Capítulo 25

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As duas correram pelos corredores da escola e chegaram na sala de aula na hora que o professor estava distribuindo os testes. Se sentaram em silêncio e receberam sua folha com dez questões. 

No jardim, Micael ficou lá sentado pensando na breve conversa que teve com Sophia e se ia realmente tentar aquilo. Não podia dar pra trás, precisava tentar, era louco por ela e a queria perto. 

O dia correu devagar e Sophia estava deitada em sua cama após o jantar, já exausta. Ainda estava de uniforme, com preguiça de levantar e ir tomar banho. 

— Ainda de uniforme? — Gabriela entrou de supetão e assustou Sophia. — Está pensando em quê? Tá muito distraída. 

— Nada demais. — Se manteve assim, deitada e olhando pra cima. — Seu irmão disse que quer ficar comigo. 

— É O QUÊ? — Gabriela deu um grito e correu pra se sentar perto de Sophia. — Achei que estavam mais uma vez brigando lá no jardim, não imaginei que o papo era esse. 

— Bom, eu não sei até onde ele vai com isso. — Se sentou e encarou a amiga com um sorriso. — Eu sou uma boba? Digo, por estar me iludindo com isso de novo depois de ter decidido deixar pra lá.

— Não é boba, é apaixonada.

— Estar apaixonada faz de mim uma boba. Quero dizer, o que eu tenho com o Ravi é legal.

— Você conhece esse garoto há três dias. Eu achava que meu irmão era uma exceção, mas pelo visto você é emocionada com todo mundo.

— Deixa de ser idiota, eu não estou apaixonada pela Ravi, o que aconteceu com o Micael foi sim algo fora do meu normal.

— Bom, eu quero você como minha cunhada então o Ravi que lute, você deve ficar com meu irmão.

— Se me quer como cunhada, devia considerar dar uma chance ao Pedro. — Jogou no ar e recebeu um suspiro em resposta. — Não faz careta pro meu irmão, ele gosta de você.

— Não vamos entrar nessa de novo. Não vou furar o olho de ninguém.

— Tá bom, chata. — Bufou e se levantou. — Vou tomar banho enquanto penso mais um pouquinho no seu irmão.

E saiu, sorrindo e cantarolando uma canção. A noite, quando já estavam deitadas pra dormir, Sophia recebeu uma mensagem.

Estou deitado há horas e não consigo dormir, só sei pensar em você.

A loira sorriu e abraçou o celular, feliz que ele finalmente estava se deixando levar por aquele sentimento que tanto reprimiu.

Pois eu estou pensando em você desde que me chamou pra conversar. Somos dois bobos.

Eu sei, sinto sua falta.

Eu também sinto a sua. — Sophia respondeu sem conseguir tirar o sorriso do rosto. E logo enviou outra mensagem.

Por mais que eu adorei ficar enviando mensagens sentimentais pra você, está tarde e eu tenho que dormir. Amanhã tenho aula e o professor do primeiro tempo não gosta de atrasos.

Fico contente de saber que você não planeja faltar, igual a aula de química. Já estava pensando em passar um teste surpresa também.

Nada disso, estarei lá. Boa noite e sonhe comigo.

Sempre.

**

Na manhã seguinte, Sophia acordou bem cedo e se arrumou mais do que o normal. Quando Gabi abriu os olhos, a amiga já estava pronta e maquiada pra primeira aula. Gabriela coçou os olhos e passou as mãos pelos cabelos desgrenhados. 

— Você acordou que horas? Quatro? — Debochou e ficou de pé. 

— Não consegui dormir muito, estou super ansiosa. — Girou a cadeira e encarou a amiga com um sorriso. — Parece até que nunca fui a essa aula. 

— Deixa de besteira! — Gabi saiu e foi para o banheiro. Apenas uma chuveirada, penteou os cabelos e vestiu seu uniforme amarrotado mesmo, estava péssima. — Vamos. 

— Está de brincadeira que vai sair desse jeito. — Apontou para o modelito. — Passe um batom nessa bota e um ferro na camisa, está horrível. 

— São sete da manhã, eu não quero me arrumar, pra falar a verdade, não queria nem sair da cama. 

— Isso ainda é efeito Pedro? — Gabriela bufou, virou os olhos e saiu porta afora, andando bem rápido. — Para de graça, conversa com a Mel! 

— Eu já disse que não, me deixa! — Saiu ainda ainda mais rápido. Quando chegou para o café da manhã. Se sentou ao lado da amiga que ficou olhando Pedro passar e se sentar em outra mesa, respeitando o espaço dela. — Essa situação tem que se resolver. 

— Quem está fazendo drama é você. — Deu de ombros. 

— Não acha que a Mel vai me odiar? — Perguntou insegura. — Tem tão pouco tempo, vou parecer uma talarica. 

— Mel está em outra, neném. — Contou e apontou pra Mel que entrava no refeitório conversando com Chay, não era nada indecente, mas como ela já havia confidenciado a verdade a Sophia, ela os via com malícia. — Vou repetir, conversa com ela. Não há motivo pra vocês sofrerem por algo que pode ser facilmente resolvido. Não seja como seu irmão. 

— Tudo bem, depois eu falo com ela, se quiser participar da conversa , será bem vinda.

— Tá certo, agora vamos acabar logo esse café pra irmos para aula. — Disse verdadeiramente empolgada e Gabi apenas rolou os olhos.

**

Já a caminho da sala de aula, Sophia praticamente saltitava pelos corredores sem fazer questão de esconder de ninguém sua alegria contagiante.

Pelo menos até que chegaram à porta da sala, era cedo e não havia muitas pessoas dentro. Mas Sophia estreitou os olhos no instante em que parou o olhar sobre Micael e viu uma aluna que não conhecia debruçada sobre a mesa.

— Mas quem é essa piriguete? — Reclamou com a amiga mais alto do que deveria e recebeu um beliscão. — Aí!

— Quer falar baixo?!

— Você está vendo o mesmo que eu? Ela está debruçada na mesa dele bem descaradamente.

— Se controla, deve ser aluna nova.

— Oferecida! E seu irmão também, ele fica lá cheio de sorrisos pra ela.

— Ele é assim com todos os alunos e eu nunca vi você com ciúmes. Deixa de bobeira, ele não quer essa menina, já tem confusão demais na vida dele só gostando de você.

— Tem razão! — Se forçou a respirar fundo mais de uma vez e caminhou até sua mesa seguida da amiga.

Micael nunca chegava tão cedo na sala de aula, mas naquele dia, tinha ficado tão ansioso quanto Sophia e por este motivo, lá estava ele, sentado em sua mesa ouvindo a aluna nova tagarelar sem parar sobre algo que ele nem prestava atenção, apenas sorria e acenava.

Último Ano do ColegialOnde histórias criam vida. Descubra agora