Capítulo 22

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Sophia acordou bem disposta no domingo e resolveu, após tomar o café, que faria mais um dos seus trabalhos do bimestre. O escolhido foi biologia e ela passou boa parte do domingo assim, estudando.

Pedro pouco ficou em casa e nos raros instantes que ficou, não quis muito assunto com Sophia. Exceto a noite, na mesa de jantar.

— Sophia... O que você... — Tentou começar, mas se interrompeu no mesmo instante em que Sophia o olhou.

— O que foi?

— Nada, eu ia te perguntar alguma coisa, mas já desisti. — Suspirou, ainda em dúvida sem saber se podia confiar na irmã. — É só que...

— Pedro, por favor, você está me deixando curiosa. — Sophia encarou o irmão alguns instantes, o vendo relutar internamente sobre revelar ou não o segredo. — Você sabe que pode confiar em mim. 

— Você não confia em mim. 

— Claro que confio, te conto tudo. — Disse com a cara lavada e bebeu um gole de suco pra disfarçar. — Anda, me conta, você ficou com que vagabunda um dia depois de terminar com a minha amiga? 

— Ela não é uma vagabunda. 

— VOCÊ FICOU COM ALGUÉM MESMO?

— Você ouviu que eu e a Mel terminamos? Não fiz nada de errado. 

— Terminaram há um dia, é até falta de respeito. 

— Falta de respeito seria se eu não tivesse terminado. Sophia, eu preciso de ajuda!

— Pra pedir desculpas pra Mel? — Sophia ergueu uma sobrancelha e então lembrou que a amiga lhe disse estar gostando de outra pessoa. — Melhor deixar como está. 

— Não quero fazer as pazes com a Mel. Eu quero sua ajuda com a outra menina. 

— Ah, não, Pê. Não me envolve nisso não. — Suplicou ainda sem querer participar daquilo. — Eu nem sei quem é a fulana. 

— Promete guardar segredo? 

— A Mel conhece? 

— Pode esquecer a Mel? — Pediu e Sophia suspirou. — Vai guardar segredo ou não?

— Tá. Me conta, eu vou dar todo o meu melhor pra não odiar a garota que você escolher colocar no lugar da minha melhor amiga. — Pedro rolou os olhos. — Fale. 

— É a Gabriela. — Revelou e Sophia cuspiu todo seu suco que tinha na boca e começou a tossir como louca. 

Estava engasgada, aquilo era inacreditável. Como Gabriela tinha escondido uma coisa daquela. Ficou de pé e espalmou as mãos na mesa, ainda chocada. 

— Você está de brincadeira com a minha cara! Você ficou com a Gabi? Como isso aconteceu?

— Soph, pode se atentar? A Gabi não quer ficar comigo. 

— Claro que não quer, você terminou com a Mel ontem! Será que pode ir com calma? Meu Deus do céu Pedro Henrique Sampaio Abrahão, por essa eu não esperava. A Gabi... 

— Eu gosto dela desde o instante em que eu botei os olhos nela, no primeiro dia de aula. Eu venho tentando entender, nunca quis magoar a Mel e também não era minha intenção trai-la. Juro, eu tentei esquecer, mas Sophia, é impossível. Gabriela está na minha mente dia e noite. 

— Nossa, que intenso! 

— E eu sei que é recíproco. Eu vejo nos olhos dela, eu senti quando a beijei que ela também queria aquilo, mas ela fugiu. 

— É claro que fugiu! Pedro, você terminou ontem, da um tempo pra ela. 

— Tudo bem, mas promete conversar com ela a respeito? 

— Prometo. — Disse com um sorriso, passado o susto. — Imagina que engraçado seria você namorando com a Gabi? — Sophia falou alto, se lembrando do surto de Micael ao dizer que ia apresentá-los. — Micael vai surtar com isso, vai ser bom demais. 

— Micael? Você diz o professor Borges? — Pedro franziu a testa. — Como sabe que ele vai surtar? E você o chama só de Micael?

— Gabi me contou umas coisas sobre ele ser um pouco rígido com namorados e eu imagino que seja ainda mais com um namorado que tira nota baixa em literatura. 

— Sai fora, eu nem tirei nota baixa, não teve prova ainda. 

— E o trabalho que ele passou, fez? 

— Fiz com o Chay. — Sophia ficou em silêncio um instante. — E eu aposto que ficou ótimo, capaz dele ficar impressionado. 

— Claro que sim, vai ficar tão impressionado que ele mesmo vai falar com a Gabi que devia dar uma chance pro aluno extraordinário e repetente dele. 

— Primeiro preciso me preocupar com a Gabi, depois eu  tento conquistar o irmão dela. 

— Isso, você tem razão. 

O jantar passou com conversas aleatórias entre os irmãos. Era mais um final de semana sem o pai, nada que os dois já não estivessem mais do que acostumados. Ao fim, os dois assistiram um filme juntos e logo depois foram se deitar. 

O dia amanheceu e sem muitas delongas, os dois já estavam na escola. Pedro entrou sozinho enquanto Sophia ficou parada na entrada, era bem cedo e ela tinha certeza que Gabriela ainda não tinha chegado, então ficou lá e aguardou. 

— Oi, bom dia. — A voz masculina soou por trás e Sophia se virou com um sorriso ao ver Ravi, o rapaz que tinha ficado no sábado. — Como está?

— Com sono. — Respondeu ainda sorrindo e recebeu um beijo na bochecha. — Mas vou superar, e você?

— Empolgado. Queria te ver.

— Ravi...

— Não precisa me dar um fora nem dizer que estou indo rápido demais. Eu só queria te ver, apenas isso. — Lhe deu seu sorriso mais convidativo e encantou Sophia. — Você é uma ótima companhia e eu espero que possamos repetir isso em algum outro momento.

— Claro que sim, talvez um jantar. — Concordou sorrindo como boba para um rapaz que há meio minuto teria dado um fora.  — Podemos combinar.

— Eu vou amar te conhecer melhor. — Piscou um olho e lhe deu um beijinho no canto da boca. — A gente se vê no almoço.

Ravi saiu de perto deixando Sophia sorridente olhando por onde ele tinha ido. Ela ergueu a mão e botou na boca, havia gostado daquele singelo beijo. Não se encantou por nenhum rapaz desde quando conheceu Micael e o fato de Ravi ter lhe parecido interessante a deixou contente.

— Ei, por que essa cara de pamonha? — Gabi perguntou ao se aproximar com o irmão. — Não vai me dizer que é pelo Ravi.

— É sim. — Abriu um pouco mais o sorriso ao contar. Desviou seu olhar para Micael um instante, mas não disse nada. — Vem, tenho coisas pra te contar e você tem coisas que eu quero saber.

— Não pode beijar na escola. — Micael chamou atenção antes que as duas saíssem de perto. — É proibido.

— Eu não beijei ninguém. — Sophia se defendeu.

— Eu vi.

— Você viu um beijo na bochecha. — Disse com um dar de ombros. — Vai começar a me perseguir agora? Não era o que você queria? Eu te deixei em paz, não vai ser taxativo pra cima de mim.

— Apenas disse que não pode beijar na escola.

— É, mas quando foi você no meu quarto meses atrás, aproveitou bastante. — Sophia disse irritada. — Vai fazer o quê? Me levar pra diretoria por um beijo no canto da boca?

— É lógico que não, eu apenas comentei.

— Bom dia, professor. — Saiu dali puxando Gabriela com pressa e deixou Micael plantado, imóvel.

Último Ano do ColegialOnde histórias criam vida. Descubra agora