O almoço passou descontraído e então por volta de duas da tarde Micael finalmente estava indo levar Sophia em casa.
Ela anotou seu número no celular dele e indicou o caminho até sua residência, mas quando estava quase chegando, pediu que Micael parasse o carro.
— PARA O CARRO! — Deu um grito e o assustou, pisou no freio quase que na hora. — Meu irmão é maluco.
— O que foi?
— Olha lá o burburinho de gente na frente da minha casa. — Apontou para a pequena multidão que havia ali. — Esse maluco deve ter chamado a polícia.
— Você está sumida desde ontem de madrugada, eu também teria chamado. — Micael disse com um dar de ombros. — Vai lá e esclarece tudo.
— Se eu falar que estava com você, ele não vai dar paz pra gente nunca! — Rolou os olhos. — Meu irmão é um pé no saco. — Gabriela deu risada.
— E então?
— Vai embora daqui, se te verem vão te levar preso por sequestro. — Gargalhou e soltou o cinto antes de abrir a porta. — Quando chegar, me mande uma mensagem. — Falou com Micael que assentiu sorrindo. — Tchau, Gabi. Até mais.
— Tchau, Sophia! — Mandou um beijinho e logo Micael manobrou o carro e foi embora dali.
Sophia caminhou devagar até o circo montado e quando foi vista, seu irmão correu ate ela antes mesmo que chegasse lá. Pedro lhe deu um abraço sufocante que a surpreendeu, realmente parecia preocupado com a irmã.
— Onde diabos você se enfiou, Sophia? — Ele disse alto assim que a largou. — Estou o dia todo procurando por você.
— O dia todo? São duas da tarde! — Ela riu e se desvencilhou dele, caminhando pra dentro de casa. — Está tudo bem gente, tudo bem.
Falou com as pessoas que estavam ali diante de sua casa, mas não parou pra dar atenção a ninguém em especial. Deixou todos pra trás e se jogou no sofá, estava exausta e sua dor de cabeça alucinante parecia ter piorado depois que saiu da presença de Micael.
— Você vai me dizer onde estava! — Rafael não demorou a entrar, provavelmente estava sendo educado com as pessoas que participaram do seu circo. Mel, Lua e Arthur entraram em seguida, Sophia nem os tinha visto do lado de fora. — Anda, eu quero uma explicação.
— Você não é meu pai, Pedro, devia se meter na sua vida! — Rugiu pro irmão com ferocidade, mas isso pouco o abalou. — Eu vou onde eu quero e na hora que eu quero!
— E eu nunca impliquei com você, mas sumir sem dar uma notícia é um absurdo. Faltou pouco para que eu ligasse pro papai pra avisar que você sumiu.
— Meu Deus que drama. — Sentou-se e encarou todos os amigos. — Meu celular descarregou.
— Sophia, as meninas te viram uma última vez bêbada num bar. Depois disso podia ter acontecido tanta coisa com você que me aterroriza pensar.
— Então você devia brigar com a sua namoradinha, foi ela que me deixou lá sozinha. As duas bonitinhas ai estão com cara de preocupação, mas nenhuma deu a mínima antes de me largar bêbada de madrugada num bar. Eu devia ter sumido mesmo pra que vocês morressem de culpa.
— Você ao menos lembra o que disse pra gente?
— Eu estava bêbada! Posso até ter passado dos limites e concordo que vocês podiam ter raiva, mas não foi certo me deixarem sozinha lá. — As duas suspiraram quase que ao mesmo tempo. — Eu bebi mais e acabei vomitando tudo, um cara me ajudou.
— Um cara? — Pedro arregalou os olhos. — Que cara? Um tarado?
— Uma boa alma. — Deu de ombros. — Ele tentou me trazer pra casa mas eu não sabia o endereço, então me levou pra casa dele.
— Esse desgraçado transou com você caindo de bêbada? — Pedro deu um grito. — Sophia isso é estupro!
— Bom, as poucas lembranças que voltaram me mostram que fui eu que o agarrei. — Deu de ombros.
— Que se dane, você bêbada não tem capacidade de consentir. — Rangeu os dentes. — Quem é esse cara? Onde mora? Qual o nome? Qual a idade?
— Não vou responder nada! — Ficou de pé. — Eu gostei dele, quando acordei nós nos entendemos, ele conversou comigo sobre a noite passada. Me deu café, me levou pra almoçar e tudo ficou bem. Ele é ótimo, vamos até sair de novo.
— Só por cima do meu cadáver! Você não vai sair com um tarado.
— Ele não é um tarado.
— Ele transou com uma mulher inconsciente!
— Eu não estava inconsciente! — Gritou ao irmão no mesmo instante, já cansada daquele papo. — Ele é um homem interessante, maduro, bonito, inteligente e muito bom de cama. Eu sairei com ele quantas vezes eu quiser.
— Como é que você sabe que é bom de cama se não lembra da noite anterior. — Pedro perguntou com os braços cruzados e Sophia sorriu. — Você transou com ele hoje? Se um dia eu conhecer esse cara, eu vou matar!
— Minha vida íntima não lhe diz respeito, Pedro. — Disse pela décima vez. — Me deixa em paz, se eu estou afim de sair com um cara mais velho, sairei com um cara mais velho. Você não manda em mim!
— Mais velho? Quanto mais velho?
— Não te interessa. — Disse por fim, virou as costas e subiu as escadas apressada.
Pedro olhou para os amigos com decepção e recebeu um abraço apertado de sua namorada.
— Vocês ouviram isso? Que loucura foi essa? Eu estou tão errado assim? — Perguntou aos amigos que apenas resmungaram algumas palavras de conforto, não havia nada certo pra se dizer naquele momento.
**
Sophia chegou ao seu quarto e bateu a porta antes de se jogar na cama com um sorriso.
Passou as mãos nos lábios ao se lembrar do beijo de Micael. Estava como uma boba e se perguntava como era possível que aquilo acontecesse por causa de uma manhã.
Colocou o telefone pra carregar, felizmente tinha tomada perto da cama, e então aguardou que ligasse. Sorriu ao ver que já tinha mensagem de Micael lá.
Espero que tenha me dado o número certo.
Ela sorriu ainda mais, salvou seu contato como a letra "m" e um coração, não queria que seu irmão descobrisse nem seu nome caso fuxicasse em seu celular para matar a curiosidade.
Se eu não quisesse lhe dar meu número, eu teria dito não. nao preciso mentir.
Como foi a chegada em casa? Seu irmão arrancou seu figado?
Bom, ele está indignado por eu ter passado a noite fora sem avisar, disse que você abusou de mim e que eu não posso sair contigo outra vez. Sorte a nossa é que eu não dou a mínima pro que ele fala.
Do outro lado da linha, Micael estava deitado no sofá, sorrindo como um bobo ao trocar mensagens com Sophia. Era bom se sentir daquela forma de novo depois de tanto sofrer por conta de Mariana.
Sophia o fazia se sentir vivo.
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Último Ano do Colegial
RomanceSophia Abrahão é uma jovem problemática que vive em guerra com seu pai por ele viver trabalhando. Geniosa e atrevida, ama sair e beber com as amigas. Se vê completamente apaixonada no instante em que conhece o galante senhor Borges, de uma forma nã...