Capítulo 26
Durante aquela semana, Helena mal teve tempo para respirar. O trabalho a consumia, e quando Adrian ligava para sugerir saírem, ela recusava educadamente, sempre com a mesma desculpa de estar exausta. Adrian, por outro lado, não conseguia entender por que se sentia tão incomodado com as recusas. A cada "não" de Helena, ele sentia uma pontada de frustração, algo que não combinava com a lógica fria que sempre aplicara àquele acordo. Afinal, em poucos dias, estariam casados, e tudo se resolveria. Ou pelo menos deveria.
Adrian franziu o cenho enquanto pensava nisso. Por que estava tão abalado com a distância que ela colocava entre eles? O casamento seria apenas uma formalidade para atender às exigências de sua situação profissional e pessoal. Nada mais. Não havia emoções reais envolvidas. Ou será que havia?
Sentindo-se desconcertado, pegou o telefone e, sem pensar muito, ligou para a mãe. Talvez a visita à família o ajudasse a se reconectar com a lógica que sempre governara sua vida.
— Mãe? — disse ele, assim que ela atendeu.
— Adrian! Que surpresa, querido! — a voz suave e calorosa da mãe o acalmou instantaneamente.
— Tenho uma surpresa para você — ele respondeu, tentando soar casual, mas não conseguindo esconder um leve nervosismo. — Vou visitá-los esse fim de semana.
— Ah, que ótimo! Estamos ansiosos para te ver! — A alegria na voz dela era genuína, e Adrian sorriu.
Desligou o telefone, mas ainda sentia uma inquietação dentro de si. O que havia mudado? Por que a ausência de Helena começava a pesar mais do que o esperado?
***
Era o dia da viagem, e Adrian aguardava no estacionamento do aeroporto, tentando acalmar os nervos. Quando Helena apareceu, ele sentiu o ar faltar por um momento. Ela estava divina, com uma blusa solta que caía suavemente sobre os ombros e uma calça que delineava suas pernas perfeitas. A imagem fez com que um nó se formasse em seu pomo de Adão.
Ela sorriu para ele ao se aproximar, um sorriso que parecia desarmá-lo a cada vez. Adrian prendeu a respiração por um segundo, tentando ignorar o impacto que a presença dela tinha sobre ele. Cada passo que ela dava parecia ensaiado, o quadril balançando de uma forma que parecia intencional, embora ele soubesse que não era.
— Pronto para o fim de semana? — ela perguntou, com uma suavidade que só intensificava o efeito que causava nele.
— É... Claro — Adrian respondeu, um pouco desconcertado, mas tentando manter a compostura. — Você está... incrível.
Helena riu baixinho, mexendo nos cabelos.
— Obrigada. Achei que algo confortável seria o ideal para a viagem. E você, está ótimo como sempre.
— Não tão ótimo quanto você — ele murmurou, quase para si mesmo, mas Helena o ouviu, seu sorriso se ampliando um pouco.
Eles caminharam até a entrada do aeroporto. Ele fez o possível para afastar as memórias daquela tarde no estacionamento, quando a viu abrir o sobretudo e teve que lutar contra sua imaginação. Mas naquele momento, tudo o que queria era manter o controle.
Durante o trajeto, o silêncio confortável entre eles foi quebrado por Adrian.
— Eu... quero que você se sinta à vontade com minha família — disse ele, olhando para ela com sinceridade. — Sei que tudo isso é meio... repentino, mas eu vou garantir que tudo corra bem. Eles são pessoas incríveis.
Helena assentiu, parecendo um pouco pensativa.
— Vou fazer o meu melhor para que tudo dê certo, Adrian. Sei que é importante para você. Eu só espero que eles me aceitem, mesmo sabendo que o nosso... casamento não é exatamente tradicional.
Adrian encarou-a por um momento, sentindo uma leve dor no peito ao ouvir aquelas palavras. Ela estava certa, claro. Não era um casamento tradicional. Mas por algum motivo, a ideia de que aquilo não fosse real começava a incomodá-lo.
— Eles vão adorar você — ele garantiu, tentando afastar os pensamentos conflitantes. — Só relaxe e deixe as coisas fluírem.
Helena deu um sorriso leve, mas havia uma sombra de incerteza em seus olhos.
— Adrian? — ela o chamou de volta à realidade.
— Hum? Desculpe, estava distraído — ele disse rapidamente, tentando esconder seu desconforto.
— Está tudo bem? — ela perguntou com um sorriso brincalhão. — Você parece um pouco... nervoso.
Ele riu, tentando parecer despreocupado.
— Estou ótimo. Só... pensando na viagem.
Helena o observou por um segundo, claramente percebendo que havia algo mais, mas não insistiu. Mas ela preferiu não continuar a conversa e segurando a mão dele, encostou a cabeça na poltrona fechando os olhos.
Adrian sentiu o peso da mão de Helena suavizar ainda mais quando ela adormeceu profundamente. Ele observou os traços delicados dela, o jeito que os cabelos castanhos caíam suavemente sobre os ombros e o movimento suave de sua respiração. Ela estava tão serena e vulnerável naquele momento, algo que ele raramente via. Seu olhar desceu até o anel de noivado no dedo dela, um lembrete do contrato que os mantinha juntos, mas seus sentimentos eram cada vez mais confusos.
Ele acariciou suavemente o dorso da mão dela com o polegar, quase de maneira inconsciente, apreciando a suavidade da pele. Helena tinha uma beleza genuína, uma combinação de força e doçura que o intrigava e, mais recentemente, o atraía de forma que ele não conseguia ignorar. Aquele rosto que ele tantas vezes tentou manter distante de sua mente agora o dominava.
Seus pensamentos foram interrompidos pela chegada da aeromoça, que se aproximou de maneira educada, mas com um olhar que insinuava algo a mais.
— Boa noite, senhor Turner — disse ela com um sorriso suave. — Já escolheu o que gostaria de jantar?
Adrian levantou os olhos para ela, momentaneamente desconcertado pela interrupção. A aeromoça era jovem e atraente, mas naquele momento, ela mal passava de uma distração.
— Ah, sim... — ele começou, mas sua voz falhou ao olhar novamente para Helena, que continuava adormecida. — Para mim, um filé mignon ao ponto com legumes. E... ela — ele gesticulou para Helena, — provavelmente vai querer algo leve. Talvez uma salada com frango grelhado quando acordar.
A aeromoça assentiu, fazendo uma anotação rápida, mas antes de se afastar, ela lançou um olhar de interesse.
— Mais alguma coisa que eu possa trazer para o senhor? — ela perguntou, a voz ligeiramente suave demais.
Adrian franziu o cenho, percebendo o tom sugestivo. Ele balançou a cabeça, cortando qualquer outra tentativa de flerte.
— Não, obrigado. Isso será tudo por enquanto — respondeu, firme, com o olhar sério.
A aeromoça piscou e se retirou com um sorriso forçado, claramente entendendo a mensagem.
Adrian voltou sua atenção para Helena, que continuava em seu sono tranquilo. Ele soltou um suspiro longo, tentando afastar o que parecia ser uma corrente de pensamentos e emoções conflitantes. Mas cada vez mais se via pensando nela de uma forma que o deixava desconfortável e ao mesmo tempo fascinado.
Ele desviou o olhar para a janela, o céu escuro do lado de fora refletindo sua confusão interna. Era só uma questão de tempo até que tudo isso explodisse de uma maneira ou de outra.
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Casada Por Contrato com o CEO
RomanceIniciada em setembro de 2024. Adrian Turner, um CEO poderoso, precisa salvar sua empresa de um traidor oculto. Para isso, ele contrata Helena Vasquez, uma investigadora implacável, e propõe um casamento de fachada para proteger sua identidade. Enqua...