Sophia acordou bem disposta no domingo e resolveu, após tomar o café, que faria mais um dos seus trabalhos do bimestre. O escolhido foi biologia e ela passou boa parte do domingo assim, estudando.
Pedro pouco ficou em casa e nos raros instantes que ficou, não quis muito assunto com Sophia. Exceto a noite, na mesa de jantar.
— Sophia... O que você... — Tentou começar, mas se interrompeu no mesmo instante em que Sophia o olhou.
— O que foi?
— Nada, eu ia te perguntar alguma coisa, mas já desisti. — Suspirou, ainda em dúvida sem saber se podia confiar na irmã. — É só que...
— Pedro, por favor, você está me deixando curiosa. — Sophia encarou o irmão alguns instantes, o vendo relutar internamente sobre revelar ou não o segredo. — Você sabe que pode confiar em mim.
— Você não confia em mim.
— Claro que confio, te conto tudo. — Disse com a cara lavada e bebeu um gole de suco pra disfarçar. — Anda, me conta, você ficou com que vagabunda um dia depois de terminar com a minha amiga?
— Ela não é uma vagabunda.
— VOCÊ FICOU COM ALGUÉM MESMO?
— Você ouviu que eu e a Mel terminamos? Não fiz nada de errado.
— Terminaram há um dia, é até falta de respeito.
— Falta de respeito seria se eu não tivesse terminado. Sophia, eu preciso de ajuda!
— Pra pedir desculpas pra Mel? — Sophia ergueu uma sobrancelha e então lembrou que a amiga lhe disse estar gostando de outra pessoa. — Melhor deixar como está.
— Não quero fazer as pazes com a Mel. Eu quero sua ajuda com a outra menina.
— Ah, não, Pê. Não me envolve nisso não. — Suplicou ainda sem querer participar daquilo. — Eu nem sei quem é a fulana.
— Promete guardar segredo?
— A Mel conhece?
— Pode esquecer a Mel? — Pediu e Sophia suspirou. — Vai guardar segredo ou não?
— Tá. Me conta, eu vou dar todo o meu melhor pra não odiar a garota que você escolher colocar no lugar da minha melhor amiga. — Pedro rolou os olhos. — Fale.
— É a Gabriela. — Revelou e Sophia cuspiu todo seu suco que tinha na boca e começou a tossir como louca.
Estava engasgada, aquilo era inacreditável. Como Gabriela tinha escondido uma coisa daquela. Ficou de pé e espalmou as mãos na mesa, ainda chocada.
— Você está de brincadeira com a minha cara! Você ficou com a Gabi? Como isso aconteceu?
— Soph, pode se atentar? A Gabi não quer ficar comigo.
— Claro que não quer, você terminou com a Mel ontem! Será que pode ir com calma? Meu Deus do céu Pedro Henrique Sampaio Abrahão, por essa eu não esperava. A Gabi...
— Eu gosto dela desde o instante em que eu botei os olhos nela, no primeiro dia de aula. Eu venho tentando entender, nunca quis magoar a Mel e também não era minha intenção trai-la. Juro, eu tentei esquecer, mas Sophia, é impossível. Gabriela está na minha mente dia e noite.
— Nossa, que intenso!
— E eu sei que é recíproco. Eu vejo nos olhos dela, eu senti quando a beijei que ela também queria aquilo, mas ela fugiu.
— É claro que fugiu! Pedro, você terminou ontem, da um tempo pra ela.
— Tudo bem, mas promete conversar com ela a respeito?
— Prometo. — Disse com um sorriso, passado o susto. — Imagina que engraçado seria você namorando com a Gabi? — Sophia falou alto, se lembrando do surto de Micael ao dizer que ia apresentá-los. — Micael vai surtar com isso, vai ser bom demais.
— Micael? Você diz o professor Borges? — Pedro franziu a testa. — Como sabe que ele vai surtar? E você o chama só de Micael?
— Gabi me contou umas coisas sobre ele ser um pouco rígido com namorados e eu imagino que seja ainda mais com um namorado que tira nota baixa em literatura.
— Sai fora, eu nem tirei nota baixa, não teve prova ainda.
— E o trabalho que ele passou, fez?
— Fiz com o Chay. — Sophia ficou em silêncio um instante. — E eu aposto que ficou ótimo, capaz dele ficar impressionado.
— Claro que sim, vai ficar tão impressionado que ele mesmo vai falar com a Gabi que devia dar uma chance pro aluno extraordinário e repetente dele.
— Primeiro preciso me preocupar com a Gabi, depois eu tento conquistar o irmão dela.
— Isso, você tem razão.
O jantar passou com conversas aleatórias entre os irmãos. Era mais um final de semana sem o pai, nada que os dois já não estivessem mais do que acostumados. Ao fim, os dois assistiram um filme juntos e logo depois foram se deitar.
O dia amanheceu e sem muitas delongas, os dois já estavam na escola. Pedro entrou sozinho enquanto Sophia ficou parada na entrada, era bem cedo e ela tinha certeza que Gabriela ainda não tinha chegado, então ficou lá e aguardou.
— Oi, bom dia. — A voz masculina soou por trás e Sophia se virou com um sorriso ao ver Ravi, o rapaz que tinha ficado no sábado. — Como está?
— Com sono. — Respondeu ainda sorrindo e recebeu um beijo na bochecha. — Mas vou superar, e você?
— Empolgado. Queria te ver.
— Ravi...
— Não precisa me dar um fora nem dizer que estou indo rápido demais. Eu só queria te ver, apenas isso. — Lhe deu seu sorriso mais convidativo e encantou Sophia. — Você é uma ótima companhia e eu espero que possamos repetir isso em algum outro momento.
— Claro que sim, talvez um jantar. — Concordou sorrindo como boba para um rapaz que há meio minuto teria dado um fora. — Podemos combinar.
— Eu vou amar te conhecer melhor. — Piscou um olho e lhe deu um beijinho no canto da boca. — A gente se vê no almoço.
Ravi saiu de perto deixando Sophia sorridente olhando por onde ele tinha ido. Ela ergueu a mão e botou na boca, havia gostado daquele singelo beijo. Não se encantou por nenhum rapaz desde quando conheceu Micael e o fato de Ravi ter lhe parecido interessante a deixou contente.
— Ei, por que essa cara de pamonha? — Gabi perguntou ao se aproximar com o irmão. — Não vai me dizer que é pelo Ravi.
— É sim. — Abriu um pouco mais o sorriso ao contar. Desviou seu olhar para Micael um instante, mas não disse nada. — Vem, tenho coisas pra te contar e você tem coisas que eu quero saber.
— Não pode beijar na escola. — Micael chamou atenção antes que as duas saíssem de perto. — É proibido.
— Eu não beijei ninguém. — Sophia se defendeu.
— Eu vi.
— Você viu um beijo na bochecha. — Disse com um dar de ombros. — Vai começar a me perseguir agora? Não era o que você queria? Eu te deixei em paz, não vai ser taxativo pra cima de mim.
— Apenas disse que não pode beijar na escola.
— É, mas quando foi você no meu quarto meses atrás, aproveitou bastante. — Sophia disse irritada. — Vai fazer o quê? Me levar pra diretoria por um beijo no canto da boca?
— É lógico que não, eu apenas comentei.
— Bom dia, professor. — Saiu dali puxando Gabriela com pressa e deixou Micael plantado, imóvel.
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Último Ano do Colegial
RomanceSophia Abrahão é uma jovem problemática que vive em guerra com seu pai por ele viver trabalhando. Geniosa e atrevida, ama sair e beber com as amigas. Se vê completamente apaixonada no instante em que conhece o galante senhor Borges, de uma forma nã...