Capítulo 61

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Capítulo 61

Helena passou a semana toda focada, indo para a empresa de Adrian diariamente para revisar cada documento financeiro em busca de pistas dos desvios. Frustrantemente, ela ainda não havia encontrado nenhuma ligação direta com alguém específico, mas, como uma boa brasileira determinada, não desistiria até alcançar seu objetivo.

Durante um jantar, ela mencionou o quanto estava sendo cansativo equilibrar o trabalho na delegacia com a investigação na empresa, ainda mais enfrentando um trânsito intenso. Adrian ouviu atentamente e, no dia seguinte, a surpreendeu com uma nova moto.

— Para ajudar a economizar tempo e te poupar do trânsito — disse ele, entregando-lhe as chaves com um sorriso.

Helena ficou encantada. A partir de então, passou a ir todos os dias de moto para a empresa, aproveitando a liberdade e a agilidade que o novo meio de transporte lhe proporcionava.

Para sua surpresa, porém, alguns dias depois, ao chegar à empresa, Rafael, o assistente de Adrian, a chamou para mostrar algo.

— Senhora Turner, a imprensa parece estar... interessada em sua nova forma de chegar ao trabalho — disse ele, mostrando-lhe uma manchete em um dos sites de notícias.

Helena riu ao ver a foto: ela de couro preto sobre a moto. Os repórteres não pouparam comentários ousados e sugestões provocativas sobre a "mulher do CEO". As manchetes traziam frases como "A esposa do CEO deixa todos para trás com seu visual poderoso" e "Helena Turner: a policial que também domina as ruas".

Helena deu uma gargalhada e mostrou a Adrian quando entrou em sua sala.

— E agora, marido? Estou chamando mais atenção do que você — brincou, piscando para ele.

Adrian sorriu, encantado com a ousadia e o brilho nos olhos dela.

— Que assim seja. A imprensa que se acostume, porque você sempre vai ser a mais interessante.

Após um longo dia de revisão detalhada nos documentos da empresa, Helena finalmente tinha uma estratégia em mente. Agora, sua investigação tomaria forma com a análise dos funcionários com acesso mais direto às finanças, e seria cautelosa ao ligar os pontos e identificar quem realmente tinha oportunidade e motivo para os desvios.

Quando o relógio bateu às oito da noite, ela se espreguiçou, aliviando a tensão dos ombros e decidindo que o trabalho estava encerrado por hoje. Adrian estava em um jantar de negócios de última hora, então, ao invés de esperar por ele, resolveu ir direto para casa.

Helena pegou o capacete e as chaves da moto, vestiu a jaqueta de couro e seguiu pelos corredores em direção ao elevador. Ao caminhar pelos corredores da empresa quase vazia, cruzou com um funcionário que, claramente, estava fazendo hora extra. Ele a olhou com um ar de surpresa e um misto de curiosidade e admiração, aparentemente, ele não sabia exatamente quem era a mulher de expressão determinada que caminhava confiante e de couro preto.

Os olhos do homem não conseguiram desviar da presença marcante de Helena, mas, no instante em que ela entrou no elevador e as portas se fecharam, ele soltou o ar que nem percebera estar prendendo.

Helena, sem notar a atenção que havia atraído, respirou fundo, satisfeita com o progresso do dia e focada em seus próximos passos.

Ela aproveitou os segundos de descida no elevador até o subsolo para ajustar o capacete e fazer uma última verificação de suas armas dissimuladamente escondidas na jaqueta de couro. Quando as portas do elevador se abriram, ela saiu com passos firmes, em direção à sua moto estacionada um pouco à frente.

De repente, um barulho seco e abafado ecoou à sua esquerda. Helena parou bruscamente e, instintivamente, colocou a mão sob a jaqueta, pronta para qualquer situação. Ela girou levemente a cabeça, os olhos varrendo o ambiente de forma analítica, buscando qualquer movimento suspeito. Tudo parecia calmo, mas sua intuição dizia o contrário.

Franzindo o cenho, ela manteve a respiração controlada e deu alguns passos cautelosos na direção do som. Olhou em volta, verificando as sombras projetadas no estacionamento vazio. Talvez fosse apenas um som mecânico ou alguma porta se fechando, mas seu instinto a alertava de que algo estava fora do lugar.

Após alguns segundos em que tudo permaneceu em silêncio, Helena relaxou um pouco, mas continuou alerta. Decidiu que, ao chegar em casa, contaria o ocorrido a Adrian e tomaria mais precauções, afinal, estava lidando com pessoas dispostas a roubar e, possivelmente, a acobertar o desvio de uma grande quantia. Dando uma última olhada ao redor, ela montou na moto, ligou o motor e acelerou para longe do prédio, o som da moto preenchendo o estacionamento.

Helena dirigia pelas ruas escuras em direção à mansão Turner, a adrenalina a mantinha alerta. De repente, um impacto forte atingiu seu ombro, causando uma dor aguda que irradiava por todo o seu corpo. A sensação de queimadura que se espalhou pela pele a fez perceber que havia levado um tiro. O coração acelerou enquanto ela olhou para o retrovisor, vendo uma sombra se aproximando. Instintivamente, acelerou mais, forçando a moto a alcançar uma velocidade maior.

Com a visão embaçada pela dor, ela agarrou firme o guidão e, em um movimento rápido, olhou para o celular conectado à moto. Com um toque, ligou para seu chefe, que atendeu quase de imediato. A voz casual do chefe rapidamente se transformou em preocupação ao perceber o tom alarmado dela.

— Me mande sua localização, Helena! Ligue o rastreador. Estarei com você o tempo todo — ele disse, sua voz agora carregada de urgência.

Enquanto ele falava, tirou o telefone do ouvido e começou a dar ordens para os carros da polícia se deslocarem para ajudá-la. Richard, seu ex, imediatamente se moveu junto com os colegas, preparado para agir. O comandante voltou a colocar o telefone no ouvido.

— Provavelmente vão te alcançar. Você consegue, é uma das melhores do meu grupo. Mantenha a calma. Força policial!

— Sim, senhor! — Helena respondeu, tentando manter a voz firme, mesmo com a dor pulsando intensamente no ombro.

Ela aumentou a velocidade, focando em cada curva da estrada, o vento frio batendo no capacete embaçando um pouco a viseira. Sua mente corria enquanto ela pensava em como poderia se proteger. O rastro de luzes vermelhas que piscavam atrás dela sinalizava que seus perseguidores estavam mais perto. A determinação a impulsionava; não era a primeira vez que enfrentava um desafio e não seria a última. Com a ajuda do chefe e sua equipe, ela sabia que tinha uma chance de escapar.

— Helena, ative o rastreador agora! — ordenou, a preocupação em sua voz se intensificando.

Ela rapidamente seguiu suas instruções, ligando o rastreador do celular. A ideia de que a polícia estaria em seu encalço a fez sentir um pouco mais segura, mas a dor ainda a atormentava. Com um último olhar para o retrovisor, viu uma silhueta ameaçadora se aproximando.

— Não vou deixar que me peguem! — murmurou para si mesma, enquanto se concentrava na estrada à frente, decidida a fazer o que fosse necessário para se manter a salvo.

Casada Por Contrato com o CEOOnde histórias criam vida. Descubra agora