muito pra onde fugir. 

— De que me adianta ser irmã de um dos professores se não tenho nenhuma regalia? 

— E não terá mesmo, eu não posso me comprometer sendo acusado de facilitar as coisas pra você lá. Ah, e faça favor de tirar notas boas, tudo que eu menos preciso é que minha irmã tenha notas ruins, principalmente na minha matéria. 

— Darei o meu melhor. — Saiu do quarto com uma careta e Micael riu, voltando a se concentrar em Sophia. 

Querida, tenho que dormir, amanhã começarei no meu novo emprego, preciso estar bem descansado! 

Novo emprego? Não me disse nada a respeito. 

Claro, eu só quis falar de coisas legais. Amanhã te conto mais a respeito, realmente preciso ir. 

Tudo bem, até  amanhã. 

Mais uma vez Sophia omitiu que iria a escola, não podia deixa-lo descobrir que tinha apenas dezessete anos depois de tudo o que viu ele falar pra irmã no almoço. 

Dormiu como um bebê e sonhou com Micael. Acordou se perguntando como era possível estar tão envolvida com alguém que mal conhecia, mas logicamente não tinha resposta para aquilo. Se levantou com animação e foi tomar um banho. 

Quando já estava pronta, desceu com sua mala e se sentou à mesa do café, junto com o irmão que não parecia tão animado quanto ela. 

— Que careta terrível é essa? 

— E começa outro ano letivo, não aguento mais. — Balançou a cabeça enquanto adoçava seu café. — É um pesadelo. 

— Se você não tivesse reprovado ano passado e o anterior, não teria mais que passar por isso. 

— Vai jogar na minha cara? 

— Você tem dezenove anos e ainda está no colegial, merece que alguém jogue isso na sua cara. — Deu risada, mostrando o quão bem humorada estava. — Vamos logo, quero conhecer os novos alunos, arrumar minhas coisas no meu quarto e falar com as meninas. 

— Achei que estava com raiva delas. 

— Pra quê? Somos melhores amigas. Vamos conversar e nos entender. — Sorriu e enfiou uma bisnaguinha na boca. — Vamos! 

Pedro virou os olhos e se levantou, não estava com fome mesmo. Os dois iam com o motorista até o mais caro e conservador colégio do Rio de Janeiro. Sao Lucas era uma colégio cristão, conhecido por todo estava como o colégio que tinha as regras de conduta e moral mais rígidas. 

As meninas não usavam roupas curtas ou decotes, os meninos não podiam ir até o quarto das meninas ou sequer ficar sozinhos por muito tempo. O diretor era uma piada que acreditava conduzir seu colégio com mãos de ferro, se orgulhava de mesmo com regime semi internato, nenhuma das meninas terem aparecido grávida. 

Último Ano do ColegialOnde histórias criam vida. Descubra agora