Capítulo 14

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— Tão vendo o que eu tenho que aturar? — Apontou pra trás, na direção onde o irmão tinha ido. — Dêem graças a Deus de não serem parente de nenhum professor. 

— Que história é essa de que eu vou na sua casa fazer esse trabalho? — Sophia perguntou com uma risada, já voltaram a caminhar pelo corredor. — Eu não estava sabendo disso. 

— Bom, precisamos fazer o trabalho e daqui a pouco vamos embora. — Deu de ombros como se fosse inocente e não tivesse armado todo aquele encontro. — Tem outra sugestão? 

— Tudo bem, amanhã eu dou uma passada na sua casa pra fazer esse bendito trabalho. — Avisou com um suspiro. — Me passa o endereço por mensagem. 

— Pode deixar, agora vamos logo pra próxima aula. — As três recomeçaram a andar comentando sobre a roupa da professora de física e o romance que ela nutria com o professor de educação religiosa. 

As aulas correram normalmente naquele dia, mas Sophia não conseguia prestar atenção em nada. Quase dois meses tinham se passado desde o início das aulas e o fato de Micael fingir não a conhecer piorava a cada dia. 

A loira não tinha mais esperança de que as coisas fossem se resolver em algum momento, mas também o casal não tinha oportunidade de ficar a sós, facilitando muito a vida de Micael. 

Aquele sábado seria a primeira vez que ficariam frente a frente depois da última vez que tiveram intimidade. Sophia sorriu sozinha ao pensar o que poderia ocorrer, não tirando completamente os pés do chão, afinal, nada poderia acontecer ou ele poderia fugir de casa e só voltar quando ela já tivesse ido. 

— Te espero amanhã. — Gabi disse quando já estavam na porta da escola. — Vai de manhã, assim a gente pode até almoçar junto enquanto discutimos nossa análise crítica. 

— Pra isso você tem que ler o livro. 

— Te juro, darei o meu melhor. — Sorriu e ganhou um abraço da amiga antes de entrar no táxi e ir embora. Sophia e Pedro ficaram lá aguardando o motorista buscá-los. 

Gabriela chegou tirando os sapatos pela sala e largando a mochila no chão. 

— Cheguei! — Gritou e se jogou no sofá, com os pés para o alto. — Micael? — Gritou de novo. 

Fechou os olhos e não demorou ao ouvir passos até a sala. 

— Levanta dai e vai guardar suas coisas. — Micael disse baixo e a irmã abriu os olhos com um sorriso maldoso. — Leva seu tênis para o quarto junto com a mochila e coloca a meia na roupa suja. — Ordenou. 

— Me dá uma folga, irmão. Você pega demais no meu pé. 

— Claro que pego, se eu deixar correr solto você não faz nada. — Cruzou os braços ainda encarando a irmã bem humorada. — Acho que você tem um livro pra ler. 

— Tenho. — Suspirou. — Esse não é o único trabalho que eu tenho pra fazer. — Gabi se levantou e encarou o irmão após pegar sua mochila. — Só pra avisar que duas a três paginas são muitas palavras, devia pegar leve no primeiro trabalho. São mais de quinze disciplinas. 

— Gabriela, eu passei esse trabalho na segunda aula. Você teve quase dois meses pra concluir e só não fez porque foi irresponsável. Não me culpe por estar atolada com trabalhos. 

— Irresponsável? — Arregalou os olhos irritada. — Eu não sou irresponsável. 

— Prova. — Cruzou os braços. — Faça uma bela resenha, com palavras coesas e bem coerentes e por favor, não pede ajuda pra inteligência artificial porque eu saberei. 

— Chato! — Disse e se virou para ir ao quarto, Micael não respondeu, apenas deu risada da irmã adolescente que as vezes parecia ainda mais jovem. 

Ele se sentou no sofá e se pôs a pensar no que faria no dia seguinte. Ignorar Sophia e a tentação que ela representava na escola era uma coisa, em sua casa era absurdamente mais difícil. 

Se recostou no sofá, colocou os pés sobre a mesa de centro e fechou os olhos. Cochilou pensando na loira e na vontade que tinha de arrancar toda sua roupa. Acordou num susto e limpou o canto da boca, Gabi estava no outro sofá, deitada com o livro na mão. 

— Bom dia, dorminhoco. — Disse sem erguer o olhar para o irmão. — Foi um belo cochilo. 

— Não tinha a intenção de cochilar aqui. — Disse sem graça, afinal se lembrava do sonho nítido que havia tido com Sophia. 

— Você disse "Sophia". 

— Mentira, você está me zoando. 

— Não estou, você disse. — Ela fechou o livro e encarou o irmão com um sorriso maldoso. — Você gosta dela. 

— Não começa com isso de novo. 

Ele ficou de pé e se espreguiçou, pronto pra fugir do assunto mais uma vez. 

— Não sai fugindo achando que eu vou esquecer disso, eu quero ver você feliz, irmão! 

— Eu sei, meu amor. — Micael suspirou e se sentou ao lado dela. — Mas a Sophia tem dezessete anos e é minha aluna, isso é loucura. Não posso esquecer a razão e me enfiar nisso. 

— Pode se ninguém souber. 

— Até parece que isso ficaria em segredo muito tempo. — Deu risada ao cogitar aquilo mais uma vez. —  Deixa isso pra lá, Gabi. 

— Você vai ficar bem quando ver a Sophia com algum garoto da escola? — Ele virou os olhos, aquilo passava por sua cabeça a todo momento. — Quero dizer, Sophia é uma gata e toda hora chega alguém querendo ficar com ela. Eu vejo. 

— É bom que ela siga em frente mesmo, assim a gente pode encerrar a nossa aventura. 

— Teimoso. — Ele lhe deu um beijo na testa. 

— Eu sei o que é melhor pra mim, fica tranquila. — Pegou o livro que a menina tinha colocado na mesinha e entregou na mão da irmã. — Agora termina de ler isso de uma vez. 

— Se você não me der dez nesse trabalho haverá rebelião. 

— Se vocês se esforçarem, vão tirar dez, as duas são inteligentes. 

— Como você sabe quem é minha parceira? Eu não te disse o nome dela. 

— Entre Lua, Sophia e Mel, você jamais perderia a oportunidade de trazer a Sophia pra dentro dessa casa. 

— Tem razão, eu sou óbvia. — Deu risada e abriu o livro. — Me agradece depois. 

Último Ano do ColegialOnde histórias criam vida. Descubra agora